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domingo, 18 de outubro de 2015

Trechos de um discurso incisivo e objectivo de Jerónimo de Sousa

Jerónimo de Sousa com o candidato Edgar Silva

Um problema que se revela cada vez mais sério e com consequências preocupantes na democracia portuguesa é este domínio quase absoluto dos grandes interesses e dos grupos económicos e dos seus arautos no sistema mediático, onde a pluralidade de opinião se vem extinguindo e a isenção no comentário político-ideológico é uma raridade.
Os despautérios que vimos, ouvimos e lemos de uns, o tom de arrogância que alguns manifestavam nas suas invetivas contra o PCP, a raiva incontida de outros perante a mera hipótese de que da nova Assembleia da República pudesse sair um Governo que não é do PSD e do CDS revelam bem até onde pretendem ir os interesses dominantes na sua campanha antidemocrática e desestabilizadora.
Toda a argumentação para demonstrar que os votos que servem as suas pretensões são votos de primeira e os que não servem são votos de segunda. Os que antes peroravam abundantemente e lastimavam que o PCP não saísse do conforto do 'partido de protesto' - que nunca fomos - para tentar demonstrar a inutilidade do voto no PCP, ei-los agora a clamar 'aqui d'el rei' numa encenação catastrofista, empenhados numa despudorada campanha, numa tentativa de exclusão.
Uma coisa é certa: nada impede o PS de formar governo e entrar em funções,  mesmo num quadro em que o PS insista no seu programa e que não seja possível - o que de facto não é fácil - encontrar uma convergência sobre um programa de governo, nem assim se pode concluir que a solução seja um governo PSD/CDS.
O problema está em saber se o PS escolhe entre dar o aval e apoio à formação de um governo PSD/CDS ou tomar a iniciativa de formar um governo que tem garantidas condições para a sua formação e entrada em funções. Há quem possa considerar estranha esta afirmação.
A Constituição não impõe a escolha de um primeiro-ministro entre os dirigentes do partido ou coligação mais votados. o que conta verdadeiramente e determina as soluções para a governação são as maiorias que se formem na Assembleia da República e dão suporte a um governo e não a um partido com mais votos.

Jerónimo de Sousa

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