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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Notas do meu rodapé: Teixera dos Santos - um ministro irrealista ou irresponsável?

Teixeira dos Santos continua teimosamente a querer ignorar (pelo menos aparentemente) a gravíssima situação financeira do país, refugiando-se numa pretensiosa e descabida convicção de que as medidas previstas no "Plano de Estabilidade e Crescimento 2010-2013" serão suficientes para equilibrar as contas públicas e reduzir a dívida do Estado até ao limite imposto pelo "Pacto de Estabilidade e Crescimento", instituído quando da criação da moeda única. A favor da sua opinião, invoca a conseguida redução do défice entre 2005 e 2008, apontando-a como prova da capacidade operacional do anterior governo, ao mesmo tempo que esgrime a posição do seu homólogo alemão, que considerou a situação financeira de Portugal menos grave do que a da Grécia.
Os mercados financeiros não o ouviram, porque já perceberam que o problema das finanças públicas portuguesas é estrutural e radica na incapacidade da economia em gerar, nos próximos anos, as receitas necessárias para inverter a situação. E esta é a única leitura que se pode fazer no PEC, que se centra exclusivamente no corte cego das despesas, já que, e essa incapacidade é ocultada, não pode realisticamente prever um crescimento económico baseado no aumento das exportações. E esta é uma grande diferença em relação à situação de 2005, que não apresentava os obstáculos de uma crise internacional a diminuir a procura.
A desautorizar a sapiência do ministro, aparecem agora as declarações de dois prestigiados economistas, ambos galardoados com o Nobel e ambos com créditos firmados por terem antecipado nas suas previsões a iminência de uma crise mundial, que os políticos desvalorizaram. Nouriel Roubini disse que Portugal e a Grécia poderiam ter de abandonar a zona euro e Joseph Stiglitz não exclui a hipótese de Portugal ou a Espanha acabarem por falir.
Antes, e perante a situação grega e a incapacidade do Eurogrupo de ter soluções institucionais para ajudar os seus países em dificuldade - a ajuda da Europa à Grécia é um mero empréstimo com um juro de cinco por cento, superior ao praticado actualmente no mercado interbancário - aqueles economistas já tinham traçado nas suas análises um cenário muito sombrio para a sustentabilidade da moeda única, que poderá soçobrar a curto prazo.

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