O amigo alemão e a voz do dono |
Vítor Gaspar considera que foi alimentada “uma considerável confusão no debate público em Portugal”, a propósito da possibilidade de o pacote de medidas negociadas para a Grécia serem extensíveis a outros países sob programa de ajustamento, no qual se inseria o programa português.
O ministro das Finanças fez estas declarações no final da reunião do Eurogrupo, onde se encontrou com Wolfgang Schäuble, o responsável pelo tesouro alemão que, horas antes, tinha “aconselhado” o governo português a “não dar o passo” no sentido de pedir a equiparação das medidas.
Recorde-se que o ministro Vítor Gaspar adiantou na Assembleia da República que “Portugal e Irlanda, de acordo com o princípio de igualdade de tratamento, serão beneficiados pelas condições abertas no quadro do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira”.
Mas, ontem, o ministro alemão trouxe Gaspar à realidade colocando um ponto final no assunto, ao afirmar no Parlamento Europeu que “seria um sinal terrível” que Portugal pedisse condições equiparadas às do programa grego. O ministro francês das Finanças, que também estava presente concordou.
O ministro alemão das Finanças colocou ontem um ponto final na expectativa criada em torno da possibilidade de Portugal vir a beneficiar de condições idênticas às decididas na última reunião do Eurogrupo, a propósito do futuro da dívida grega. Antes da reunião do Eurogrupo, os Gaspar e Schäuble encerraram o assunto.
“Eu não aconselharia Portugal a dar esse passo porque a comparação com a Grécia não me parece adequada”, afirmou Wolfgang Schäuble, no Parlamento Europeu
Dinheiro Vivo
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Com amigos destes, eu prefiro ter inimigos...
Em relação a este lamentável incidente, em que Portugal foi duplamente humilhado, impõe-se tirar a seguinte conclusõão:
Portugal é um pau mandado da Alemanha. Nunca, na nossa longa História de mais de oito séculos, existiu um governo como o atual, totalmente disponível para ser teleguiado por uma potência estrangeira, neste caso, a Alemanha. Salazar levantou a bandeira do "orgulhosamente sós", a sinalizar a independência do país, com a arrogância de um ditador, cego e surdo à luz e ao ruído de um mundo que estava a mudar. Vítor Gaspar ergue o cartaz do "orgulhosamente sós" da mais execrável subserviência. Vítor Gaspar, que não passa de uma metáfora do Excel, parece um menino de coro a papaguear o discurso encomendado por Angela Merkel e por Wolfgang Schäuble. E a primeira vez que ele se atreveu a reproduzir a voz de um outro dirigente da Europa, de segunda categoria, o luxemburguês Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, levou logo um puxão de orelhas de Wolfgang Schäuble, que o desautorizou no Parlamento Europeu, humilhando-o. Vítor Gaspar, que quer continuar a ser considerado o melhor aluno do clube do euro (um cargo europeu espera por ele, certamente), prometeu cumprir o castigo, que lhe foi imposto, e que consiste em dizer vinte vezes que foram os jornalistas a interpretar mal as suas palavras. Será desmentido.
Uma nota para a França. Afinal, Hollande, quer na política interna, quer na política externa, e, particularmente, em relação a Portugal neste caso específico, o da extensão a Portugal das condições mais favoráveis dadas à Grécia, aliviando-lhe um pouco a carga dos juros da dívida pública e, ao mesmo tempo, prolongando a respetiva maturidade, desmente nas ações concretas as promessas que fez na campanha eleitoral das presidenciais francesas. A sua solidariedade, em relação à Grécia e Portugal, esfumou-se. Não se diferencia nada do seu antecessor. Exceto num aspeto: Sarkozy beijava melhor Angela Merkel, nos grotescos espetáculos do circo das conferências europeias.
Uma nota para a França. Afinal, Hollande, quer na política interna, quer na política externa, e, particularmente, em relação a Portugal neste caso específico, o da extensão a Portugal das condições mais favoráveis dadas à Grécia, aliviando-lhe um pouco a carga dos juros da dívida pública e, ao mesmo tempo, prolongando a respetiva maturidade, desmente nas ações concretas as promessas que fez na campanha eleitoral das presidenciais francesas. A sua solidariedade, em relação à Grécia e Portugal, esfumou-se. Não se diferencia nada do seu antecessor. Exceto num aspeto: Sarkozy beijava melhor Angela Merkel, nos grotescos espetáculos do circo das conferências europeias.