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Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu,
privatize-se a água e o ar,
privatize-se a justiça e a lei,
privatize-se a nuvem que passa,
privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos.
E, finalmente, para florão e remate de tanto privatizar,
privatizem-se os Estados,
entregue-se por uma vez a exploração deles
a empresas privadas, mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvação do mundo...
E, já agora, privatize-se também
a puta que os pariu a todos.
José Saramago, in Cadernos de Lanzarote Diário III
Texto enviado pelo João Fráguas, seguidor deste blogue.
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