O presidente do Banco Central Europeu (BCE),
Mario Draghi, disse hoje que a instituição está pronta a "usar todos os
instrumentos à sua disposição", caso seja necessário e face a um
crescimento ainda frágil da zona euro.
"Estamos prontos para usar todos os
instrumentos à nossa disposição" para apoiar a atividade de crédito na
zona euro, disse Draghi numa conferência de imprensa em Paris, acrescentando
que o BCE vai manter a sua política monetária acomodatícia "enquanto for
necessário".
Draghi fez estas declarações em Paris, cidade em
que excecionalmente se realizou a reunião mensal do Conselho de Governadores,
depois de ter sido conhecido que a taxa de juro de referência se mantém no
mínimo histórico de 0,5%, nível definido em maio.
O presidente do BCE adiantou que, entre os
instrumentos que o BCE poderá usar, está uma nova linha de crédito de longo
prazo (LTRO, na sigla em inglês).
“Nós não excluímos nenhuma opção”, disse o
italiano Mario Draghi.
No final de 2012 e início deste ano, através de
duas operações, o BCE injetou um bilião de euros no sistema bancário europeu em
empréstimos com o prazo de três anos.
Notícias ao Minuto
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É do interesse da Alemanha e de outros países
ricos da Europa manter a estabilidade do euro e resguardá-lo de um terramoto
financeiro, caso um dos países submetidos aos planos de austeridade venha a
claudicar. Também é do interesse da Alemanha e desses países mais ricos manter
o euro com um valor cambial elevado, muito acima da produtividade das economias
europeias mais frágeis. Um euro forte permite um afluxo acrescido de capitais
às Bolsas de Valores desses países, o que permite o financiamento das suas respetivas
economias.
Mas este processo está a ser mantido à custa das
políticas de austeridade impostas aos países periféricos, convocados a fazerem
poupanças dolorosas para pagar ao BCE valores monetários elevados, resultantes
dos juros dos empréstimos da troika, valores estes que, por sua vez, são
canalizados para os bancos comerciais europeus, com uma taxa de juro de um por
cento, para que estes, a médio prazo, possam conseguir limpar os ativos tóxicos
resultantes da grande onda especulativa, que conduziu à grande crise
financeira.
Desta forma ardilosa, está a operar-se uma
gigantesca transferência da riqueza gerada nos países periféricos para as
economias da Alemanha e de outros países ricos da UE. E, em cada país
periférico, os respetivos governos, inteiramente alinhados com os interesses do
grande capital financeiro, encarregam-se de fazer incidir a poupança forçada
sobre os rendimentos do trabalho e os das pensões. São os trabalhadores e os
pensionistas dos países periféricos que estão a pagar a crise europeia.
Sob a forma de juros, e recorrendo aos
cálculos do Ministério das Finanças, efetuados em 2011, Portugal, até meados da década de vinte, irá pagar cerca de metade do valor dos empréstimos
recebidos através da troika. O valor total dos empréstimos da troika,
em meados do próximo ano, quando terminar o período do atual programa de
ajustamento (?), atingirá o valor de 78 mil milhões de euros (cerca de 45 por
cento do PIB atual). Os juros a pagar ao BCE (referentes aos empréstimos com maturidade média
de 12 anos, a uma taxa de juro média de quatro por cento) e ao FMI (referentes aos empréstimos
com maturidade média de sete anos e com uma taxa de juro de cinco por cento, à
qual acresce um spread), estão estimados em 34.400 milhões de euros.
Quer dizer: até 2026, Portugal andará a
trabalhar para uma dívida, que lhe foi imposta e que os partidos do "arco da
traição" aceitaram pagar sem pestanejar, sujeitando o povo a duros e insuportáveis sacrifícios. E se o panorama para o futuro, perante os
compromissos assumidos com este programa de ajustamento, já é sombrio e
aterrador, o que dizer se Portugal vier a assumir um novo resgate, através da
troika, ou se vier a enquadrar-se no denominado “programa cautelar”, junto
do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e do programa de compra de
obrigações soberanas (OMT) junto do BCE? Será a tragédia de um povo que,
durante oito séculos, apenas saboreou alguma prosperidade e viveu com alguma
dignidade, durante duas décadas, e que, atualmente, está a correr o risco de regressar à pobreza, de
perder o Estado Social e de ver pervertido o Estado de Direito (um e outro conquistados com a revolução de 25 de Abril).
2 comentários:
Esse é um preço demasiado alto para podermos continuar nesse projecto do euro que só interessa aos ricos estados do norte europeu.
Totalmente de acordo, Ricardo. E quem assim não pensa, ou está a ser enganado ou quer enganar os outros.
Obrigado pela visita.
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