O alfaiate enganou-se nas medidas... |
A
ICAR está obsoleta
A Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), incapaz de inovar, para manter fiel
a clientela, regressou aos velhos truques numa sociedade alfabetizada. Os
milagres, o aparecimento da Virgem (a obsessão pela virgindade é
esquizofrénica) a uns pobres de espírito a quem transmite recados do divino
filho, visitas do Cristo, ele próprio, a uns inocentes a quem faz pedidos
patetas e um ror de prodígios capaz de adormecer crianças e imbecilizar
adultos, são os truques em que reincide para manter a clientela e alargar a
base de apoio.
Nem
lhe ocorre encomendar hóstias com sabores às pastelarias diocesanas, perfumar a
água benta com aromas testados à saída da missa pela pituitária dos devotos,
temperar a água com que batiza as crianças, evitando o choro e o resfriado, ou
inovar a música e ir além do cantochão. Até os chocalhos que anunciam a viagem
da hóstia, rente ao sacrário, estão desafinados e distorcem o som com o verdete
acumulado.
O
passado pouco recomendável de papas, bispos e padres não ajuda à propagação da
fé e à frequência do culto. O livro de referência - a Bíblia - tão arcaico e
cruel, tão cheio de incoerências e maldições, não prestigia Deus nem facilita a
vida ao clero.
Que
resta, pois, à ICAR, perdido o medo do inferno, desinteressados homens e mulheres
do destino da alma, incapaz de conter o consumo de carne de porco à
sexta-feira, sem clientes para a compra de bulas e com o dízimo caído em
desuso?
Cada
vez se encontra em maiores dificuldades para introduzir no código penal o
pecado como crime. Não consegue para os pecados veniais uma simples coima nem
para os mortais uma pena de prisão. A blasfémia é ignorada em juízo, o divórcio
é facilitado e o adultério deixou de interessar ao Estado. Apenas o aborto
consegue ainda, em países de forte poder clerical, devassar a vida íntima das
mulheres e submetê-las ao vexame de um julgamento e ao opróbrio da prisão. Até
a apostasia, uma abominação para os pios doutores da ICAR, é uma prática com
popularidade crescente e um direito inalienável.
Assim,
resta à ICAR vociferar contra o preservativo, atirar-se à pílula como S. Tiago
aos mouros e execrar a investigação em células estaminais. Já poucos lhe ligam
quando apostrofa a eutanásia, afronta a proibição do ensino da religião nas
escolas do Estado ou injuria os casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Os
últimos padres vão enegrecer ao fumo das velas, abandonados pelos crentes,
impedidos de ter uma companheira que lhes alivie a solidão, enquanto os bispos
e o papa satisfazem o narcisismo com a riqueza e o colorido dos paramentos.
Acabam por descrer da virtude da Igreja, da bondade do seu Deus e a renunciar à
salvação da alma.
Resta-lhe
a festa do novo Papa, onde os crentes veem virtudes e os hereges procuram
nódoas do passado.
Carlos Esperança
Presidente da Direção da Associação Ateísta Portuguesa
2 comentários:
Esperança: Ia-me mijando a rir (desculpem o calão)!
"Nem lhe ocorre encomendar hóstias com sabores às pastelarias diocesanas, perfumar a água benta com aromas testados à saída da missa pela pituitária dos devotos, temperar a água com que batiza as crianças, evitando o choro e o resfriado, ou inovar a música e ir além do cantochão. Até os chocalhos que anunciam a viagem da hóstia, rente ao sacrário, estão desafinados e distorcem o som com o verdete acumulado".
Esta passagem está divinal (divinal porque até o divino vai mijar-se a rir). Só não concordo contigo em relação ao dízimo. A igreja não prescindiu dessa fonte de receita, só que a cobra de uma outra forma. A fábrica de Fátima vende os milagres com pré-pagamento e sem prazo de entrega do serviço, e são milhões o que os peregrinos deixam nos cofres do santuário, assim como são milhões as receitas do tributo que os comerciantes têm de pagar, por venderem as suas mercadorias e os seus serviços à custa da Fé. O santuário de Fátima é a grande teta onde a Santa Madre Igreja bebe o leite. Benzido, claro!...
E este dinheiro,o dos milagres de Fátima, vai todo para o Vaticano. Eu não sei como este papa Francisco vai conseguir viver na pobreza, que tanto reclama! O Gaspar é que podia lançar-lhe um pesado imposto para o empobrecer, mas acredito que este mago das Finanças já está arrumado, pois agora os que o aplaudiram já estão a morder-lhe as canelas.
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