Painel "Guernica" (1937), de
Pablo Picasso. Obra constante
no Museu Reina Sofia, em Madri, Espanha.
Fotografia: Museu Reina Sofia.
|
NO 80º ANIVERSÁRIO DO BOMBARDEAMENTO DA CIDADE BASCA DE
GUERNICA (1ª Parte)
(Homenagem do Alpendre
da Lua)
A TRISTE
HISTÓRIA DE GUERNICA, A OBRA-PRIMA DE PABLO PICASSO *
Conta-se
que durante a ocupação da França pelas forças nazis alemãs, na Segunda Guerra
Mundial, um oficial alemão, diante de uma réplica do painel Guernica, teria perguntado a Picasso se teria
sido ele o autor do famoso e trágico painel, ao que, rapidamente, Picasso
respondeu: "Não, foram vocês!".
Em Janeiro de 1937, o governo espanhol pediu a
Picasso que criasse uma obra para figurar no pavilhão da Espanha, na Exposição
Internacional de Paris, o que viria a aconteceria em Junho. Ao que parece, Picasso
não atravessava os seus dias mais criativos, mas, tragicamente, tudo mudou
quando recebeu notícias de um terrível bombardeio ocorrido na Espanha.
No dia 26 de Abril de 1937 [faz hoje 80 anos], a
cidade basca de Guernica havia sido arrasada por aviões da Alemanha nazi, que
testavam os seus novos equipamentos bélicos. Profundamente comovido pelas
fotografias dos jornais, que estampavam um trágico horror, Picasso decidiu
traduzir na tela o seu sentimento de repulsa à guerra e o da esperança na paz e
no progresso.
Trancado no seu atelier, durante um mês, e
estimulado pelas tristes imagens que dispunha em mãos, materializou e expôs, em
4 de Junho, aquilo que se tornaria a sua obra-prima: O painel de Guernica — posteriormente considerado um acertado e preciso
prognóstico do que iria acontecer durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Conta-se, embora não se tenha certeza, que
durante a ocupação da França pelos nazis alemães, na Segunda Guerra Mundial, um
oficial alemão, diante de uma réplica do painel, teria perguntado a Picasso se
teria sido ele o autor do famoso e trágico painel, ao que, rapidamente, Picasso
respondeu: "Não, foram vocês!".
A cidade de Guernica era pequena, mas amplamente
simbólica para o antigo povo basco. O ataque teria matado pelo menos 200
pessoas, mas o número de vítimas mortais foi, possivelmente superior a mil.
Guernica tinha apenas 6 mil habitantes, na época.
Naqueles anos, o país de Picasso vivia a Guerra
Civil Espanhola (1936-1939) — travada pelos nacionalistas do general Franco
(apoiados pela Alemanha nazi), contra o governo republicano do socialista
Caballero (apoiado pela União Soviética). Com a superioridade bélica alemã,
consubstanciada na Legião Condor, Franco ascendeu ao poder, em Espanha.
A cidadela foi bombardeada por dois motivos: o
general Franco teria desejado humilhar os bascos, sob o pretexto de eles terem
dado abrigo a algumas tropas inimigas, já vencidas; e, para os nazis alemães, o
bombardeamento foi apenas um teste de novas armas, orquestrado por Wolfram Von
Richthofen (primo do lendário Barão Vermelho). "Hermann Goering,
comandante da Luftwaffe (a força aérea alemã), revelou em 1946, durante
julgamento no Tribunal de Nuremberg, que Guernica foi um estupendo laboratório
para ensaiar sistemas de bombardeamento com projécteis explosivos e
incendiários, numa cidade aberta. O resultado da mórbida experiência tornou-se
o episódio mais lembrado da Guerra Civil." (TRACCO, 2007, p. 47)
Quando a Segunda Guerra Mundial deflagrou, em 1
de Setembro de 1939, o painel foi enviado aos Estados Unidos da América para
que fosse protegido e, tendo Picasso exigido, que aquela sua obra nunca deveria
regressar a Espanha, enquanto Franco estivesse vivo. O déspota morreu em 1975 e
a obra-prima, então, regressou, em1981, à sua casa definitiva, Museu Reina
Sofia, em Madrid.
·
Texto
originalmente publicado no Museu de Imagens.
© obvious
obvious:
[Texto
adaptado ao português de Portugal pelo administrador do Alpendre da Lua]
***«»***
O que significa o Quadro Guernica de Pablo Picasso **
O Quadro Guernica
de Pablo Picasso é uma das mais famosas pinturas do artista espanhol e uma das
mais conhecidas do cubismo. Esta obra de arte revela os efeitos provocados da
guerra na população de uma cidade.
Picasso inspirou-se no bombardeamento da cidade
Guernica, desencadeado no dia 26 de Abril de 1937. Nesse dia, aviões alemães da
Legião Condor destruíram quase completamente a cidade espanhola. Guernica (ou
Gernika em basco) é uma cidade da província da Biscaia, localizada na
comunidade autónoma do País Basco.
Por este motivo, este quadro tem também um
significado político e funciona como uma crítica à devastação causada pelas
forças nazis alemãs, aliadas ao ditador espanhol Franco. Outra possível
interpretação indica que o quadro Guernica
funciona como um símbolo da paz ou da anti-guerra.
Depois de terminado (demorou aproximadamente um
mês a ser terminado), o quadro fez uma digressão pelo mundo, tendo ficado internacionalmente
consagrado, e conseguindo atrair a atenção para o drama da Guerra Civil
Espanhola.
Com o início da Guerra Civil Espanhola (em
1936), o falecimento de sua mãe, em 1939, e o princípio da Segunda Guerra
Mundial, Picasso passou por uma fase depressiva. Algumas das suas obras,
criadas nessa altura, revelam o seu estado de espírito mais atormentado, como
se poderá ver, por exemplo, no quadro Guernica
e na série de "Dona Maar".
Quando deflagrou a Segunda Guerra Mundial, Picasso
resolveu emprestar a sua pintura ao Museu de Arte Moderna de Nova Iorque
(MoMA), onde esteve até 1981, ano em que regressou a Espanha.
Guernica é uma pintura a óleo
sobre tela, de grandes dimensões, com 7.76 metros de comprimento e 3.49 metros
de altura. Actualmente, esta pintura está exposta em Madrid, no Museu Reina
Sofia.
Análise do
quadro Guernica
O contexto histórico é essencial para
interpretar esta pintura. Naquela altura, finais dos anos trinta, do século
passado, a Espanha vivia um conflito entre as forças Republicanas e os
Nacionalistas liderados pelo General Francisco Franco. Os Nacionalistas
contaram com o apoio do exército nazi, e autorizaram os alemães a bombardearem
Guernica, como forma de testarem novas armas e novas táticas de guerra, que
viriam a ser usadas mais tarde na Segunda Guerra Mundial.
Depois do ataque destruidor, Pablo Picasso - que
residia em França - estava a trabalhar numa obra para apresentar numa Exibição
em Paris a pedido do Governo Republicano Espanhol, mas decidiu abandonar a sua
ideia original, para criar uma obra relacionada com o ataque em Guernica.
Cores
O preto e o branco foram as cores escolhidas
pelo o autor, e que servem para intensificar a sensação de drama causado pelo
bombardeamento.
Composição
Esta é uma obra cubista, pois inclui figuras
geometricamente decompostas, usando elementos surrealistas e técnicas que
seriam associadas ao cubismo.
O cavalo e o touro são dois dos elementos mais
destacados do quadro, sendo elementos muito populares na cultura espanhola. Uma
possível interpretação é que este bombardeamento selvagem representa um ataque
à cultura espanhola, uma tentativa de destruir os ideais defendidos pelos
cidadãos espanhóis.
Além disso, também é possível ver o horror
causado em seres humanos, com um soldado morto, no chão, uma mãe que chora a
morte do filho morto nos seus braços (esquerda do quadro), uma mulher em
desespero, enquanto a sua casa é destruída pelas chamas (direita do quadro),
uma mulher com a perna ferida, que tenta fugir de todo o caos provocado (no
centro da pintura) e uma mulher com um lampião, que parece iluminar o resto dos
elementos (no centro do quadro).
Alguns elementos parecem ter, dentro de si, algo
escrito, como se fossem formados por folhas de jornal. Isso indica a origem da
informação que chega ao pintor, sobre o ataque ocorrido em Guernica.
A espada quebrada representa a derrota do povo,
que foi quebrado pelos seus opositores, enquanto os edifícios em chamas indicam
a destruição não apenas em Guernica, mas a destruição causada pela Guerra
Civil.
** Página
da internet Significados
[Texto adaptado ao
português de Portugal pelo administrador do Alpendre
da Lua]
Ver também em Abril de Novo Magazine
Ver também em Abril de Novo Magazine
2017 04 26
Sem comentários:
Enviar um comentário