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domingo, 13 de outubro de 2013

Poema: S/ Título - por maria azenha



Talvez até a Vida seja simples.
Os meus lábios são, por exemplo,
feitos de vento
e a minha voz é uma cortina de fumo
para me defender do frio.

Lembrei-me um dia
de cortar os dedos
para não mais escrever poesia.
(Nunca chorei tanto
em toda a minha Vida!...)

Hoje tenho a convicção das dunas,
sei que os meus cabelos
escrevem 365 livros por ano
e procuro sozinha o Infinito.

in "Coração dos relógios", Editora Pergaminho, 1998 - Lisboa, Portugal

A "poeta" maria azenha colabora regularmente no Alpendre da Lua.

2 comentários:

Mar Arável disse...

Que nunca lhe doam os relâmpagos

Sónia Micaelo disse...

Fazem falta estes dedos...
Muito belo, este poema.

Beijo
Sónia