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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

O grande problema estrutural da economia portuguesa é o euro…


Portugal “fica mal na fotografia quando comparado com quase todos os países do mundo”, no que diz respeito ao endividamento do Estado e do setor privado, lamenta a agência Fitch. Para que o “rating” suba e saia de “lixo”, terá de haver “mudanças estruturais”, avisa o analista responsável pela notação de risco de Portugal. A Fitch avisa que estará atenta a qualquer solução para a banca (Novo Banco, crédito malparado) que afete as contas públicas.
As declarações foram proferidas por Federico Barriga Salazar, diretor da Fitch, durante a conferência que a agência Fitch realiza anualmente em Lisboa.

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O grande problema estrutural da economia portuguesa é o euro…

O grande problema estrutural na economia portuguesa, e que se transformou num verdadeiro colete de forças, é o euro. E isto, porque esta moeda tem um valor cambial desajustado, relativamente à produtividade da sua economia, o que é um travão ao aumento das exportações. E sem um aumento vigoroso das exportações e do investimento público e privado, Portugal não poderá ver a sua economia crescer, e a criar excedentes para pagar a dívida. Isto é óbvio. Se um comerciante não aumentar as vendas, em relação ao ano anterior, não poderá, para o ano seguinte, aumentar os vencimentos aos seus funcionários, a não ser que aceite ver reduzidos os seus lucros. E não há ninguém, à esquerda e à direita, que ande no mercado para perder dinheiro, antes pelo contrário. E este comerciante, confrontado com a descida de vendas, em relação ao ano anterior, até seria tentando a baixar os salários, se pudesse, para assim salvar o seu lucro. Foi o que fez a troika, em Portugal, ao promover a desvalorização salarial, que chegou aos vinte por cento, na esperança de que, com essa desvalorização, os produtos e serviços ganhariam uma competitividade, que impulsionaria o aumento das exportações. O plano,  que foi gizado pela Alemanha, por conselho dos seus cinco sábios em economia (conselheiros do governo), para que o resgate dos países do sul da Europa não afectasse a estabilidade da moeda única fracassou. Em Portugal, as exportações não cresceram o suficiente. E compreende-se. Portugal, no mercado externo, está a competir com economias de países que produzem o mesmo, a preços mais baixos.
Em face disto, Portugal só tem um caminho de esperança, para recuperar a normalidade, em relação à sua gigantesca dívida. Criar uma moeda própria, que possa desvalorizar, para ganhar competitividade externa, e, ao mesmo tempo, desvincular-se do Tratado Orçamental, para poder gerir, com independência, e de acordo com o estado da economia, o seu Orçamento de Estado.
Alexandre de Castro
2017 01 26

1 comentário:

Alexandre de Castro disse...

A UE não é aquele espaço de solidariedade, em que nos fizeram querer acreditar (e ainda fazem). É, simplesmente, um espaço de negócio, puro e duro, em que, quem mais ganha, são sempre os mais fortes. E foi, através do euro e da dívida, que esse negócio prosperou. É este o problema central de Portugal, do qual derivam outros problemas. O resto é fantasia e propaganda, histórias para encantar crianças.