Estados
Unidos da Europa? É ignorar o passado, iludir o presente e enganar o futuro.
Tenho concordado com tudo aquilo que Varoufakis
tem andado a dizer, de uma forma desassombrada, sobre a construção europeia.
Era a voz audível que nos faltava, para podermos dar um grande murro na mesa.
No entanto, não estou de acordo com a sua proposta peregrina de se caminhar
para a construção dos Estados Unidos da Europa. É uma utopia!... É um erro
sobre outro erro. E a minha posição não é fundamentada por nenhum
preconceito de serôdio patriotismo ou por uma qualquer animosidade contra os
países europeus, muitos dos quais eu admiro muito. Não! O meu argumento radica
na análise da História. Nunca ninguém conseguiu unir a Europa. Nem Carlos
Magno, nem Napoleão, nem Hitler, nem agora, e muito menos, a Alemanha de
Merkel, através da UE, cujos mecanismos ela controla com mão de ferro.
A Europa é um mosaico de povos, de países, de
línguas nacionais e de muitas idiossincrasias. Dentro de si, emanam muitas
forças centrífugas, que matam à nascença qualquer esforço de união. Sendo um
continente tão pequeno, como foi possível que se tenham formado tantos países e
tantas nacionalidades? Porque não foi possível, ao longo da História, construir
uma língua comum?
É que, ao longo dessa História comum, foram muitas as feridas
provocadas pelas inúmeras guerras, as de natureza imperialista e as derivadas das fracturas dos cismas religiosos, e que deixaram profundas cicatrizes, que nunca mais vão sarar. As guerras da Reforma e da Contra-Reforma, as guerras
napoleónicas, a luta titânica entre os impérios (inglês, francês e alemão), e,
fundamentalmente, as duas trágicas guerras mundiais, que os vencidos ainda
ruminam e de quem os vencedores ainda desconfiam, marcaram definitivamente a
geografia política da Europa e a afirmação vincada das diferentes
nacionalidades. Tentar juntar isto tudo, numa coisa que se chama Estados Unidos
da Europa é o mesmo que pretender apagar as chamas do Inferno. É ignorar o
passado, iludir o presente e enganar o futuro.
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