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domingo, 10 de março de 2013

Portugueses rejeitam cortes na Saúde, Educação e SS

Os portugueses acham que o Governo se prepara para cortar na Saúde, Educação, Segurança Social e Defesa, mas por eles os cortes de quatro mil milhões de euros seriam feitos nas parcerias público privadas (PPP), juros da dívida e Defesa. Mais: Saúde, Educação e Segurança social são as áreas onde menos se deve cortar, de acordo com o barómetro de fevereiro de 2013 do CESOP/UCP, para o DN, JN, Antena 1 e RTP.
O apoio aos cortes nestas três funções sociais do Estado - que o Governo elegeu como prioritárias na redução de despesa a apresentar à troika na sétima avaliação, que decorre atualmente - é ínfimo entre os inquiridos do barómetro. Apenas 1% dos portugueses na Educação e Saúde, e 5% na Segurança Social, gostariam de cortar aí se a decisão fosse deles. E para 10% também já se atingiu o limite, ao recusarem que haja mais cortes (há 2% que pensa que o Governo acabará por não fazer cortes).
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Se há alguma coisa em que os portugueses têm uma opinião unânime, é a ideia de que o Estado Social deve ser preservado a todo o custo e não ser objeto das políticas de austeridade, planeadas pelo atual governo.
Na memória de muitos portugueses, principalmente na dos mais idosos, ainda persiste a imagem do que eram as políticas sociais antes do 25 de Abril. Os serviços médicos das célebres caixas de previdência eram um arremedo da prática da medicina, em que o médico nem sequer olhava para a cara do doente, como se dizia à época, ironicamente. As Misericórdias, ainda com uma estrutura e mentalidade medievais, encaravam os cuidados de saúde numa perspetiva assistencial e caritativa. Os serviços de Educação encontravam-se reduzidos a um minimalismo aviltrante, com a analfabetismo a rondar os oitenta por cento da população e o ensino secundário e universitário reservado apenas à classe média alta. As escolas comerciais e industriais eram reservadas para os alunos de famílias com menores recursos financeiros. Grande parte da população, principalmente a do mundo rural, estava afastada do sistema de reformas. E será este o quadro que se perfila no horizonte, se o governo conseguir impor um corte permanente de quatro mil milhões de euros nos três pilares do Estado Social, institucionalizado depois da revolução de Abril, e que teria consequências desastrosas, não só no bem estar da maioria da população, mas também nos graves reflexos no desenvolvimento do país. Portugal poderia vir a viver sem défice orçamental e com a Dívida Pública controlada, mas, com toda a certeza, cairia irremediavelmente para o patamar do subdesenvolvimento, da miséria estrutural e da agudização das desigualdades sociais. 
Se o povo português não conseguir inverter o curso desta gravosa política de austeridade, de resultados incertos e duvidosos, Portugal virá a ser, a partir da próxima década, um país do Terceiro Mundo à beira mar plantado. 

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