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MEDITAÇÃO
DO DUQUE DE GANDIA
SOBRE
A MORTE DE ISABEL DE PORTUGAL
Nunca
mais
a
tua face será pura limpa e viva,
nem
teu andar como onda fugitiva
se
poderá nos passos do tempo tecer.
E
nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca
mais servirei senhor que possa morrer.
A
luz da tarde mostra-me os destroços
do
teu ser. Em breve a podridão
beberá
os teus olhos e os teus ossos
tomando
a tua mão na sua mão.
Nunca
mais amarei quem não possa viver
sempre,
porque
eu amei como se fossem eternos
a
glória, a luz e o brilho do teu ser,
amei-te
em verdade e transparência
e
nem sequer me resta a tua ausência,
és
um rosto de nojo e negação
e
eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca
mais servirei senhor que possa morrer.
Sophia
de Mello Breyner Andresen