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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

E ainda há quem diga que a leitura não dá prazer!...

Para onde vai a economia portuguesa?


O retrato não é animador. As empresas ainda
não estão a investir, o desemprego continua
a aumentar e o consumo privado teima em cair.
E a situação só tenderá a alterar-se a partir
de 2012.
As conclusões são do estudo Eurozone Forecast,
da Ernst & Young, que hoje está a ser apresentado
a nível europeu e que aponta para que a economia
portuguesa tenha regressado à recessão no segundo
semestre.
PÚBLICO
***
Na minha nota de rodapé de 23 Abril, a propósito da aprovação das medidas de austeridade, consignadas no PEC, escrevi o seguinte: "E a pergunta que se coloca inevitavelmente é esta: o que iremos fazer em 2013 com a economia, sabendo que o paradigma em que assentou o desenvolvimento económico do país nos últimos trinta anos se encontra completamente esgotado?". As conclusões do estudo Eurozone Forecast, da Ernst & Young, vêm dar a resposta correcta à pergunta então colocada. A economia portuguesa irá ressentir-se gravemente, já que o governo, que não fez o trabalho de casa em devido tempo, está a comprometer o crescimento de dois importantes pilares do sistema económico, cujas variáveis servem de referência para o cálculo do PIB - o investimento privado e o consumo interno. O aumento brutal do IVA, o imposto mais perverso e mais estúpido do sistema fiscal, já que não é equitativo, irá provocar enormes estragos no tecido produtivo do país. A diminuição do poder de compra da população, já de si precário ao nível das classes menos favorecidas, vai determinar a falência de muitas pequenas e médias empresas e o consequente aumento do desemprego, o que, pelo efeito de ricochete, mais pressão irá provocar sobre o consumo.
Perante esta negra perspectiva, dominada por um dramático clima de incerteza, também os investidores privados adiarão os seus projectos e os seus investimentos, o que se reflecte negativamente na oferta de novos postos de trabalho.
E a pergunta continua a ser esta: Para onde vai a economia portuguesa?

http://economia.publico.pt/Noticia/portugal-arrisca-um-regresso-a-recessao-no-final-do-ano_1458750

Um Poema ao Acaso: Auto-retrato com fantasmas e mamíferos

Auto-retrato com fantasmas e mamíferos
.
Eu e tu: o resto são fantasmas. Fábricas de lençóis aflitos. Empresas
inadequadas ao mundo visível. A disfunção eréctil da promessa de
aparição.
A sociedade aquosa e secreta dos fantasmas. Espécie de produto
catabólico do omisso, que é o distintivo do amor e a pistola
impalpável do mortal, que por mais amar o próximo se tornou
efectivamente longínquo.

A casa deserta, continuamente adiada, sem episódios de maior
relevo ou directrizes. Horas mais que malignas escoam do espaço
interior a sua manutenção inevitável. A invertebrada mobília da
noite. Os moluscos da insónia. A escuridão adesiva. O silêncio
adesivo. A música da água morta nas canalizações. Passos
imperceptíveis, dados em falso num plano sem gravidade nem
resolução.
Tudo parece evitar-se a custos baixíssimos. Um aquário cheio de
instantes destruídos, adaptados entretanto com as guelras da
memória vã.

Eu e tu, dois mamíferos elegantemente despidos, maravilhados com
as suas imperfeições ideais.
A luz da Lua que atravessa o postigo e descola imagens e desloca
olhares. Técnicas nulas e mistas para acender a audácia,
para ascender à audácia, como se estivéssemos mergulhados na pré-
historia do ânimo e do aviso, no futuro trémulo da hesitação.
E no entanto, passeiam-se à nossa volta as formas plenas da
desobediência em lingerie, influentes flores do interlúdio, os
dejectos delicados da insensatez que já não nos assustam com a sua
epilepsia mordaz.

André Domingues
(Do Amor Mau)

domingo, 26 de setembro de 2010

Farmville: Pensado para viciar, garante especialista

O Farmville é um verdadeiro engodo, assim como a filosofia que enforma o Facebook. Como diz este especialista da Universidade do Minho, que o Expresso entrevistou (ver ligação), o jogo apenas se destina a fidelizar os aderentes. Eu acrescentarei que existe naquele jogo a técnica manipulatória da infantilização, habilmente concebida para sublimar o desejo, que cada ser humano manifesta inconscientemente, de regressar aos tempos da infância, ou, pelo menos, de recuperar ludicamente a sua respectiva memória.
O próprio Facebook também utiliza várias técnicas para que a rede se multiplique em cascata.
Eu aderi com relutância ao Facebook, apenas para ser simpático para quem me convidava, mas rejeitei sempre, por higiene mental, corresponder às solicitações para aderir ao Farmville ou a qualquer outro jogo.
Acautelem-se os entusiastas do Facebook, pois as vossas mensagens podem acabar por chegar aos destinatários menos desejáveis ou aos mais inconvenientes. Já ocorreram, naquele mundo fantasiado e travestido de um enganador poder virtual, muitos amargos de boca e muitos dissabores. Não tardarão a surgir estudos sociológicos e investigações jornalísticas sobre esta matéria.
http://clix.expresso.pt/farmville-pensado-para-viciar-garante-especialista=f605434

É essencial continuar a apoiar o mercado de trabalho, segundo o FMI e a OIT


“Se os efeitos das recessões do passado
servirem de guia, estes desenvolvimentos
[no mercado de trabalho] podem ter um
custo humano pesado.
Para os que ficam desempregados pode ser
uma perda permanente no rendimento, uma
redução da esperança de vida, e piores
resultados académicos e salariais para os seus
filhos. Além disso, o desemprego deverá
provavelmente afectar as atitudes de forma a
reduzir a coesão social, um custo que permanecerá”.
Do Relatório Conjunto FMI/OIT (Setembro 2010)
***
No mundo, existem actualmente 210 milhões de desempregados, o que revela a extensão e a profundidade da actual crise, que agora já começa a ser entendida na sua verdadeira dimensão. Hoje, já ninguém se atreve a dizer que ela era conjuntural e que afectava apenas o sector financeiro, ignorando que a origem teria de ser encontrada no funcionamento da economia, cujo paradigma se alterou com a globalização.
O relatório das duas agências da ONU dá grande ênfase ao forte crescimento verificado no desemprego de longa duração, entre os jovens, e aponta o perigo que essa realidade pode provocar no futuro, a nível económico e social (mais pobreza, mais exclusão social e uma maior conflitualidade, que, nalguns casos, pode ser explosiva). Daí a necessidade dos governos manterem os apoios ao desemprego e à criação de emprego, tarefa que vai tornar-se muito difícil no actual contexto económico e financeiro.
O relatório não se esqueceu de referir Portugal, como um dos países que mais foi afectado pelo desemprego estrutural e um dos poucos que, erradamente, começou a retirar os apoios públicos aos desempregados e à criação de novos postos de trabalho.

Compensa não ter tomates...



Imagens enviadas pelo amigo João Fráguas

Adeus (Palavras Gastas) – Eugénio de Andrade (declamado)


Para ler o poema (em português ou castelhano), acompanhando a sua audição: http://opoemaquehojepartilhariacomvoces.blogspot.com/

sábado, 25 de setembro de 2010

Madredeus - A Vaca de Fogo

Há-de flutuar uma cidade no crepúsculo da vida – Al Berto (poema declamado)



Al Berto foi um dos poetas mais influentes do último quartel do século passado. É o poeta que, na poesia portuguesa, melhor interiorizou a tristeza. Ele próprio, foi um homem triste, como se carregasse aos ombros toda a angústia humana.
Conheci-o na editora/livraria Assírio & Alvim, aqui bem perto da minha casa, que lhe editou a maior parte da obra. Sóbrio nas palavras e nos gestos, era nos olhos que se concentrava toda a sua energia comunicativa. A fama nunca lhe subiu à cabeça, e a sua humildade tinha a força abrasadora dos fortes, à qual nenhm interlocutor resistia..
Estudou Belas-Artes, em Lisboa e Bruxelas, e os seus conhecimentos de pintura eram vastíssimos, ao ponto de ter sido convidado para escrever os textos das obras sobre pintura, que a Assírio & Alvim publicava em luxuosas edições. Mas até na prosa, a palavra que lhe saía da caneta era a da poesia, o que, diga-se em abono da verdade, ampliava a compreensão da natureza da pintura.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O ridículo mata!...


Quando passar numa das principais artérias da cidade de Lamego, não vai precisar de muita atenção para esbarrar numa original placa. Não se trata de um escritório de advogado, ou um consultório médico, nem mesmo de um gabinete de contabilidade, mas sim da novíssima profissão liberal de, imagine lá... deputado!! A mediocridade não enxerga além de si mesma, já dizia Doyle e, antigamente este tipo de pessoas recebiam apropriado adjectivo mas hoje, ainda que tal aconteça pouco lhes importa... já perderam a noção do ridículo e a vergonha!
Enviado pelo João Fráguas
***
Portugal sempre foi pacóvio e parolo. Neste caso, a ostentação é ridícula, mas eu julgo que a atitude deriva da nova cultura, reinante nas cúpulas do Partido Socialista, e que foi introduzida há uns anos atrás pelos aventureiros da política.
Lamego, a minha cidade, a cidade onde estudei, é pródiga em parir deputados, que se celebrizaram pelo ridículo. Há uns anos, Natália Correia vergastou com um poema satírico um deputado, também ele de Lamego, que, num discurso na Assembleia da República, para gáudio do país, defendia a cópula só para fins reprodutivos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Carlos Dias, pela sua decisão de se inscrever como seguidor deste blogue.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Delitos papais. A vida sexual nada santa dos papas



Na história da Igreja há Papas violadores, homossexuais,
fetichistas, incestuosos e até zoofílicos.
São mais de 300 páginas com centenas de histórias pouco
santas sobre a vida sexual dos Papas da Igreja Católica.
O livro do jornalista peruano Eric Frattini, recém-chegado
às livrarias portuguesas e editado pela Bertrand, percorre,
ao longo dos séculos, a intimidade secreta de papas e
antipapas, mas não pretende causar "escândalo". Apenas
"promover uma reflexão sobre a necessária reforma da
Igreja ao longo dos tempos".
O escritor admite, aliás, que alguns dos relatos possam ter
sido inventados, nas diferentes épocas, por inimigos políticos
dos sumos pontífices. Lendas ou verdades consumadas, no
livro "Os Papas e o sexo" há de tudo. Desde Papas violadores
e zoofílicos a Papas homossexuais e fetichistas, além de Santos
Padres incestuosos, pedófilos ou sádicos, passando por Papas
filhos de Papas e Papas filhos de padres.
Jornal "i"
***
A história dos Papas é a história da infâmia e do crime. Os escândalos sexuais praticados pelos representantes de deus, mataram o próprio deus, se é que ele, realmente, alguma vez existiu. O opróbrio manchou irremediavelmente as paredes do Vaticano. Não admira, pois, que a igreja católica esteja pejada de padres pedófilos, que passaram impunes à justiça canónica e à justiça secular. A ignomínia chegou ao ponto de ter existido um Papa,Urbano II, que criou uma lei que permitia aos padres terem amantes, desde que pagassem um imposto.
http://www.ionline.pt/conteudo/78038-delitos-papais-vida-sexual-nada-santa-dos-papas

LUZ CASAL- BESARE EL SUELO POR TI

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quanto mais se afia, mais se gasta...

Neste tipo de relação é sempre o lápis que se lixa. Por vezes, custa muito mantê-lo bem afiado, para garantir a excelência do seu desempenho!

Momentos - Uma história sem palavras

Um filme de Nuno Rocha

Numa noite normal com o passado largado da memória, um homem reencontra, no lugar a que chama casa, lembranças de um tempo que viveu. Fragmentos de pura felicidade e instantes de sublime partilha, surgem como apontamentos de esperança de um presente que não voltará a ser o mesmo.

Enviado pelo amigo João Fráguas

domingo, 12 de setembro de 2010

Advogados oficiosos processam Estado por atrasos no pagamento de honorários

Os advogados oficiosos processaram o Estado
por causa dos atrasos no pagamento dos honorários,
que estão por processar desde Abril, anunciaram hoje
em comunicado.
“Os advogados que exercem no âmbito do Acesso ao
Direito colocaram o Estado em Tribunal com o objectivo
de verem pagos os honorários que se encontram em
atraso desde pelo menos o mês de Abril”, lê-se na nota.
De acordo com o comunicado, estão nessa situação
“cerca de 9100 advogados”.
PÚBLICO
***
Os atrasos do Estado no pagamento aos seus fornecedores de bens e serviços não é um problema de hoje. É um cancro que se desenvolve há muito tempo, aumentando todos os anos, e que, neste momento de crise, se agrava dramaticamente.
Além de reflectir uma grande falta de respeito pelos credores e um mau exemplo para os cidadãos, este comportamento revela a grande falta de sensibilidade dos governantes para com as dificuldades daqueles que trabalham para sobreviver dignamente. Todos esses credores, para produzirem os bens e serviços que vendem ao Estado, contraiem obrigações perante terceiros, e, por vezes, o incumprimento do Estado obriga-os também a transferir esse incumprimento para terceiros. O processo dinamiza-se e dá origem à multiplicação exponencial da dívida rolante. Prosaicamente, poderá dizer-se que metade do país deve à outra metade, ou, se quisermos ser mais rigorosos, seria apropriado afirmar que Portugal é um país em que a maioria dos cidadãos são credores durante a manhã e devedores durante a tarde. À noite dormem, para descansar, excepto aqueles que têm insónias por causa das dívidas.
No caso destes nove mil advogados, que estão no princípio da sua carreira, o Estado, pedagogicamente, vai-lhes ensinando que o incumprimento das dívidas é um problema menor num Estado de Direito. Com um Estado caloteiro, governado por dirigentes políticos desonestos, o país não conseguirá sair do marasmo em que se encontra. É urgente, se ainda formos a tempo, recuperar a dimensão ética da arte de governar, para que a sociedade possa ter referências mais sólidas e mais dignificantes.

Uma questão jurídica complicada*

Clicar na imagem para a ampliar



Isto é uma "violação estatu(t)ária" ou...
um "engano monumental"?!
* Enviado pelo amigo João Fráguas

sábado, 11 de setembro de 2010

16 Girls + 1 Bicycle = Awesome

Vídeo enviado pelo amigo João Fráguas

Se quisesse ser sarcástico, eu poderia dizer que estas rapariguinhas apenas podem comer meia tigela de arroz por dia, para que a bicicleta possa aguentar o peso de todas elas. Prefiro, no entanto, sobrevalorizar o facto de ter sido na antiga União Soviética e na China que as artes circenses ganharam o estatuto cultural e social, a que tinham direito.

O Mundo a seus pés!...

Clicar na imagem para a ampliar
Ordem, disciplina, rigor e uma rasante uniformidade constituem a imagem de marca da China. Nós, ocidentais, somos confrontados com a determinação e a pujança de um povo que quer ultrapassar o silêncio de séculos. Olha-se a fotografia e parece-nos que aqueles militares não têm tempo para fazer mais nada. Mas, na verdade, eles fazem tudo que lhes compete fazer. Como qualquer chinês. Uma nova filosofia de Estado e de sociedade está a nascer naquele país. Quem ainda estiver por cá, daqui a trinta anos, vai compreender melhor o que quero dizer.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

PORTUGAL, UMA PRAÇA PARA O MUNDO - Filme que está a ser exibido no pavilhão de Portugal, em Shanghai

PORTUGAL, UMA PRAÇA PARA O MUNDO from Anze Persin on Vimeo.

Enviado pelo amigo João Fráguas

***

Uma pirosada. Só faltou aparecer o Fernando do FCP, por detrás dos figurantes, a mostrar a dentadura nova. Também se esqueceram do Santana Lopes, para completar o trio dos três mosqueteiros da política portuguesa. Um finalista do curso de cinema teria feito melhor.

Padre detido no Brasil com sete mil euros nas cuecas


Monsenhor Abílio Ferreira da Nova, natural da Póvoa
de Varzim, foi apanhado no aeroporto com 52 mil euros
escondidos na mala, meias e até cuecas. Denúncia alertou
polícia.
Diário de Notícias
***
O Divino Espírito Santo, por vezes, distrai-se e deixa-se apanhar em flagrante! Falta saber se as cuecas do padre estavam lavadas, uma vez que o dinheiro suja.

Gopak (Hopak) - Igor Moiseyev ballet

Enviado pelo meu amigo João Fráguas

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Notas do meu rodapé: É a economia, estúpido!...


Fich vê uma possível nova recessão como maior risco para o défice do Estado

A agência de notação de risco (rating) de
crédito Fitch considera que o principal risco
para as contas públicas portuguesas é o de
uma nova recessão, e que o país tem
pouca margem para falhar as metas do défice,
que considera credíveis.
A agência divulgou hoje no seu site um
relatório especial sobre a dívida soberana da
zona euro, intitulado “Fiscal Consolidation
Yet To Begin In Earnest”, onde diz que
Portugal tem pouca margem de manobra
orçamental devido às suas perspectivas de
crescimento serem menores que as dos
restantes membros da UE e por ter um PIB
baixo e que foi por isso que em Março reduziu
para AA- a nota de risco de incumprimento
da dívida nacional, apesar de o país não ter
sido afectado desproporcionadamente pela
recessão global.
PÚBLICO
***
Já aqui afirmámos que a redução do défice orçamental para os níveis exigidos pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) não se revelava difícil para o governo. Bastava cortar na despesa e aumentar os impostos. Só que os cortes da despesa do Estado privilegiaram o sector social, principalmente os desempregados e os cidadãos mais frágeis da sociedade, em vez de se focalizar na sua despesa primária. Continuamos a ter um Estado gordo, pesado e esbanjador. Mas, tal como também já afirmámos por diversas vezes, e que as agências de rating e os investidores nos títulos da dívida soberana também sustentam, Portugal defronta-se com o problema maior de resolver a insuficiência estrutural da sua economia, que adormeceu à sombra, no tempo das vacas gordas, das exportações para a UE e que nunca se adaptou ao paradigma da globalização.
Só o governo de José Sócrates embandeirou em arco com o tímido aumento do PIB nos dois trimestres deste ano, que à luz da estatística não revela nenhuma tendência consolidada de crescimento da economia. O ligeiro optimismo, que a taxa da variação homóloga do PIB revelou nos dois trimestres deste ano, desvanece-se com a leitura dos números da respectiva variação em cadeia, que se ficou pelos 1,1% no 1º trimestre e pelos 0,3% no segundo trimestre, valores estes muito insuficientes para repor o grande trambolhão do 2º e 3º trimestres de 2009.
Mas, se a procura interna aumentou, com o aumento do consumo das famílias e do Estado, muito à custa da venda dos automóveis, como consta no boletim do INE, o investimento continua em terreno muito negativo. E o investimento é o sangue do crescimento da economia no futuro.
Afirma o INE: "No 2º trimestre de 2010, o Investimento apresentou uma diminuição em termos homólogos de 3,8%, variação próxima da verificada no trimestre anterior (-3,5%). A FBCF total diminuiu 4,6% em volume no 2º trimestre de 2010, o que compara com a variação de -2,3% observada no trimestre anterior". Com estas quedas do investimento e da Formação Bruta de Capital Fixo não é de estranhar que as perspectivas de crescimento nos próximos anos sejam sombrias e duvidosas, tal como as agências de rating afirmam.

O nacional-facilitismo na Universidade



Uma perigosa reaccionária
.
Uma professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa ficou sem a regência de duas cadeiras por ter chumbado mais de 50% dos alunos. O motivo invocado pelo Departamento de Química da Nova para a punição não deixa dúvidas: "Aumento súbito do insucesso escolar". Desde que, no sistema educativo português, foi consagrado entre os direitos, liberdades e garantias fundamentais o direito ao sucesso escolar, quem se meta entre um aluno e o diploma a que tem direito (atrevendo-se, como no caso, a dar notas negativas em exames finais) é culpado do pior dos crimes, o de terrorismo anti-estatístico. Se o futuro licenciado sabe ou não sabe alguma coisa (ler, escrever e contar, por exemplo), é irrelevante; o país, as estatísticas e as caixas dos supermercados precisam de licenciados. Foi isso que a professora da Nova não percebeu. Arreigada a valores reaccionários, achava (onde é que já se viu tal coisa?) que "um aluno só merece 10 valores se adquiriu as competências mínimas nas vertentes teóricas e práticas da disciplina". Campo de reeducação em Ciências da Educação com ela.
.
Comentário: A cultura do nacional-facilitismo instalou-se em todo o sistema de ensino. Além de ter, no futuro, de pagar com juros a dívida soberana, preocupantemente a crescer todos os dias, esta geração de alunos, que não tem culpa, também irá pagar a sua ignorância e a sua falta de competências.
Não me admiraria nada que o grau de licenciado passasse a ser outorgado na Conservatória do Registo Civil no acto do assentamento de todos os recém nascidos ou na pia baptismal. Doutor passaria a fazer parte do nome próprio de cada cidadão. Portugal passaria a ser um pacóvio país de doutores.
.
Agradeço ao João Fráguas e ao Diamantino Silva a referenciação para este texto, do comentador e poeta Manuel António Pina.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ilusão óptica deslumbrante!...


Por vezes, estas coisas até acontecem. Principalmente durante os serões.

Na "asneira", Portugal está sempre presente...

Bruxelas reclama a devolução de milhões do Fundo da Globalização
Oito dos 12 primeiros projectos de apoio ao
desempregados, financiados pelo Fundo
Europeu de Ajustamento à Globalização
(FEG), deram "buraco". Um é português.
Proposto por Durão Barroso para apoiar
aqueles que perderam os seus empregos
devido à deslocalização das respectivas
empresas para fora da Europa, o FEG
entrou em funcionamento há três anos
e, segundo um balanço apresentado
pela Comissão Europeia na passada
quinta-feira, já mobilizou quase 374
milhões de euros para apoiar mais de 70
mil trabalhadores.
A primeira candidatura de Portugal ao
FEG foi entregue em 2008 com vista apoiar
cerca de 1100 desempregados do sector
automóvel. A mais recentemente aprovada
por Bruxelas, ainda na semana passada,
visa ajudar a reinserção profissional de 839
trabalhadores da Quimonda e poderá traduzir-
se num apoio da ordem dos 2,4 milhões de euros.
Jornal de Negócios
***
É o que se chama um fundo elitista, destinado apenas à aristocracia proletária (engenheiros incluídos). O governo não consegui enxergar, além dos do sector automóvel, outros trabalhadores, cuja perda do posto de trabalho pudesse ser atribuída aos efeitos perversos da globalização. O resultado desta miopia traduziu-se no desperdício de milhões de euros, já que o Instituto para Emprego e Formação Profissional, a entidade que, em Portugal, geria o programa, não conseguiu distribuir mais de metade das verbas em tempo útil.
Até parece que o país está a nadar em dinheiro e que os desempregados são uma raridade na paisagem social.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Milhões de litros de esgoto não-tratado foram parar a reserva de água que abastece Beja


Situação verificou-se durante uma semana,
no fim de Agosto. Administração Regional
Hidrográfica desconhece.
Durante oito dias, milhões de litros de esgoto
não-tratado misturaram-se com a reserva de
água que tem por função abastecer quase
50.000 habitantes dos concelhos de Beja e
Aljustrel.
O vereador José Velez, responsável pelo
pelouro do Saneamento Básico da Câmara de
Beja, confirma a existência de descargas,
admitindo que a situação era "grave". Mas
atribuiu as causas ao comportamento de
alguns moradores que lançam "clandestinamente"
o esgoto que produzem nos ramais da rede
pluvial, a entupimentos dos colectores ou a causas
"ainda não detectadas".
PÚBLICO
***
E eu que julgava que esta situação apenas ocorria em África e na Indonésia (ver post anterior).
É necessário explicar ao senhor vereador José Velez que a água das redes pluviais deve ser monitorizada e tratada a juzante e não a montante (da clandestinidade).

Uma monstruosidade contra o ambiente!...

Clicar na imagem para a ampliar








Imagens enviadas pelo leitor João Grazina
***
Fica-se sem se perceber se é lixo na água ou água no lixo. Existe ainda um longo e penoso caminho a percorrer para se compreender, em plenitude, a importância do ambiente na preservação do planeta e na continuidade da vida.

domingo, 5 de setembro de 2010

Magistrados do STA "consentem" evasão fiscal das fortunas

Sinais exteriores de riqueza

Por seis contra quatro, os magistrados do Pleno da
secção de contencioso tributário do Supremo
Tribunal Administrativo (STA) fixaram em Maio
passado jurisprudência sobre a tributação das
manifestações de fortuna. A julgar pelo voto vencido,
a interpretação aprovada "estaria precisamente a
consentir a evasão fiscal que justamente pretende
travar".
... O acórdão redigido por Isabel Marques da Silva
(734/09), magistrada que é filha do conhecido jurista
Germano Marques da Silva, conseguiu alterar o
entendimento do Pleno. E - "sem razões convincentes",
afirmam os vencidos - fixou que, caso as manifestações
de fortuna sejam adquiridas por recurso a crédito, as
quantias emprestadas não podem ser integradas no
rendimento não explicado pelo contribuinte.
PÚBLICO
***
Esta magistrada do Supremo Tribunal Administrativo tem muita piada. A senhora ou é burra ou quer de fazer de nós burros. Ela deveria saber que mais dois menos dois é igual a zero. Se um contribuinte pede um crédito ao banco para comprar um bem de luxo e, no dia seguinte, depois de ter comprado esse bem, liquida o empréstimo, presume-se que dispunha de capitais próprios para tal compra. O sinal exterior de riqueza é a aquisição do bem em si e não a capacidade financeira imediata em o obter. A magistrada Isabel Marques da Silva não entendeu assim, vá lá saber-se por que razão. Talvez ela esteja a preparar-se para comprar um iate.
Estamos em presença de mais uma interpretação formal da lei, que subverte o espírito que presidiu à sua elaboração, e que consiste em onerar em sede fiscal quem compra bens considerados de luxo.

sábado, 4 de setembro de 2010

Ovos e sapatos atirados contra Tony Blair em Dublin

Os manifestantes, que protestavam contra o papel de Blair na guerra no Iraque, ainda se envolveram em confrontos com a polícia e tentaram passar uma barreira de segurança. Só em Portugal é que não há sapatos e ovos! Faltam os sapateiros de fio e sovela e as galinhas poedeiras.

Notas do meu rodapé: As gerações falhadas


Americanização intelectualmente frígida
.
"Um estudo divulgado nos Estados Unidos revela que a maioria dos norte-americanos que está prestes a entrar na universidade não consegue escrever em letra cursiva. Também de acordo com a "Mindset List" ", uma pesquisa feita anualmente por académicos da Universidade de Beloit , no Wiscosin, os alunos que se vão licenciar em 2014 pensam que a Checoslováquia nunca existiu.
Os resultados da pesquisa são preocupantes: Os estudantes inquiridos, que vão integrar as turmas de 2014, acham que Beethoven , o célebre compositor alemão, é apenas "um cão", enquanto que Michelangelo , o renomado pintor italiano, não passa de "um vírus de computador".
.
Conhecimentos de uma geração
De acordo com a "Mindset List", para os estudantes nascidos em 1981, a Jugoslávia nunca existiu. Já os norte-americanos que vieram ao mundo em 1980 acham que João Paulo II foi o único Papa que existiu.
Na área do cinema, os estudantes também não mostraram mais conhecimentos. Por exemplo, o célebre ator, realizador e produtor norte-americano Clint Eastwood , é, segundo os jovens, um "famoso cineasta de Hollywood" e nunca protagonizou o filme "Dirty Harry" ("'Dirty Harry'? O que é isso?", perguntaram).
No desporto, os conhecimentos também não melhoram. Para os estudantes norte-americanos, John McEnroe é um modelo de publicidade que nunca pôs os pés num court de ténis.
A pesquisa revela ainda que, com telemóveis a informarem permanentemente a hora, já nenhum estudante norte-americano usa relógio.
.
Referências culturais efémeras
A maioria dos estudantes norte-americanos prestes a entrar na universidade acha que Beethoven é "um cão" e que Michelangelo não passa de "um vírus de computador", revela o estudo "Mindset List".
A "Mindset List" foi elaborada pela primeira vez em 1998 pelo professor de Humanidades, Tom MacBride, e pelo ex-diretor de Relações Públicas, Ron Nief, da Universidade de Beloi. As conclusões surgiram a partir de perguntas feitas à geração que teria um diploma universitário em 2002.
Os professores levaram um ano para compor o estudo, tendo pedido apoio a colaboradores, consultado trabalhos literários e notícias divulgadas pelos meios de comunicação no ano do nascimento das pessoas que entraram na universidade em agosto ou setembro, início do ano escolar os EUA.
O objetivo inicial era chamar a atenção das autoridades na área da Educação para uma realidade: As referências culturais evaporam-se. A pesquisa acabou por ganhar popularidade e passou a ser feita anualmente, tornando-se num género de radiografia dos conhecimentos de uma geração."
Notícia do Expresso, citada pelo Iluminatus Lex
.
***
Esta ausência de referências culturais não é só evidente nos Estados Unidos. Afecta as novas gerações de todos os países desenvolvidos, que iniciaram a massificação do ensino no pós-guerra. Em Portugal. o processo iniciou-se no início da década de setenta, do século passado, com a reforma do ministro caetanista, Veiga Simão.
Conscientemente ou não, o processo não referenciou os modelos educacionais ao princípio do desequilíbrio entre a quantidade/qualidade, não acautelando com medidas correctoras a inevitável deterioração das competências culturais adquiridas.
Existem já inúmeros estudos sociológicos sobre este problema, a maioria a equacionar como causa principal o hiato geracional ao nível da cultura. Inicialmente, com a crescente urbanização das populações rurais, e, actualmente, com o aparecimento das sucessivas gerações dos filhos dos imigrantes, todos os modelos esbarraram com a dificuldade de ultrapassar a falta de cultura dos pais dos alunos, o que leva a sobrelevar, como factor decisivo para a aquisição de cultura (o que é diferente da aquisição de conhecimentos), a influência do meio familiar e social em que os alunos estão inseridos.
Outro factor apontado como limitador da aquisição da capacidade cultural é a influência das novas tecnologias, que não propiciam o saber pensar, que só o método dialéctico atinge na plenitude. E aqui a culpa é dos responsáveis das políticas educacionais, que, progressivamente, têm desvalorizado o tronco das ciências sociais e humanas e menorizado o ensino da Filosofia.
Recordo-me que nos anos oitenta do século passado, um professor universitário norte-americano referia a predominância do pensamento bipolar, desenvolvido no ensino secundário com a iniciação da aprendizagem da informática, nos seus novos alunos do curso de Física, o que dificultava a sua inserção na metodologia do pensamento científico, baseado no binómio da causa/efeito.
Mas, à volta deste fenómeno, o das deficiências culturais, existe uma outra dimensão preocupante, e que não passou despercebida aos ideólogos do actual sistema produtivo, o capitalismo neo-liberal, a quem interessa uma população acéfala culturalmente, apenas apetrechada com os conhecimentos específicos para o desempenho das tarefas que o sistema exige, e, ao mesmo tempo, incapaz de se interrogar sobre a natureza perversa do próprio sistema, que se sustenta através da exploração desenfreada do factor trabalho. Talvez seja por isso que se assiste a uma estranha apatia em relação à teorização sobre a origem da actual crise mundial. As pessoas, mesmo as que possuem estudos superiores, não a entendem, o que sossega as classes possidentes.