Portugal “fica mal na fotografia quando
comparado com quase todos os países do mundo”, no que diz respeito ao
endividamento do Estado e do setor privado, lamenta a agência Fitch. Para que o
“rating” suba e saia de “lixo”, terá de haver “mudanças estruturais”, avisa o
analista responsável pela notação de risco de Portugal. A Fitch avisa que
estará atenta a qualquer solução para a banca (Novo Banco, crédito malparado) que
afete as contas públicas.
As declarações foram proferidas por Federico
Barriga Salazar, diretor da Fitch, durante a conferência que a agência Fitch
realiza anualmente em Lisboa.
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O grande
problema estrutural da economia portuguesa é o euro…
O grande problema estrutural na economia
portuguesa, e que se transformou num verdadeiro colete de forças, é o euro. E
isto, porque esta moeda tem um valor cambial desajustado, relativamente à
produtividade da sua economia, o que é um travão ao aumento das exportações. E
sem um aumento vigoroso das exportações e do investimento público e privado,
Portugal não poderá ver a sua economia crescer, e a criar excedentes para pagar
a dívida. Isto é óbvio. Se um comerciante não aumentar as vendas, em relação ao
ano anterior, não poderá, para o ano seguinte, aumentar os vencimentos aos seus
funcionários, a não ser que aceite ver reduzidos os seus lucros. E não há
ninguém, à esquerda e à direita, que ande no mercado para perder dinheiro,
antes pelo contrário. E este comerciante, confrontado com a descida de vendas,
em relação ao ano anterior, até seria tentando a baixar os salários, se
pudesse, para assim salvar o seu lucro. Foi o que fez a troika, em Portugal, ao
promover a desvalorização salarial, que chegou aos vinte por cento, na
esperança de que, com essa desvalorização, os produtos e serviços ganhariam uma
competitividade, que impulsionaria o aumento das exportações. O plano,
que foi gizado pela Alemanha, por conselho dos seus cinco sábios em
economia (conselheiros do governo), para que o resgate dos países do sul da
Europa não afectasse a estabilidade da moeda única fracassou. Em Portugal, as
exportações não cresceram o suficiente. E compreende-se. Portugal, no mercado
externo, está a competir com economias de países que produzem o mesmo, a preços
mais baixos.
Em face disto, Portugal só tem um caminho de
esperança, para recuperar a normalidade, em relação à sua gigantesca dívida.
Criar uma moeda própria, que possa desvalorizar, para ganhar competitividade
externa, e, ao mesmo tempo, desvincular-se do Tratado Orçamental, para poder
gerir, com independência, e de acordo com o estado da economia, o seu Orçamento
de Estado.
Alexandre
de Castro
2017 01 26
1 comentário:
A UE não é aquele espaço de solidariedade, em que nos fizeram querer acreditar (e ainda fazem). É, simplesmente, um espaço de negócio, puro e duro, em que, quem mais ganha, são sempre os mais fortes. E foi, através do euro e da dívida, que esse negócio prosperou. É este o problema central de Portugal, do qual derivam outros problemas. O resto é fantasia e propaganda, histórias para encantar crianças.
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