Pela primeira vez encerraram mais empresas do que abriram
Em 2012 e pela primeira vez em Vila Real, o número de
empresas dissolvidas foi superior às constituídas ao longo do ano, com 99
negócios a abrir contra os 119 que fecharam portas, segundo a Associação
Empresarial.
"Atingimos um ponto de viragem, que nos dá uma ideia de
que as pessoas perderam a esperança e a força na criação de novas
empresas", afirmou hoje à agência Lusa Luís Tão, presidente da Nervir -
Associação Empresarial.
Em 2012, o saldo foi negativo pela primeira vez em Vila
Real. No ano passado, foram criadas 99 empresas, mas fecharam 119, a maior
parte das quais da área dos serviços como restaurantes, cafés, sapatarias ou
lojas de roupa.
*
Menos nascimentos no distrito de Bragança
Já
nos primeiros dois meses deste ano nasceram, apenas, 76 bebés no distrito de
Bragança.O director clínico da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste,
Domingos Fernandes, acredita que esta tendência pode estar a relacionada com a
crise.“Há algum decréscimo no que diz respeito ao ano passado.
Tivemos
550 nascimentos, o que representou algum decréscimo em relação ao período
homólogo de 2011. Temos uma população que está cada vez mais envelhecida e isso
repercute-se numa redução da natalidade.
Não
nos podemos esquecer também que estamos a atravessar um período de crise que
está associado a uma redução da natalidade só por si”, justifica Domingos
Fernandes. Das 550 crianças que nasceram no ano passado 42 por cento foram
cesarianas.
Um
número superior à média nacional, que a ULS do Nordeste está a tentar baixar de
acordo com as recomendações do Ministério da Saúde.“De 2011 para 2012 houve uma
redução de cerca de 3 por cento, mas mais importante do que isso é que nos
primeiros dois meses deste ano vamos com 37 por cento, o que significa uma
redução de cinco pontos percentuais em relação ao ano passado, o que significa
que estamos com uma tendência decrescente do número de cesarianas nesta ULS”,
sustenta o director clínico.
Domingos
Fernandes justifica esta percentagem de partos por cesariana com o facto de
existir apenas uma maternidade para um distrito tão extenso.
“Penso
que o que está na génese deste número terá um pouco a ver com o nosso distrito
muito disperso, com apenas uma maternidade para cerca de 40 por cento da região
Norte”, realça Domingos Fernandes.
A
crise a contribuir para a diminuição do número de nascimentos no distrito de
Bragança.
***«»***
A avalanche emigratória dos anos sessenta do
século passado desvitalizou Trás-os-Montes, a província mais pobre do país. A
interioridade e o isolamento ditaram-lhe o atraso estrutural, o que limitou o
seu desenvolvimento económico. Quando chegaram as auto estradas do progresso,
já não havia população ativa suficiente para agarrar as alavancas do
desenvolvimento e desbravar o futuro. Com o mundo rural a sobreviver com uma
população idosa e pobre, a taxa de natalidade tem vindo a decrescer
progressivamente, desde há mais de quarenta anos. Existem aldeias que festejam
com foguetes o nascimento de uma criança, tal é a raridade deste fenómeno
biológico. A atual crise e as políticas recessivas acabarão por completar a
desertificação desse mundo rural, indispensável à coesão do tecido social e
económico do território. Daqui por vinte ou trinta anos, a província onde eu
nasci, será um cemitério de ruínas de aldeias desertas e terá apenas uma dúzia
de centros urbanos, alicerçados no setor terciário, cercados por um imenso
matagal, entregue aos lobos e aos javalis. Talvez Trás-os Montes venha a ser uma enorme
coutada para a caça grossa.
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