No nosso suplemento dedicado à economia
real fique a saber isto: o crédito ao consumo está, de novo, a bater recordes -
e já atingiu um novo máximo desde a saída da Troika. É uma boa notícia? Depende
da perspetiva, mas uma coisa é certa: quando há booms no consumo é porque
estamos a ver aumentar as esperanças num futuro melhor.
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A equação do aumento do crédito ao consumo poderá não ser boa para o país
O aumento do crédito ao consumo seria uma
notícia satisfatória (não boa, e já se explica porquê), se esse crédito fosse
dirigido essencialmente para o consumo interno, ou seja, para a compra de bens
e serviços nacionais. Se, pelo contrário, esse crédito se dirige,
predominantemente, para a compra de bens finais, estrangeiros, então será uma
má notícia, a não ser que o sector produtivo nacional compense o desequilíbrio
provocado com o respectivo aumento das exportações, aumento este que está a ser
cada vez mais difícil, devido à conjuntura internacional e ao elevado nível de
competição dos mercados exportadores. Já a importação de bens intermédios (por
exemplo, equipamentos) não seria tão gravosa, pois o desequilíbrio provocado
balança comercial, seria compensado nos anos seguintes, com o aumento da
produção. Para ser mais directo: o consumo de bens finais, comprados no
estrangeiro, constituem-se num constrangimento para o aumento do PIB, já que as
importações não entram no seu cálculo, como é evidente.
Mas ainda há um outro motivo, para que a
notícia referida nunca possa ser considerada boa. E esse motivo é o
endividamento das famílias, que já poderá
estar a ser excessivo, em relação ao
nível dos rendimentos auferidos, e que, no futuro, poderá provocar muitos
amargos de boca, tal como no passado recente.
A memória das pessoas é curta, e,
desgraçadamente, vive-se uma gigantesca onda consumista, atiçada por doses
maciças de publicidade.
Claro que, tudo o que se disse aqui,
não agradará aos banqueiros, que são os únicos que, nesta perversa cadeia,
ganham com o negócio.
Alexandre de Castro
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