Amabilidade do João Fráguas
O 25 de Abril já não pode nem deve ser
celebrado, como se de uma peça de museu se tratasse. Se ele é uma relíquia, das
mais valiosas, da nossa História, que mobilizou um povo inteiro, como nunca
antes se tinha visto, também é certo que se constituiu num desígnio nacional
para moldar o futuro, partindo de um novo paradigma, de que em Portugal nunca
mais poderia ocorrer a negação das liberdades cívicas fundamentais nem permitir
a existência de regimes que promovessem a exploração do povo trabalhador e
agravassem as desigualdades sociais e económicas.
Se as liberdades e os direitos fundamentais
estão garantidos, devido à armadura constitucional, o mesmo não se pode dizer,
em relação à esfera económica e social. Neste campo, os três partidos, com
responsabilidades na governança, o PS, o PSD e o CDS, têm de assumir a suas
responsabilidades históricas, pela forma leviana, incompetente e, nalguns
casos, desonesta, como governaram o país, hipotecando-o para o futuro e
permitindo o regresso da extrema pobreza a muitas franjas da população
portuguesa. Isto seria motivo suficiente para erradicar esses partidos do mapa
político nacional e levar a julgamento os seus máximos responsáveis,
principalmente aqueles que actuaram de má-fé e em benefício próprio, e que foram
muitos. E, no futuro, os desígnios de Abril só poderão ser resgatados, se
aquele desiderato for atingido, o que só poderá acontecer, através de uma
solução radical, tal como foi radical a solução encontrada, há quarenta e três
anos, pelos militares de Abril.
Alexandre de Castro
VIVA
O 25 DE ABRIL!...
2017 04 24
2 comentários:
Comentário do meu amigo e meu antigo colega do Liceu de Lamego, João Fráguas, enviado por email, a completar, muito oportunamente, a informação sobre a passagem do General Humberto Delgado, por aquela cidade, durante a campanha presidencial de 1958, e em que ele destaca a exoneração fulminante do Reitor do Liceu, Dr Abrantes da Cunha, um dos grandes professores daquele tempo, e a quem eu muito fiquei a dever, por tudo que me ensinou na disciplina de Português:
" A de Lamego não houve fotografias. Fomos todos para Castro Daire, conforme combinação com o dito tio 'para não haver inconvenientes'. Santa inocência, No dia seguinte estávamos sem o nosso Reitor e com alguns pides a fazer alguns interrogatórios. Maldita foto.......Ate hoje não sei quem foi o fotografo. Coitados dos que eram funcionários públicos".
Obrigado, João.
Não tenho dúvidas de que Humberto Delgado foi uma fonte inspiradora para os militares portugueses, a partir do momento em que se percebeu que a Guerra Colonial estava irremediavelmente perdida, exigindo uma saída política, a fim de evitar uma escandalosa derrota no teatro de operações.
Na Guiné, em 1974, o domínio territorial já pertencia praticamente ao PAIGC. Em Moçambique - e aí eu tinha um conhecimento directo da situação, pois estava colocado no Quartel General, e, pelas minhas mãos, passavam os Relatórios das Operações Militares - cheguei à conclusão de que no Niassa e em Cabo Delgado as forças militares estavam reduzidas aos aquartelamentos das companhias, que tinham muitas dificuldades em movimentarem-se no terreno, em condições de segurança. Claro que os coronéis omitiam, nos seus relatórios, essa visão catastrófica.
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