O tudo ou nada do referendo na Grécia
A ideia de referendar a última proposta
apresentada pelo Eurogrupo ao governo grego foi uma jogada de mestre. Vai ser o
referendo do século. O governo não só passou o ónus de um eventual fracasso de
um acordo para as mãos dos credores institucionais (Comissão Europeia, FMU e
BCE), como vai conseguir que, pela primeira vez na história da UE, e de forma
indireta, os dirigentes das instituições europeias sejam sujeitos a um
escrutínio popular. Por isso, o pânico instalou-se em Bruxelas e em Berlim. Um
NÃO expressivo do povo grego irá rapidamente ampliar-se por toda a Europa, que
o tomará como seu. Se não ocorrer o efeito dominó, pelo menos será uma bomba ao
retardador, que poderá explodir em qualquer momento. Caso o NÃO vença, as
instituições europeias e os seus políticos e tecnocratas ficarão de rastos,
desprestigiados e enxovalhados, e nunca mais poderão falar de democracia. Há
dias, escrevi que, nestas atribuladas negociações, a Grécia estava a fazer uma
revolução de veludo, e o referendo poderá vir a ser a peça estratégica dessa
revolução, que poderá precipitar imprevisíveis acontecimentos nos países
europeus.
Os gregos estão a provar que é possível desafiar
a toda poderosa Alemanha e domesticar a
soberba de Angela Merkel. Se eles votarem pelo NÃO muita coisa vai mudar na
Europa. Caso contrário, se a opção for o SIM, haverá um grande recuo na luta
contra a austeridade, e Angela Merkel saberá certamente que a vingança se serve
fria.
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