Vídeo retirado do Grupo "Os Valores de Abril no Futuro de Portugal"
São imagens do rasto do tempo, que me rasgam a
memória dorida. O tempo das catacunbas e da escuridão, vivido na vigília da
noite, à espera das libertadoras alvoradas. Um tempo que nos esmagava o sonho e
cortava as asas e que nos impedia de voar em liberdade e uma dor profunda, pelo
povo que sofria nas amarras do silêncio e pelos soldados que morriam
ingloriamente, numa guerra bárbara e injusta.
Eu sei que esta dor não é compreendida pelos que
vieram depois daquela alvorada, porque se trata de uma dor da memória, apenas
sentida por quem a viveu e sofreu...
Para compreender a importância do 25 de Abril de
1974, é necessário, antes de tudo, perceber o que era Portugal, antes dessa
gloriosa data. As imagens, que hoje vos mostro, são elucidativas e dispensam as
palavras dos discursos de ocasião.
Pertenço à Geração de Abril. Pertenço à ultima
geração que participou na Guerra Colonial. Esta minha geração já é a única que
tem a memória viva do que eram eram aqueles tempos de chumbo e de miséria. E
esta geração, pelo ordenamento da leis da vida, está lentamente a desaparecer.
Temo que as gerações que se lhe seguiram, e talvez por nossa culpa, se esqueçam
dessa memória viva, e permitam que, por outras formas capciosas, Portugal regresse
aos tempos da escuridão.
Alexandre de Castro
2017 04 22
2 comentários:
Pensando, exactamente nisso
escrevi um livro
mal falo nisso
mas tenho esperança que meus netos o leiam
Por vezes, os avanços da História tropeçam nos alçapões dos retrocessos. E tenho medo que os povos percam a memória.
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