Vi a eternidade
Vi a eternidade em teus lábios
desenhando pombas
e descíamos degraus de água através de
facas em flor
a tarde era azul e havia um punhal de
luz
cravado na sombra de um muro
abandonado pelas palavras
vi ainda círculos de chuva depositando
trevas
em máquinas de inocência e ervas
húmidas
e pousavam em teus cabelos de sangue
fendidos pela solidão do vento e por
relâmpagos
às vezes ouço o sino triste das aves
em âncoras de ouvidos e árvores de
dolência
e sei que é o grito das acácias em
amargas sílabas
descalças
maria azenha
2013- 03- 09
Nota: Eu julgo que já encontrei, a propósito de outros poemas, a expressão apropriada para classificar a poesia de Maria Azenha, e que, aqui, em "Vi a eternidade", atinge o esplendor do sublime: densidade poética.
Maria Azenha inventa novas formas de lirismo, com as palavras, num criativo jogo metafórico, a submergirem o leitor num mundo de novas sensações.
1 comentário:
Belíssimo!
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