Fico à espera…
O grande problema, que já é estrutural, da economia
portuguesa é a sua gigantesca dívida soberana. Se nada mudar na Europa, em
relação ao sistema monetário, Portugal, para pagar essa dívida e os respectivos
juros, terá de ter, durante os próximos vinte anos, um crescimento do PIB, na
ordem dos cinco a seis por cento, caso não haja inflação acima dos dois
por cento. E para obter esse crescimento, Portugal tem de fazer o seguinte:
1º Aumentar
o investimento produtivo, o público e o privado, o nacional e o estrangeiro.
2º Tem de
promover a produção bens nacionais, que substituam a importação de produtos
congéneres, para diminuir as importações.
3º Tem de aumentar significativamente as exportações, tarefa ciclópica, que se revela
impossível, pois com uma moeda de elevado valor cambial, a competitividade
externa diminui, face às economias concorrentes.
Ao fim de
cinco anos de crise e de uma cega austeridade que se baseou na desvalorização dos salários e das pensões, como meio de aumentar a referida competitividade
externa, a melhoria dos índices macro económicos é ridícula e manifestamente
insuficiente. A economia anda a passo de caracol, quando seria necessário que
corresse a galope, sem parar.
Não há
horizonte para o futuro, enquanto Portugal não recuperar o poder monetário e
cambial, que perdeu com a acrítica adesão à moeda única, e também o poder orçamental,
que também perdeu ao assinar, de cruz, o Tratado Orçamental. Sem estes dois
instrumentos estratégicos (moeda e orçamento), nenhum governo será capaz de
vencer a crise.
Aqueles - que entre dirigentes políticos, nacionais e europeus, economistas e
jornalistas de economia, e simples cidadãos, esbracejam e protestam, quando
alguém sugere a saída de Portugal da moeda única e o corte com o espartilho
orçamental - que apresentem um credível modelo alternativo, coerentemente
ancorado na ciência económica. Que nos digam como é que Portugal vai ganhar
excedentes para pagar a dívida?
Fico à
espera.
Alexandre de Castro
2017 01 16