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Os mercados financeiros não o ouviram, porque já perceberam que o problema das finanças públicas portuguesas é estrutural e radica na incapacidade da economia em gerar, nos próximos anos, as receitas necessárias para inverter a situação. E esta é a única leitura que se pode fazer no PEC, que se centra exclusivamente no corte cego das despesas, já que, e essa incapacidade é ocultada, não pode realisticamente prever um crescimento económico baseado no aumento das exportações. E esta é uma grande diferença em relação à situação de 2005, que não apresentava os obstáculos de uma crise internacional a diminuir a procura.
A desautorizar a sapiência do ministro, aparecem agora as declarações de dois prestigiados economistas, ambos galardoados com o Nobel e ambos com créditos firmados por terem antecipado nas suas previsões a iminência de uma crise mundial, que os políticos desvalorizaram. Nouriel Roubini disse que Portugal e a Grécia poderiam ter de abandonar a zona euro e Joseph Stiglitz não exclui a hipótese de Portugal ou a Espanha acabarem por falir.
Antes, e perante a situação grega e a incapacidade do Eurogrupo de ter soluções institucionais para ajudar os seus países em dificuldade - a ajuda da Europa à Grécia é um mero empréstimo com um juro de cinco por cento, superior ao praticado actualmente no mercado interbancário - aqueles economistas já tinham traçado nas suas análises um cenário muito sombrio para a sustentabilidade da moeda única, que poderá soçobrar a curto prazo.
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