Páginas

sábado, 27 de julho de 2013

Notas do meu rodapé: Razões de uma candidatura


Conferência de imprensa, que teve a presença de António Filipe,
deputado do PCP e vice-presidente da Assembleia da República

Razões de uma candidatura

Há momentos em que não podemos fugir às responsabilidades exigidas pelos deveres da cidadania, abdicando daquele comodismo egoísta, que tende a afastar-nos, por vício de uma cultura social hereditária, da coisa pública. É certo que muitos cidadãos, por oportunismo carreirista, enveredam pelos sinuosos caminhos da política, entrando pela porta pequena dos partidos do chamado arco da governação e almejando sair pela porta grande de algum ministério ou de uma bancada da Assembleia da República. Aqueles, entre estes, que conseguem trepar até aos mais altos patamares institucionais, acabam por subscrever um seguro profissional contra todos os riscos, pois haverá sempre uma grande empresa, entretanto beneficiada por um qualquer privilégio, que garantirá um emprego bem remunerado para toda a vida. Os portugueses já conhecem os mapas destes percursos, que rivalizam com o Mapa das Estradas do Automóvel Clube de Portugal.
Não é o caso dos políticos oriundos do Partido Comunista Português, nem dos seus anónimos militantes, que metódica e permanentemente trabalham por um nobre ideal, não esperando nada em troca, a não ser os benefícios que a generalidade dos trabalhadores venha a obter e a conquistar. É esta a grande diferença do perfil comportamental dos militantes do PCP e os dos outros partidos que com ele integram a CDU, uma coligação partidária que assume uma inteira disponibilidade para servir o povo trabalhador, defendendo em todas as instâncias e em todos os lugares os seus direitos e as suas legítimas aspirações.
E foi com este espírito cívico e militante que aceitei o honroso convite de integrar como cabeça lista as candidaturas da CDU à vereação da Câmara Municipal de Ourém, nas próximas eleições autárquicas, sabendo de antemão que terei de enfrentar muitos desafios difíceis, de que destaco dois, pela sua importância.
O primeiro desafio consiste em tentar desmontar a distorcida imagem, que foi malevolamente inculcada nos portugueses, ao longo destes trinta e oito anos de democracia, sobre a natureza e os princípios do PCP. Esta imagem, artificialmente construída pelas centrais de intoxicação nacionais e internacionais, ao serviço do capitalismo financeiro e do imperialismo europeu e americano, tem impedido que muitos trabalhadores ainda não tenham compreendido a natureza da exploração de que são vítimas. Por outro lado, as forças do grande capital, que controlam as televisões e os jornais, marginalizam ostensivamente a presença do PCP e da CDU, não respeitando o princípio da igualdade de tratamento, em relação às forças políticas dominantes, marginalização esta que é muito visível ao nível do espaço de opinião, nos jornais, e nos fóruns de discussão política, nas televisões
O segundo desafio tem a ver com as condições particulares e especiais do quadro político de fundo em que estas eleições autárquicas vão decorrer, com um governo de direita a aplicar as políticas de austeridade, congeminadas pela Alemanha e pela Comissão Europeia, e que estão a conduzir o país para a ruína e para a miséria. Por isso, a discussão dos problemas nacionais vai ocupar muito espaço na campanha eleitoral, até porque os portugueses estão à espera de poder mostrar inequivocamente um cartão vermelho a este governo e aos partidos (PS/PSD/CDS), que capitularam perante a troika (FMI/UE/BCE), alienando parte da nossa soberania e levando o país para uma posição insustentável.
Os portugueses já perceberam que o PS, o PSD e o CDS, além de serem os únicos culpados pela situação atual, persistem, se continuarem no poder, em perpetuar as políticas de austeridade, que incidirão sempre sobre os rendimentos do trabalho e os rendimentos dos pensionistas, a que se acrescenta agora a intenção de desmantelar o Estado Social, para alienar a sua parte mais lucrativa aos agentes privados, que já começaram a instalar-se no terreno. Aquilo, que agora o Partido Socialista anda a apregoar aos quatro ventos, sobre a sua intenção de acabar com a austeridade e apostar nas políticas de crescimento, sabe ao ranço dos discursos eleitoralistas, pois, todos sabemos, que não é esse o desejo da União Europeia nem da Alemanha, que apenas estão apostados em salvar o euro do desastre, recapitalizando os grandes bancos europeus, incluindo os bancos portugueses, à custa da austeridade sobre os rendimentos do trabalho, para que eles possam resgatar os  produtos tóxicos (créditos incobráveis), derivados da especulação financeira do últimos quinze anos. Nunca a Europa aceitaria as propostas de António José Seguro, e ele sabe-o bem. A Europa só recuará nos seus propósitos quando se sentir ameaçada pela firme determinação dos povos em cortar com as amarras que os prendem à feroz ditadura do capital financeiro, que hoje domina a política à escala global.
Em relação ao governo da autarquia, posso garantir com toda a segurança que a CDU tem todos os meios necessários para exercer todas as funções políticas que o povo do concelho de Ourém lhe confiar, através do seu voto. Não farei promessas. Prometo apenas trabalho dedicado e honesto ao serviço do bem público. Não farei discursos eleitoralistas, de encantar serpentes, a prometer o Céu e a Terra. Irei identificar, juntamente com os outros candidatos das listas da CDU, os principais problemas com que se defrontam os ourienses, para que, no caso de ser eleito, eles possam ser colocados à vereação camarária, para os analisar e para estudar a sua viabilidade técnica e política, com vista à sua resolução. Não será um mandato de gabinete, mas um mandato “trabalhado” no terreno e centrado nos principais problemas dos munícipes, cuja opinião será sempre ouvida e tomada em consideração. Mas para isso é necessário o voto na CDU.
Alexandre de Castro

2 comentários:

Artur Ricardo disse...

Seguidor deste blogue há já algum tempo, comento, pela primeira vez, um texto para me congratular com a sua decisão. Na verdade, sendo eu natural de Ourém, não poderei se não desejar-lhe êxito na difícil tarefa a que se propõe, certo de que, com isso, muito beneficiará o povo da minha terra. Assim ele o compreenda...
Cumprimentos,
Artur Ricardo

Alexandre de Castro disse...

Caro Artur Ricardo:
As sua palavras são altamente gratificantes. Se se cruzar comigo em qualquer rua de Ourém, peço-lhe que me aborde, a fim de eu poder conhecê-lo.
Um abraço.