Realizam-se nesta data, por todo o país, as comemorações populares do aniversário da Revolução do 25 de Abril, comemorações que culminarão na grande manifestação popular que se realiza na Av. da Liberdade, em Lisboa.
Passados 38 anos sobre essa data gloriosa da história do povo português, "militares de Abril" integrantes da Associação 25 de Abril - A25A - decidiram tomar uma posição política de crítica à actual situação que se vive no país, tomando como alvo o governo de turno dos banqueiros e monopolistas, PSD/CDS. Independentemente do facto de estarem decorridos 36 anos de políticas e governos contra-revolucionários, sempre da responsabilidade - expressa ou encapotada - dos partidos da troika anti-Abril - PS/PSD/CDS -, para além das colagens oportunistas e descaradas de Mário Soares e de outros responsáveis do PS - colagens decerto programadas com os militares da sua área política dentro da A25A -, não obstante ainda a forma escolhida para o divulgarem, anunciando a ausência dos "militares de Abril" das cerimónias que decorrem na Assembleia da República, o conteúdo do Manifesto divulgado pelos dirigentes desta Associação tem objectivamente uma importante relevância política no momento actual. Neste contexto, sublinha-se especialmente a posição da Associação dos Oficiais das FF.AA., anunciando estar solidária com a posição da A25A.
Imediatamente sujeita às respostas revanchistas de numerosos personagens da contra-revolução e de diversos "analistas" e "politólogos" ao serviço do grande capital, a atitude certa das forças e organizações operárias, democráticas e patrióticas, é a de saudação a esta tomada de posição dos militares que se afirmam hoje defensores dos valores e ideais de Abril, sob pena de os deixarmos isolados nessa sua atitude, mesmo sabendo-se que ela peca por tardia e que não condena claramente todos os partidos responsáveis pelo estado calamitoso a que o país chegou, com uma economia arruinada, com práticas "sociais" verdadeiramente terroristas, com a liquidação prática das liberdades políticas e dos postulados constitucionais abrilistas que ainda restam, num quadro geral de miséria, de sofrimentos físicos e morais inumeráveis para o nosso povo, de submissão aos ditames imperialistas da U.E.
A histórica definição estratégica da política de alianças que permitiu aprofundar e defender as extraordinárias conquistas da Revolução de 1974, consubstanciada na fórmula "Aliança Povo-MFA", apesar das distâncias temporais e de contextos muito diferentes, não obstante todas as mudanças retrógradas verificadas, continua a ser uma fórmula política útil e ainda aplicável. Sem MFA, sem a vasta agregação de vontades democráticas e progressistas no seio dos militares que proporcionou a realização do distante 25 de Abril de 74, a divulgação e o apoio a este grito de protesto de numerosos "militares de Abril" não podem ser substimados ou diluídos por considerações de comodidade política. O seu significado imediato e mesmo a médio prazo é suficientemente relevante para ser deixado isolado e alvo fácil da actividade diluidora dos inimigos do Povo e da Democracia. Ou pior, oportunísticamente aproveitado por saudosos do nacionalismo fascista.
Como contributo solidário e para essa divulgação, abaixo se transcreve o texto desse Manifesto.
Abril não desarma
Há 38 anos, os Militares de Abril pegaram em armas para libertar o Povo da ditadura e da opressão e criar condições para a superação da crise que então se vivia.
Fizeram-no na convicta certeza de que assumiam o papel que os Portugueses esperavamde si. Cumpridos os compromissos assumidos e finda a sua intervenção directa nos assuntos políticos da nação, a esmagadora maioria integrou-se na Associação 25 de Abril, dela fazendo depositária primeira do seu espírito libertador.
Hoje, não abdicando da nossa condição de cidadãos livres, conscientes das obrigações patrióticas que a nossa condição de Militares de Abril nos impõe, sentimos o dever de tomar uma posição cívica e política no quadro da Constituição da República Portuguesa, face à actual crise nacional.
A nossa ética e a moral que muito prezamos, assim no-lo impõem!
Fazemo-lo como cidadãos de corpo inteiro, integrados na associação cívica e cultural que fundámos e que, felizmente, seguiu o seu caminho de integração plena na sociedade portuguesa.
Porque consideramos que:
O contrato social estabelecido na Constituição da República Portuguesa foi rompido pelo poder. As medidas e sacrifícios impostos aos cidadãos portugueses ultrapassaram os limites do suportável. Condições inaceitáveis de segurança e bem estar social atingem a dignidade da pessoa humana. O rumo político seguido protege os privilégios, agrava a pobreza e a exclusão social, desvaloriza o trabalho.Sem uma justiça capaz, com dirigentes políticos para quem a ética é palavra vã, Portugal é já o país da União Europeia com maiores desigualdades sociais. Portugal não tem sido respeitado entre iguais, na construção institucional comum, a União Europeia. Portugal é tratado com arrogância por poderes externos, o que os nossos governantes aceitam sem protesto e com a auto-satisfação dos subservientes. O nosso estatuto real é hoje o de um “protectorado”, com dirigentes sem capacidade autónoma de decisão nos nossos destinos.
Entendemos ser oportuno tomar uma posição clara contra a iniquidade, o medo e o conformismo que se estão a instalar na nossa sociedade e proclamar bem alto, perante os Portugueses, que:
- A linha política seguida pelo actual poder político deixou de reflectir o regime democrático herdeiro do 25 de Abril configurado na Constituição da República Portuguesa;
- O poder político que actualmente governa Portugal, configura um outro ciclo político que está contra o 25 de Abril, os seus ideais e os seus valores;Em conformidade, a A25A anuncia que:
- Não participará nos actos oficiais nacionais evocativos do 38.º aniversário do 25 de Abril;
- Participará nas Comemorações Populares e outros actos locais de celebração do 25 de Abril;
- Continuará a evocar e a comemorar o 25 de Abril numa perspectiva de festa pela acção libertadora e numa perspectiva de luta pela realização dos seus ideais, tendo em consideração a autonomia de decisão e escolha dos cidadãos, nas suas múltiplas expressões.
Porque continuamos a acreditar na democracia, porque continuamos a considerar que os problemas da democracia se resolvem com mais democracia, esclarecemos que a nossa atitude não visa as Instituições de soberania democráticas, não pretendendo confundi-las com os que são seus titulares e exercem o poder.Também por isso, a Associação 25 de Abril e, especificamente, os Militares de Abril, proclamam que, hoje como ontem, não pretendem assumir qualquer protagonismo político, que só cabe ao Povo português na sua diversidade e múltiplas formas de expressão.Nesse mesmo sentido, declaramos ter plena consciência da importância da instituição militar, como recurso derradeiro nas encruzilhadas decisivas da História do nosso Portugal.
Por isso, declaramos a nossa confiança em que a mesma saberá manter-se firme, em defesa do seu País e do seu Povo. Por isso, aqui manifestamos também o nosso respeito pela instituição militar e o nosso empenhamento pela sua dignificação e prestígio público da sua missão patriótica.
Neste momento difícil para Portugal, queremos, pois:
1. Reafirmar a nossa convicção quanto à vitória futura, mesmo que sofrida, dos valores de Abril no quadro de uma alternativa política, económica, social e cultural que corresponda aos anseios profundos do Povo português e à consolidação e perenidade da Pátria portuguesa.
2. Apelar ao Povo português e a todas as suas expressões organizadas para que se mobilizem e ajam, em unidade patriótica, para salvar Portugal, a liberdade, a democracia.Viva Portugal!Lisboa, 23 de Abril de 2012
Associação 25 de Abril. Retirado do blogue O ASSALTO AO CÉU
http://oassaltoaoceu.blogspot.pt/2012/04/importante-posicao-de-militares-de.html
Nota do Editor:
Suscrevo totalmente o teor destes dois documentos, que foram assumidos com muita oportunidade, ao mesmo tempo que analisam com rigor a dramática situação política atual e identificam corretamente os seus responsáveis políticos - os dirigentes do PS, PSD e CDS, que, rotativamente, governaram o país, durante a vigência dos governos constitucionais. A sua incompetência, o compadrio encapotado com os grandes interesses instalados, o nepotismo e a desenfreada corrupção de alguns, e o bacoco servilismo em relação aos poderes tentaculares da UE, bem refletido naquela ridícula tese do "bom aluno", arrastaram o país para o fosso de uma crise, grave e perigosa, que pode pôr em causa a independência nacional. O limite de toda a subserviência em relação ao capitalismo financeiro internacional foi atingido, quando aqueles três partidos, que eu tenho vindo a apelidar de partidos do arco da traição, capitularam vergonhosamente, aceitando, sem terem tentado uma base de negociação mais justa e equilibrada, e assinando, sem qualquer tipo de pudor, o espúrio e execrável memorando da troika, cuja cega aplicação está a asfixiar a economia portuguesa e a desmantelar os pilares do Estado Social, lançando o caos e a miséria no país.
A minha revolta é enorme e começa a sobrepor-se à prudente e necessária moderação, que deve existir no julgamento dos atores políticos. Nunca tendo votado naqueles partidos, sempre respeitei os seus dirigentes, que, sucessivamente, foram ocupando o poder. Esse respeito acabou. A luta política não se esgota nas eleições.
Alexandre de Castro
5 comentários:
"O contrato social estabelecido na Constituição da República Portuguesa foi rompido pelo poder", afirmam com razão os capitães de Abril, o que se justifica que possam ser encontradas alternativas de mudança.
Na realidade, ninguém perguntou ao povo português se queria aceitar o memorando da troika. E não colhe o argumento esfarrapado de que, nas últimas eleições legislativas, ao escolher a atual maioria parlamentar, o povo português tenha sufragado tal acordo, entretanto já assinado. Trata-se de uma grave deturpação do processo democrático, ao qual falta transperência e verdade.
E se José Sócrates tivesse optado por um referendo, não tenho dúvidas que, devido à falta de informação, o povo teria alinhado de caras no SIM, julgando que a UE estava a ajudar altruisticamente Portugal. Nesse caso, para o actual governo, eram favas contadas. O povo não tugia nem mugia.
Nem mais! E não é por causa das “colagens” que vamos ter que aceitar as “descolagens”! Era o que faltava. Já crescemos. O nosso pensamento tem que ser cada vez mais autónomo, e bem vamos precisar dessa mais valia. Escrever é preciso, é urgente.
Chamo-o a atenção para o que aconteceu a um jovem do MSE, veja o que escrevi.
Abraço.
Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote, (89anos),digo que os trafulhas,os
pulhas,os trafulhas,os cínicos,os hipócritas,os velhacos,os sacanas, os espertalhões da Alta,da Média,da Pequena Burguesia com destaque para os Vigários de Cristo,mas também gente da Plebe,que sabiam como tirar o melhor partido da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo, agora e liberdade e «democracia» e com o liberalismo económico e financeiro em que cada qual se safa como pode,ÊLES,seus descendentes, seus comparsas e os «filhos da mesma escola»,muito melhor sabem como tirar o melhor partido desta SITUAÇÃO.Sò os bem intencionados
ou os palermas como eu,é que foram, são e serão sempre as eternas vítimas.E não esquecer que ÊLES estão a vingar-se do 25 d'Abril.
Eu,um simples operário emigrante na Holanda desde 1964 e já velhote, (89anos),digo que os trafulhas,os
pulhas,os trafulhas,os cínicos,os hipócritas,os velhacos,os sacanas, os espertalhões da Alta,da Média,da Pequena Burguesia com destaque para os Vigários de Cristo,mas também gente da Plebe,que sabiam como tirar o melhor partido da Ditadura clerical-fascista do Estado Novo, agora e liberdade e «democracia» e com o liberalismo económico e financeiro em que cada qual se safa como pode,ÊLES,seus descendentes, seus comparsas e os «filhos da mesma escola»,muito melhor sabem como tirar o melhor partido desta SITUAÇÃO.Sò os bem intencionados
ou os palermas como eu,é que foram, são e serão sempre as eternas vítimas.E não esquecer que ÊLES estão a vingar-se do 25 d'Abril.
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