É preciso desmontar os argumentos dos teóricos
do aventureirismo esquedista
Raquel Varela, numa publicação recente, resolveu
alinhar pela argumentação enviesada de todos aqueles que, afirmando-se de
esquerda, estão sempre disponíveis para atacar as posições da Intersindical e
do Partido Comunista Português.
O artigo referido é altamente tendencioso e
perigoso, pela indisfarçável intenção de atingir o prestígio da CGTP. Apesar de
todo o respeito que me merece a historiadora e investigadora Raquel Varela, eu
não posso aceitar a sua opinião, quando afirma "Contudo, o recuo da CGTP,
que implica a aceitação de que o Governo é senhor da lei e pode aplicá-la como
quiser, mostra que o país não tem só um problema de Governo, mas um sério de
problema de ausência real de oposição".
A Intersindical procedeu bem em não desafiar o
Governo, obedecendo à proibição de realizar um cortejo pedestre pelo tabuleiro
da Ponte 25 de Abril. Seria dar um pretexto ao Governo para desencadear cargas
policiais sobre os manifestantes e de poder vir, logo no dia seguinte, a
desencadear uma campanha mediática contra a Intersindical, apelidando-a de uma
central de “arruaceiros” e “desordeiros”. Desafiar o Governo e a polícia, desta
maneira inútil e prosaica, seria matar a possibilidade de, no futuro, vir a mobilizar os trabalhadores para novas manifestações, que se pretende que
atinjam sempre um grande impacto. Veja-se o que aconteceu no ano passado com as
manifestações espontâneas de grupos independentes, junto da Assembleia da
Republica. Bastou uma encenada provocação da própria polícia, a justificar uma
carga violenta sobre os manifestantes, e aquele tipo de manifestações acabou.
Nunca mais se fez uma manifestação junto da Assembleia da República.
Por outro lado, a CGTP já alcançou duas vitórias: obrigou o governo a mostrar o seu medo e a ter de recorrer a uma impopular
medida de cerceamento das liberdades, o que veio favorecer a CGTP, que assim
conseguiu multiplicar o número de adesões à sua iniciativa de fazer uma grande
concentração em Alcântara, decidindo que o percurso no tabuleiro da ponte seria
feito pelos mais de quatrocentos de autocarros que hoje rumarão até Lisboa, o
que, só por si, é já uma grande manifestação.
Não pode haver aventureirismos nestas coisas,
tal como na guerra, pois nenhum general manda às cegas os seus exércitos lutar contra
um inimigo, sabendo de antemão que não o poderá vencer. A Drª Raquel Varela que
organize uma manifestação com os seus amigos do minúsculo Bloco de Esquerda e
que se atreva a desobedecer à proibição governamental, oferecendo o seu corpo à
violência policial. É o mínimo de coerência que se lhe exige.
Alexandre de Castro
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