Jerónimo de Sousa com o candidato Edgar Silva |
Um problema que se revela cada vez mais sério e
com consequências preocupantes na democracia portuguesa é este domínio quase
absoluto dos grandes interesses e dos grupos económicos e dos seus arautos no
sistema mediático, onde a pluralidade de opinião se vem extinguindo e a isenção
no comentário político-ideológico é uma raridade.
…
Os despautérios que vimos, ouvimos e lemos de
uns, o tom de arrogância que alguns manifestavam nas suas invetivas contra o
PCP, a raiva incontida de outros perante a mera hipótese de que da nova
Assembleia da República pudesse sair um Governo que não é do PSD e do CDS
revelam bem até onde pretendem ir os interesses dominantes na sua campanha
antidemocrática e desestabilizadora.
…
Toda a argumentação para demonstrar que os votos
que servem as suas pretensões são votos de primeira e os que não servem são votos
de segunda. Os que antes peroravam abundantemente e lastimavam que o PCP não
saísse do conforto do 'partido de protesto' - que nunca fomos - para tentar
demonstrar a inutilidade do voto no PCP, ei-los agora a clamar 'aqui d'el rei'
numa encenação catastrofista, empenhados numa despudorada campanha, numa
tentativa de exclusão.
…
Uma coisa é certa: nada impede o PS de formar
governo e entrar em funções, mesmo num
quadro em que o PS insista no seu programa e que não seja possível - o que de facto
não é fácil - encontrar uma convergência sobre um programa de governo, nem
assim se pode concluir que a solução seja um governo PSD/CDS.
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O problema está em saber se o PS escolhe entre
dar o aval e apoio à formação de um governo PSD/CDS ou tomar a iniciativa de
formar um governo que tem garantidas condições para a sua formação e entrada em
funções. Há quem possa considerar estranha esta afirmação.
…
A Constituição não impõe a escolha de um
primeiro-ministro entre os dirigentes do partido ou coligação mais votados. o
que conta verdadeiramente e determina as soluções para a governação são as
maiorias que se formem na Assembleia da República e dão suporte a um governo e
não a um partido com mais votos.
Jerónimo
de Sousa
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