A sequência da crise em imagens
O Presidente da República, Cavaco Silva, tem
exercido pressão junto dos partidos do arco de governação por forma a chegarem
a um acordo o mais depressa possível. Caso PSD, PP e PS não se entendam, a
alternativa passará mesmo por uma ida às urnas ainda em 2013, relata a edição
deste domingo do Jornal de Notícias.
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Eu nunca acreditei na bondade da iniciativa de
Cavaco Silva em impor um acordo de governação aos três partidos subscritores do
Memorando de Entendimento com a troika. Só um ingénuo acreditaria que o
PS iria cair na armadilha de meter-se na boca do lobo. E Cavaco Silva não tem
nada de ingénuo! É manhoso!
Embora lhe conviesse, por arreigada convicção ideológica,
e também para corresponder servilmente ao assédio da comissão europeia e do
governo alemão, manter em funções um governo de maioria de direita, já
moribundo, dando-lhe uma nova vida com algum oxigénio da máquina do PS, ele
sabia de antemão que a manobra teria poucas probabilidades de vingar.
Mas tentou a sua sorte, conseguindo assim
resguardar-se de qualquer crítica, se o acordo não se firmar, o que é mais
provável, e ele for obrigado a convocar eleições antecipadas, ainda este ano.
Ele poderá sempre dizer que a culpa foi dos partidos, que não se entenderam. E
foi com o mesmo calculismo que, na sua comunicação ao país, ele introduziu
habilidosamente, a cláusula de o acordo tripartidário envolver também a
realização de eleições antecipadas em Junho do próximo ano.
Aconteça o que acontecer, ele nunca poderá ser
acusado, pelas hostes da direita fanática, de ter precipitado um ato eleitoral,
que ele nunca desejou. E o que mais irritará Cavaco Silva é o de ser obrigado a
tomar uma decisão, há muito tempo reivindicada pelo PCP e pelo BE (a esquerda a
ter razão, mais uma vez).
Agora, tudo vai depender do PS. Se meter um pé,
assinando um acordo, acaba por ter de meter os dois, pois o fracasso desta
solução espúria ser-lhe-á também creditado, o que acarretará custos eleitorais.