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domingo, 28 de outubro de 2012

Passos quer “refundação” do acordo com a troika


Pedro Passos Coelho afirmou neste sábado ser necessário uma “refundação” do programa de ajustamento com a troika que permita fazer “uma profunda reforma do Estado”.
PÚBLICO
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Quando Passos Coelho ligou a misteriosa "refundação" do programa de ajustamento às reformas do Estado, nós já sabíamos muito bem o que ele queria dizer e fazer. No léxico do discurso político da direita, "reforma do Estado" ou "reformas estruturais" não são mais do que dois eufemismos, que significam unicamente pretender desenvolver e aplicar uma política de desmantelamento (ou o seu esvaziamento funcional) do Estado Social, construído com a revolução de Abril. Sobre as ruínas provocadas pela violenta austeridade, Passos Coelho quer, agora, ser o coveiro do Serviço Nacional de Saúde, da educação pública e da Previdência Social. Do apetitoso bolo, os privados abocanhariam os setores mais rentáveis daquelas três pilares e o resto seria remetido para o mais que duvidoso setor assistencial. Com base no argumento falacioso, "menos Estado, melhor Estado" ou o seu congénere, "o Estado só deve fazer o que tem de fazer e o que sabe fazer bem", esconde-se a grande armadilha para aplicar a mais pura e dura doutrina neoliberal.
Se estes intentos fossem conseguidos, Portugal seria vítima de um retrocesso civilizacional, que o amarraria durante muitos anos à pobreza e à ignorância. Abater-se-ia sobre a população uma tragédia muito maior do que aquela já provocada, até agora, pela aplicação das políticas de austeridade.
Para a esquerda, chegou o momento de tocar a rebate e de cerrar fileiras. Chegou o momento histórico de defender o que ainda resta da revolução de Abril. Toda a esquerda é precisa e ninguém pode ser marginalizado ou auto-marginalizar-se.
(De um meu comentário no Ponte Europa)