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terça-feira, 7 de março de 2017

A Europa já é um cadáver adiado


A minha resposta a uma mensagem de uma amiga, que me enviou o texto do Livro Branco sobre o Futuro da Europa.

Querida amiga:

Julgo que o futuro da nossa "querida" Europa foi decidido ontem, em Paris, pelo Bando dos Quatro, com o mesmo cinismo com que, no passado, se contava às criancinhas a história do Menino Jesus, a descer pela chaminé, no dia de Natal, para deixar prendas no sapatinho.

A proclamação de que a Europa iria caminhar, com sucesso, ao encontro de um risonho futuro (para a Alemanha e para a França, digo eu) num comboio a duas velocidades (já há quem diga que é a várias velocidades, ficando sem se saber se se pode meter a marcha atrás), soou a uma declaração fúnebre do projecto europeu. De tal forma, que nem sequer fomos brindados com os beijinhos da praxe à czarina, beijinhos esses que, no passado, o infeliz Sarkozy não desperdiçava.

A Europa já é um cadáver adiado. As contradições da sua existência, como espaço económico unificado, são, desde há muito tempo, evidentes. Uma evidência que dói, pois é de dor o cenário que se vislumbra em Portugal, na Grécia e no Chipre. A chantagem financeira e política substituiu a solidariedade falsamente apregoada, solidariedade esta, em que eu nunca acreditei, pois considerei sempre que a UE era um espaço de negócio, desenhado para benefício dos dois países ricos, que a dominam, a Alemanha e a França.

E eu pasmo de espanto como os nossos dirigentes políticos ainda sonham que podem conduzir o carro europeu em quinta velocidade! O meu conselho é que o governo compre uma carroça e um burro mirandês. Pelo menos, poupa dinheiro em gasóleo.
Alexandre de Castro
2017 03 07