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sábado, 19 de outubro de 2013

Nota do meu rodapé: É preciso desmontar os argumentos dos teóricos do aventureirismo esquedista


É preciso desmontar os argumentos dos teóricos do aventureirismo esquedista

Raquel Varela, numa publicação recente, resolveu alinhar pela argumentação enviesada de todos aqueles que, afirmando-se de esquerda, estão sempre disponíveis para atacar as posições da Intersindical e do Partido Comunista Português.
O artigo referido é altamente tendencioso e perigoso, pela indisfarçável intenção de atingir o prestígio da CGTP. Apesar de todo o respeito que me merece a historiadora e investigadora Raquel Varela, eu não posso aceitar a sua opinião, quando afirma "Contudo, o recuo da CGTP, que implica a aceitação de que o Governo é senhor da lei e pode aplicá-la como quiser, mostra que o país não tem só um problema de Governo, mas um sério de problema de ausência real de oposição".
A Intersindical procedeu bem em não desafiar o Governo, obedecendo à proibição de realizar um cortejo pedestre pelo tabuleiro da Ponte 25 de Abril. Seria dar um pretexto ao Governo para desencadear cargas policiais sobre os manifestantes e de poder vir, logo no dia seguinte, a desencadear uma campanha mediática contra a Intersindical, apelidando-a de uma central de “arruaceiros” e “desordeiros”. Desafiar o Governo e a polícia, desta maneira inútil e prosaica, seria matar a possibilidade de, no futuro, vir a mobilizar os trabalhadores para novas manifestações, que se pretende que atinjam sempre um grande impacto. Veja-se o que aconteceu no ano passado com as manifestações espontâneas de grupos independentes, junto da Assembleia da Republica. Bastou uma encenada provocação da própria polícia, a justificar uma carga violenta sobre os manifestantes, e aquele tipo de manifestações acabou. Nunca mais se fez uma manifestação junto da Assembleia da República.
Por outro lado, a CGTP já alcançou duas vitórias: obrigou o governo a mostrar o seu medo e a ter de recorrer a uma impopular medida de cerceamento das liberdades, o que veio favorecer a CGTP, que assim conseguiu multiplicar o número de adesões à sua iniciativa de fazer uma grande concentração em Alcântara, decidindo que o percurso no tabuleiro da ponte seria feito pelos mais de quatrocentos de autocarros que hoje rumarão até Lisboa, o que, só por si, é já uma grande manifestação.
Não pode haver aventureirismos nestas coisas, tal como na guerra, pois nenhum general manda às cegas os seus exércitos lutar contra um inimigo, sabendo de antemão que não o poderá vencer. A Drª Raquel Varela que organize uma manifestação com os seus amigos do minúsculo Bloco de Esquerda e que se atreva a desobedecer à proibição governamental, oferecendo o seu corpo à violência policial. É o mínimo de coerência que se lhe exige.
Alexandre de Castro

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