Tanto tempo para chegar ao fim do tempo!...
Tantas sementes lançadas ao vento 
nesse mundo novo que se fez Império!... 
Tanto mar salgado, rasgado e navegado 
e tanta terra gentia descoberta!... 
Tanto ferro para tanta cruz, 
tantos braços para todas as alfaias e espadas!... 
Tanta pedra para os padrões, 
erguidos em recônditas praias!... 
Tantas igrejas e fortalezas 
tantas opulentas grandezas 
tantas alegrias coloridas a entronizarem o Destino
e tantas tristezas cinzentas a golpearem o tempo!... 
Tanto tempo para ver a árvore nascer 
para depois, sem lucro, sem glória e sem poder, 
a ver morrer!... 
Tanto tempo para as joias e os dedos perder!... 
Tanto tempo!... 
Tanto tempo para chegar ao fim do tempo!...
Alexandre de Castro
Lisboa, Dezembro de 2012 
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Nota do autor: À primeira vista, este poema poderá vir a correr o risco de ser interpretado como uma narrativa saudosista de pendor colonialista, que exprimisse a nostalgia do império. Não! Não é! 
No passado, fui um militante anticolonialista, que enfrentou perigos, e hoje sou um militante que assume uma frontal oposição contra um colonialismo de novo tipo, que não necessita de assegurar militar e administrativamente a ocupação territorial dos países, sobre os quais um novo tipo de fascismo - o fascismo financeiro internacional – está a querer exercer o seu domínio, de forma cruel e humilhante. Portugal é um desses países que está a ser vítima da nova barbárie, a dos grandes e farisaicos agiotas - os internacionais e os indígenas - e a dos seus serventuários políticos, que agem sob as suas ordens.
Este poema (pobre na métrica e falido na estrutura e no tema) pretende apenas colocar uma questão de primordial importância, através de uma pergunta muito incómoda: Teria valido a pena construir este país com oito séculos de História, com todas as suas grandezas e todas as suas misérias, e que, agora, está à beira de um descomunal abismo, onde irá suicidáriamente precipitar-se, por culpa da incúria, da incompetência, do nepotismo, da criminosa conivência com interesses contrários ao bem público das elites políticas, económicas, financeiras e culturais? Deixo a pergunta e o poema à reflexão dos leitores.
