Lars Rasmussen _ primeiro-ministro da Dinamarca |
Na
Dinamarca não há fungagá da bicharada
Se os direitinhas lusos, que, logo a seguir às
eleições legislativas de quatro de Outubro, começaram a "vomitar",
até à exaustão, o estafado argumento do partido mais votado, fossem
dinamarqueses, teriam trucidado Lars Rasmussen, que, no rescaldo das últimas
eleições, na Dinamarca, foi indigitado primeiro-ministro, pela rainha, tendo
saído da lista de deputados do terceiro partido mais votado. E os dirigentes
dos dois partidos, que se posicionaram no primeiro e segundo
lugares, respectivamente, em relação ao número de votos obtidos, não foram
montar a barraca para a Feira da Ladra, a protestar.
Falta à direita política portuguesa a cultura
cívica necessária para poder ser respeitada. Presidente da República,
primeiro-ministro e ministros, do anterior governo, e deputados do PSD e do CDS
assumiram um comportamento vergonhoso, no período pós-eleitoral, ao quererem
manter a todo o custo os partidos da direita no poder, não se inibindo em
tentar subverter a Constituição, distorcendo grosseiramente a interpretação do
seu artigo 187º, que reza assim: "O Primeiro-Ministro é nomeado pelo
Presidente da República, ouvidos os partidos representados na Assembleia da
República e tendo em conta os resultados eleitorais". Se os deputados
constituintes tivessem querido dizer que seria nomeado primeiro-ministro o
primeiro deputado da lista do partido mais votado, tê-lo-iam expressado
textualmente. E não o fizeram, e muito bem, pois previram que, em função dos
resultados eleitorais, pudesse surgir um quadro parlamentar que não suportasse
tal solução, em termos de sustentabilidade e durabilidade do respectivo
executivo. Foi o que aconteceu ao governo imposto por Cavaco Silva. Caiu, não
resistindo à maioria de deputados da oposição, que aprovou em bloco a moção de
rejeição.
O Presidente da República, devido à sua
empedernida teimosia, sustentada por um enviesado e perverso preconceito, por
um viscoso e aberrante fundamentalismo ideológico e por um doentio
partidarismo, prejudicou a economia do país, ao, através do seu jogo palaciano
dilatório, provocar o atraso da elaboração do Orçamento de Estado de 2016, que
só será aprovado lá para meados de Fevereiro.
Por outro lado, com as suas delongas premeditadas, a fim de dar tempo e espaço à direita, para descarregar todo o veneno acumulado sobre a esquerda e continuar a martelar o argumento do partido mais votado, Cavaco Silva provocou, desnecessariamente, uma crispação na sociedade portuguesa, o que não é saudável para a democracia, que nunca pode ser desvirtuada no plano ético.
Por outro lado, com as suas delongas premeditadas, a fim de dar tempo e espaço à direita, para descarregar todo o veneno acumulado sobre a esquerda e continuar a martelar o argumento do partido mais votado, Cavaco Silva provocou, desnecessariamente, uma crispação na sociedade portuguesa, o que não é saudável para a democracia, que nunca pode ser desvirtuada no plano ético.
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