Na semana passada, o líder socialista esteve em
Sintra, onde reside, a conversar com o seu presidente de Câmara e amigo Basílio
Horta. Entretanto, almoçou com Freitas do Amaral, que lhe declarou apoio
durante a campanha, e com António Capucho, com quem esteve esta semana na
cafetaria do hotel Altis em Belém.
Capucho garante ao Expresso que “não foi
sondado” para o governo e que “também lhe disse que não queria lugar nenhum”. O
mesmo se passou com Freitas, que já fez saber que não tinha sido convidado.
Mas no PS há quem olhe para os nomes de Freitas
e Capucho como peças importantes para os sinais que Costa quererá dar ao
centro: “Ele pode nomeá-los para cargos importantes do Estado para mostrar essa
abertura”, explica um destacado socialista. Aliás, é seguindo esta lógica, que
outros dirigentes consideram também muito importante que “nas pastas económicas
e nas da estrutura do Estado Costa jogue ao centro... para compensar”.
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Ao PCP e ao BE, agora, coloca-se um terrível
dilema. É a escolha entre o oito e o oitenta. Ficar pelos oito, parece pouco
para quem desejaria mais. Pedir oitenta poderá ser um risco a desaguar numa
frustração. A UE arreganharia a dentuça e decidiria açular os cães indígenas para
morderem as canelas de António Costa. Aliás, essa guerra já começou. E com
muita virulência verbal. Seria uma guerra entre David e Golias. Mas entre ter
oito ou nada, será melhor ter o oito. Eu próprio, nas minhas cogitações
solitárias, oscilo entre o não e o nim.
Será que podemos ter ao mesmo tempo sol na eira e chuva no nabal? Vêm-me à
cabeça uma série de aforismos populares: Quem tudo quer, tudo perde; mais vale
um pássaro na mão do que dois a voar; grão a grão enche a galinha o papo;
devagar se vai ao longe. Aqui, não se pode colocar a equação da soma algébrica
entre o tudo e o nada, que inevitavelmente será igual a zero. Ficaríamos na
mesma ou pior, pois teríamos percorrido um caminho em circunferência, apenas
para, cansados e desanimados, chegar ao ponto de partida. Mas também existe um
outro aforismo que aponta para o sentido contrário, o sentido da esperança:
quem não arrisca, não petisca; a união faz a força. E eu prefiro ter o PS do
meu lado, do que vê-lo do lado de lá. Por outro lado, se, agora, parecemos
pequeninos e poucos, perante a arrogante Europa, amanhã poderemos ser grandes e
muitos, pois a iniciativa de António Costa poderá ter efeitos de contágio na
família socialista europeia. E o facto é que o primeiro-ministro espanhol não
consegue esconder o seu nervosismo e a sua ansiedade, com medo que o PSOE venha
a aliar-se ao Podemos, o que seria um grande tiro no edifício europeu. Eu já
disse por aqui que a corda tem de rebentar por qualquer lado, pois já não se
aguenta tanta austeridade e tanta humilhação.
Mas, porque a vitória pertence sempre aos
audazes, aconteça o que acontecer, o caminho só pode ser um: A LUTA CONTINUA.