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terça-feira, 1 de maio de 2012

Donos de Portugal - Filme de Jorge Costa

Não será necessário deixar aqui o apelo mobilizador para a participação maciça na grande manifestação do 1º de Maio, organizada pela CGTP-Intersindical, a única central sindical que, ao longo do tempo, tem assumido com determinação e coerência a defesa intransigente dos trabalhadores portugueses. Preferi optar pelo visionamento deste filme de Jorge Costa, que me chegou ontem às mãos, através da cumplicidade política do meu amigo João Fráguas, numa edição de um só bloco, o que facilita a sua publicação aqui, no Alpendre da Lua
Donos de Portugal é um filme notável. O virtuosismo da sua realização permite, através da reprodução criteriosa de imagens do passado e da explanação de um texto marcado por um grande rigor, na análise histórica a que procede, evidenciar a íntima promiscuidade entre os diferentes poderes políticos dos últimos 150 anos e a meia dúzia de famílias, com as suas respetivas ramificações, que, na realidade, se apoderaram das alavancas da economia e das finanças, comportando-se como verdadeiros donos de Portugal. E, nos dias de hoje, marcados por uma crise profunda e perdurável, tal como há muito tempo aqui foi previsto, recordar o passado, contado como o filme propõe, é de premente importância, já que não se pode lutar com eficácia e coerência sem se identificarem com precisão os verdadeiros inimigos do povo trabalhador. Essa fauna, que levou um grande abanão com a revolução de Abril, regressou novamente pelas mãos cúmplices daqueles que, uma vez no poder, começaram a atraiçoar os ideais de Abril, e, durante os últimos anos, teve tempo de organizar-se, agora devidamente articulada, através do processo da globalização, com o capitalismo financeiro internacional, perseguindo o único objetivo que orienta a sua ação: promover a transfarência da riqueza dos países das periferias económicas (os mais pobres e os menos ricos) para os centros financeiros dos países mais ricos e poderosos, e, dentro de cada país, promover a transferência dos rendimentos do trabalho para os rendimentos do capital. O que se está a passar na Grécia e em Portugal, e que também mimeticamente começa a reproduzir-se em Espanha, evidencia bem aquela perversa estratégia, que está a atingir os limites da ignomía. 
O 1º de Maio é a única manifestação global dos trabalhadores de todo o mundo. Daí que a data seja odiada pelo grande capital. Em Portugal, este ano, assistiu-se ao paroxismo da provocação, com as grandes superfícies comerciais abertas ao público, sonegando este feriado aos seus trabalhadores, e oferecendo grandes campanhas de descontos para atrair os consumidores. É um sinal ameaçador do grande capital, que pretende ter efeitos desmobilizadores, perante a luta dos trabalhadores que, brevemente, numa onda crescente, vai alastrar. 

http://www.donosdeportugal.net/

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