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domingo, 26 de março de 2017

Falta na Europa um forte movimento comunista

As recentes eleições da Holanda realizaram-se sob
o signo da imigração e do terrorismo islâmico


Falta na Europa um forte movimento comunista

No Governo de Angela Merkel, mais especificamente no Ministério dos Negócios Estrangeiros, parece que se suspira de alívio com a derrota de Wilders. É pelo menos isso que se dá a entender com o tweet do MNE alemão: “Uma grande maioria de eleitores holandeses rejeitaram os populistas anti-Europa. São boas notícias. Precisamos de vocês para uma Europa forte”, lê-se nessa mensagem, que é dirigida ao MNE da Holanda.
Observador
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Se eu fosse um europeísta convicto, que não sou, não alinharia neste triunfalismo do governo alemão, que nós sabemos ser apenas assumido, para efeitos de propaganda e para consumo da sua opinião pública, no sentido de tentar contrariar o súbito crescimento dos partidos da extrema-direita, verificado nos últimos anos.
Politicamente, nas últimas eleições da Holanda, foi a extrema-direita que ganhou, tendo avançado no terreno eleitoral, ao contrário do partido do actual primeiro-ministro, que perdeu muitos votos, embora tenha sido o partido mais votado. Por vezes, a leitura aritmética dos resultados de umas eleições não é suficiente para compreender, na globalidade, o sentimento político dos eleitores. E não tenhamos dúvidas: a extrema-direita vai continuar a avançar, explorando habilmente as graves contradições do projecto europeu, que mesmo muitos europeístas já admitem, sem rebuço. A ideia de que o euro é uma moeda que está, essencialmente, ao serviço da economia da Alemanha, começa a ganhar terreno, junto da opinião pública.
A minha grande preocupação é tentar perceber por que razão o descontentamento popular está a ser atraído pela extrema-direita e não se desloca para a esquerda. Alguém dizia, e com uma certa razão, que, em Portugal, a extrema-direita não consegue levantar a cabeça (por enquanto), porque existe um Partido Comunista, coeso, consequente e forte, o que inibe a onda populista e trava a deriva sincronizada do PS, do PSD e do CDS para um posicionamento político mais à direita. E é isto que falta na Europa: o ressurgimento dos partidos comunistas, que liderem uma verdadeira oposição ao estableshman europeu.   

Alexandre de Castro

2017 03 21