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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Governo está a "condenar o país ao empobrecimento"

Governo está a "condenar o país ao empobrecimento"
António José Seguro ambiciona ser um self-made-man da política.
Fotografia © Sérgio Freitas/Global Imagens

O secretário-geral do PS, António José Seguro, acusou, na noite de domingo, o Governo de "condenar o país ao empobrecimento", apresentando cinco propostas para retirar Portugal desse caminho, entre as quais a criação de um "banco público de fomento".
"Criação de um banco público de fomento, de apoio ao desenvolvimento, com critérios diferentes dos bancos comerciais, para apoiar empresas, investidores que queiram criar novas empresas e a economia social"; afirmou António José Seguro, num comício em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, de apoio à candidatura de Vasco Cordeiro à presidência do Governo Regional dos Açores.
Diário de Notícias
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A proposta de um banco de fomento, para apoiar novos investidores na criação de novas empresas, é uma fantasia delirante de António José Seguro. Num país com a economia arruinada, com o consumo interno em regressão e o poder de compra da maioria da população portuguesa reduzido ao mínimo da sobrevivência e ao máximo da indignidade, a pergunta que necessariamente se coloca é a de tentar saber quem é que, numa situação destas, está disposto a investir numa aventura empresarial um cêntimo que seja, mesmo que a taxa de juro venha a ser de zero por cento. Por outro lado, também seria bom que o secretário geral do PS esclaresse os contornos da capitalização inicial desse milagroso banco. O Estado, que vai ter no próximo ano uma nova descida das receitas fiscais? Os aforradores privados (os grandes, os médios e os pequenos), que vivem em pânico, com medo que o céu lhes caia na cabeça? A Nossa Senhora de Fátima, que apanhou um grande susto com a fraude do BPP e que já prometeu a si mesma nunca mais querer empatar o dinheiro das esmolas dos fiéis na especulação bolsista? 
É claro que António José Seguro sabe muito bem iludir a realidade para que os eleitores acreditem nele. Lança o foguetório para que os mais incautos corram atrás das canas. Com propostas deste tipo, ele escamoteia os aspetos centrais da crise, e que passam pela rutura com a troika e com uma saída negociada da moeda única. Enquanto Portugal continuar atrelado a uma moeda desproporcionada em relação ao potencial da sua frágil economia nunca poderá recuperar a necessária competitividade externa. Nunca, no registo da história da economia, se viu um país a recuperar de uma crise sem recorrer à controlada desvalorização da moeda, à formação de défices orçamentais temporários e ao recurso da dívida. Se alguém (e isto é um desafio) conseguir apontar um país que tenha ultrapassado uma crise económica e financeira por processos diferentes, que não incluam os três aspetos que atrás enumerei, juro que mudarei de campo político. Passarei a ser um incondicional admirador das Merkels, dos Coelhos, dos Portas, dos Borges, dos Relvas, de todos os Gaspares, de todas as troikas (com carecas ou não), dos dirigentes do FMI e do  do BCE e da grande puta (a ideologia neoliberal) que os pariu a todos.

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