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Maya Plisetskaya - Bolero (choreography by Maurice Béjart)
E sabia os nomes que nasciam através dos cisnes
( a Maya Plisetskaya)
através
de um lírio esguio quase nada se ouve
só
a dança
só
a sombra. meia lua . fogo de luz. arte por excelência
ao
encontro do mais límpido cisne .
poema
grávido de futuro
antes
do espaço
antes
do tempo
o
que sai do gesto não é esperança
é
geometria entre corpo e ar
Deus
naquilo que se mostra e está sendo
cujo
nome desconheço
a
liberdade é um segredo sob um fio escuro
não
sol
não
sal
não
cabeça
antes
imensidão do lume
alegria
extrema que está no mundo!
ela
flutua em milhares de cílios
abelha
– centro numa colmeia de versos em movimento
batendo
as asas uns nos outros
flor
da vida em milhares de ruas
não
é silêncio. apenas júbilo: geometria pura
oh
excelso encontro no domínio da luz das fissuras
relâmpagos
lentos
fogo
fundo
ó
mãe -sangue em círculos de lúmen
rainha
que fala sem falar língua nenhuma!
de
ti regressa a espuma
o
mar
a
nuvem
a
deusa – lua
a
caixa branca onde existimos
o
poema que nos respira
a
descoberta de nós mesmos
a
corda de onde saímos
os
algarismos mínimos e os extremos
extraídos
de um poço que a infância trouxe
a
grande dança entre corpo e lume
rainha
do ar te chamam
e
eu digo: teu coração jorra de estrelas
teus
movimentos Nascem de martelos levíssimos
no
poema danças em círculos de ar e plumas
sem
que as lágrimas te alcancem.
© maria azenha
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Comentário: Maria Azenha ultrapassou os limites do
poema. Trouxe-nos nas palavras os desenhos geométricos do corpo da grande
bailarina, Maya Plisetskaya, na sua magistral interpretação do Bolero de Ravel.
No poema, as palavras elevam-se aos céus e também dançam oniricamente, assim
como Maya Plisetskaya escreve poemas com a vibração ritmada do seu corpo,
parecendo um “lírio esguio” ou um “límpido cisne”.
Neste poema, “em círculos de ar e plumas”, a
“poeta” e a bailarina ligaram-se uma à outra pelo traço de união da
genialidade, ao alcançarem o patamar do Belo e do Sublime.
O poema foi uma resposta ousada” à minha
proposta.
Obrigado, Maria Azenha.
AC
A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.
A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.
1 comentário:
Se não fosse a " provocação " era a não - palavra.
Vale a pena estar viva para pronunciar a palavra "Obrigada".
Obrigada, "Poeta" Alexandre de Castro.
maria azenha
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