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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Fico à espera…


Fico à espera…

O grande problema, que já é estrutural, da economia portuguesa é a sua gigantesca dívida soberana. Se nada mudar na Europa, em relação ao sistema monetário, Portugal, para pagar essa dívida e os respectivos juros, terá de ter, durante os próximos vinte anos, um crescimento do PIB, na ordem dos cinco a seis por cento, caso não haja inflação acima dos dois por cento. E para obter esse crescimento, Portugal tem de fazer o seguinte:

1º Aumentar o investimento produtivo, o público e o privado, o nacional e o estrangeiro.

2º Tem de promover a produção bens nacionais, que substituam a importação de produtos congéneres, para diminuir as importações.

3º Tem de aumentar significativamente as exportações, tarefa ciclópica, que se revela impossível, pois com uma moeda de elevado valor cambial, a competitividade externa diminui, face às economias concorrentes.

Ao fim de cinco anos de crise e de uma cega austeridade que se baseou na desvalorização dos salários e das pensões, como meio de aumentar a referida competitividade externa, a melhoria dos índices macro económicos é ridícula e manifestamente insuficiente. A economia anda a passo de caracol, quando seria necessário que corresse a galope, sem parar.

Não há horizonte para o futuro, enquanto Portugal não recuperar o poder monetário e cambial, que perdeu com a acrítica adesão à moeda única, e também o poder orçamental, que também perdeu ao assinar, de cruz, o Tratado Orçamental. Sem estes dois instrumentos estratégicos (moeda e orçamento), nenhum governo será capaz de vencer a crise.

Aqueles - que entre dirigentes políticos, nacionais e europeus, economistas e jornalistas de economia, e simples cidadãos, esbracejam e protestam, quando alguém sugere a saída de Portugal da moeda única e o corte com o espartilho orçamental - que apresentem um credível modelo alternativo, coerentemente ancorado na ciência económica. Que nos digam como é que Portugal vai ganhar excedentes para pagar a dívida?
Fico à espera.
Alexandre de Castro

2017 01 16