“Parem a máquina. Criem um Mundo Novo”, é o apelo que corre na Internet, |
O movimento de protesto em Nova Iorque contra as desigualdades económicas e a ganância dos especuladores financeiros ganhou novo fôlego na quarta-feira, com a entrada em cena dos sindicatos, que também marcharam na zona do coração financeiro da América.
Como um número cada vez maior de pessoas na rua, o movimento Occupy Wall Street também ganhou o apoio de estudantes em várias universidades espalhadas pelo país que abandonaram as aulas em sinal de solidariedade para com os protestos de Nova Iorque.
E agora o movimento prepara-se para levar a sua luta até Washington. Com o objectivo de combater “a máquina corporativa”, os organizadores prometem um concerto ao meio-dia e um comício da Freedom Plaza, junto à Pennsylvania Avenue, a poucos quarteirões da Casa Branca.
“Parem a máquina. Criem um Mundo Novo”, é o apelo que corre desde ontem na Internet, pedindo aos manifestantes para aparecerem com sacos-cama no local da protesto para,"DE FORMA NÃO VIOLENTA, resistir à máquina corporativa ocupando a Freedom Plaza para exigir que os recursos da América sejam investidos nas necessidades humanas e na protecção ambiental em vez da guerra e a da exploração”.
Em Nova Iorque, milhares de pessoas marcharam da Foley Square até ao Zuccotti Park, a sede dos protestos onde dezenas de manifestantes estão acampados desde o dia 17 de Setembro e onde se concentram diariamente cada vez mais “indignados”.
“A classe média está a carregar com o fardo, mas os mais ricos do nosso país não estão”, disse ao jornal Washington Post, Sterling W. Roberson, vice-presidente da Federação de sindicatos de professores.
“O mundo está virado do avesso. Estamos aqui para lutar pelas nossas famílias e pelos nossos filhos”, explicou à Reuters, Michael Mulgrew, outro dirigente da Federação de sindicatos de professores.
PÚBLICO
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Estas manifestações de protesto em Nova Iorque podem ser o inicio de um gigantesco movimento, que poderá vir a abalar a América, nos tempos mais próximos. Foi assim que começaram, na década de sessenta do século passado, os protestos dos movimentos anti-segregacionistas dos afro-americanos e os dos movimentos contra a guerra do Vietname, cuja força e determinação conseguiram mudar a sociedade americana. Os Estados Unidos não são a Grécia nem o apático Portugal. Ali, os movimentos de protesto ganham dinâmicas sociais impetuosas, com uma enorme ressonância internacional, o que obriga o poder político a recuar. Por prudência, e pondo em prática o calculismo eleitoralista, o presidente Obama, na sua reacção aos protestos, veio tentar colar-se, hipocritamente, aos objectivos do movimento Occupy Wall Street, quando afirmou que “as manifestações reflectem a frustração do povo”, como se ele estivesse isento de culpas em relação ao agravamento das condições económicas da classe média.
Ao contrário do que aconteceu aos recentes movimentos de protesto, em Portugal e Espanha, o Occupy Wall Street procedeu a uma identificação correcta do poder a contestar, o capitalismo financeiro, e não apenas o poder político, que, como fez Obama, vai tentar passar a imagem de que não é uma correia de transmissão dos interesses desse mesmo capitalismo financeiro, que já actua a uma escala planetária. Foi essa identificação correcta do alvo a contestar que faltou ao movimento da Geração à Rasca e aos indignados das Portas do Sol da cidade de Madrid.
Sou levado a acreditar que o que está a ocorrer em Nova Iorque possa vir a ter repercussões na Europa, nomeadamente em Portugal, que necessita de um forte estremeção para poder ser capaz de combater a política assassina do governo do PSD/CDS, que se submeteu servilmente aos interesses do capitalismo financeiro europeu.
1 comentário:
Felizmente, os media em Portugal não estão a distorcer tanto os acontecimentos em NY como os media estado-unidenses. Veja-se por exemplo o vídeo de http://www.democracynow.org/, na edição de 6 de Outubro, aos 45:25: uma jornalista da CNN diz não perceber o motivo dos protestos e chega mesmo a gozar com o entrevistado (sim, só entrevistaram uma única pessoa); tal como é visível no resto do vídeo, os protestantes estão muito bem informados. Não é por acaso que os protestos ocorrem em frente dos edifícios da Reserva Federal e da bolsa de valores.
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