O professor de Economia que há quatro anos previu  a crise financeira global diz que uma das críticas ao capitalismo  feitas por Marx está a provar-se verdadeira na actual crise financeira  global. Por Joseph Lazzaro
Cortar os gastos  do governo prematuramente feriu a economia dos EUA em 1937, ao reduzir a  procura, e Roubini vê o mesmo padrão ocorrendo hoje. Foto  +ecumenix/Flickr         
 	Na avaliação de Nouriel Roubini, professor de economia na Universidade  de Nova York, a não ser que haja outra etapa de massivo incentivo fiscal  ou uma reestruturação da dívida universal, o capitalismo continuará a  experimentar uma crise, dado o seu defeito sistémico identificado  primeiramente por Karl Marx há mais de um século.
	Há um velho axioma que diz que “sábia é a pessoa que aprecia a  sinceridade quase tanto como as boas notícias”, e com ele como guia,  situa decididamente o futuro na categoria da sinceridade.
	O professor de economia da Universidade de Nova York, Nouriel “Dr.  Catástrofe” Roubini disse que, a não ser que haja outra etapa de massivo  incentivo fiscal ou uma reestruturação da dívida universal, o  capitalismo continuará a experimentar uma crise, dado o seu defeito  sistémico identificado primeiramente pelo economista Karl Marx há mais  de um século.
	Roubini, que há quatro anos previu acuradamente a crise financeira  global disse que uma das críticas ao capitalismo feitas por Marx está se  provando verdadeira na atual crise financeira global.
	A crítica de Marx em vigor, agora
Dentre outras teorias, Marx argumentou que o capitalismo tinha uma contradição interna que, ciclicamente, levaria a crises e isso, no mínimo, faria pressão sobre o sistema económico. As corporações, disse Roubini, motivam-se pelos custos mínimos, para economizar e fazer caixa, mas isso implica menos dinheiro nas mãos dos empregados, o que significa que eles terão menos dinheiro para gastar, o que repercute na diminuição da receita das companhias.
Dentre outras teorias, Marx argumentou que o capitalismo tinha uma contradição interna que, ciclicamente, levaria a crises e isso, no mínimo, faria pressão sobre o sistema económico. As corporações, disse Roubini, motivam-se pelos custos mínimos, para economizar e fazer caixa, mas isso implica menos dinheiro nas mãos dos empregados, o que significa que eles terão menos dinheiro para gastar, o que repercute na diminuição da receita das companhias.
	Agora, na actual crise financeira, os consumidores, além de terem  menos dinheiro para gastar devido ao que foi dito acima, também estão  motivados a diminuírem os custos, a economizarem e a fazerem caixa,  ampliando o efeito de menos dinheiro em circulação, que assim não  retornam às companhias.
	“Karl Marx tinha clareza disso”, disse Roubini numa entrevista ao  The Wall Street Journal: "Em certa altura o capitalismo pode destruir a  si mesmo. Isso porque não se pode perseverar desviando a renda do  trabalho para o capital sem haver um excesso de capacidade [de trabalho]  e uma falta de procura agregada. Nós pensamos que o mercado funciona.  Ele não está funcionando. O que é racional individualmente ... é um  processo autodestrutivo”.
	Roubini acrescentou que uma ausência forte, orgânica, de crescimento  do PIB – coisa que pode aumentar salários e o gasto dos consumidores –  requer um estímulo fiscal amplo, concordando com outro economista de  primeira linha, o prêmio Nobel de economia Paul Krugman, em que, no caso  dos Estados Unidos, o estímulo fiscal de 786 bilhões de dólares  aprovado pelo Congresso em 2009 era pequeno demais para criar uma  procura agregada necessária para alavancar a recuperação da economia ao  nível de uma auto expansão sustentável.
	Na falta de um estímulo fiscal adicional, ou sem esperar um forte  crescimento do PIB, a única solução é uma reestruturação universal da  dívida dos bancos, das famílias (essencialmente das economias  familiares), e dos governos, disse Roubini. No entanto, não ocorreu tal  reestruturação, comentou.
	Sem estímulo fiscal adicional, essa falta de reestruturação levou a  “economias domésticas zombies, bancos zombies e governos zombies”, disse  ele.
	Fora o estímulo fiscal ou a reestruturação da dívida, não há boas escolhas
	Os Estados Unidos, disse Roubini, pode, em tese: a) crescer ele  mesmo por fora do actual problema (mas a economia está crescendo devagar  demais, daí a necessidade de mais estímulo fiscal); ou b) retrair-se  economicamente, a despeito do mundo (mas se muitas companhias e cidadãos  o fizerem junto, o problema identificado por Marx é ampliado); ou c)  inflacionar-se (mas isso gera um extenso dano colateral, disse ele).
	No entanto, Roubini disse que não pensa que os EUA ou o mundo estão  actualmente num ponto em que o capitalismo esteja em autodestruição.  “Ainda não chegamos lá”, disse Roubini, mas ele acrescentou que a  tendência actual, caso continue, “corre o risco de repetir a segunda  etapa da Grande Depressão”—o erro de ‘1937’.
	Em 1937, o presidente Franklin D. Roosevelt, apesar do fato de os  primeiros quatro anos de massivo incentivo fiscal do New Deal ter  reduzido o desemprego nos EUA, de um cambaleante 20,6% na administração  Hoover no começo da Grande Depressão, a 9,1%, foi pressionado pelos  republicanos congressistas – como o actual presidente Barack Obama fez  com o Tea Party, que pautou a bancada republicana no congresso em 2011 –  , rendeu-se aos conservadores e cortou gastos do governo em 1937. O  resultado? O desemprego estadunidense começou o ano de 1938 subindo de  novo, e bateu a casa dos 12,5%.
	Cortar os gastos do governo prematuramente feriu a economia dos EUA  em 1937, ao reduzir a procura, e Roubini vê o mesmo padrão ocorrendo  hoje, ao se seguir as medidas de austeridade implementadas pelo acordo  da dívida implementadas pela nova lei.
 	Roubini também argumenta que os levantes sociais no Egipto e em  outros países árabes, na Grécia e agora no Reino Unido têm origem  económica (principalmente no desemprego, mas também, no caso do Egipto,  no aumento do custo de vida). Em seguida, argumenta que, ao passo que  não se deve esperar um colapso iminente do capitalismo, ou mesmo um  colapso da sua versão estadunidenseexperimentando  uma crise não é correcto.
ESQUERDA.NET 
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Por preconceito ideológico, Karl Marx foi banido dos currículos da maioria das faculdades de Economia, ou, o que também é grave, o seu pensamento foi deliberadamente distorcido. Por influência do grande capital financeiro, a corrente doutrinária do neoliberalismo foi elevada ao estatuto de pensamento único e totalitário. É por isso que muitos economistas, que escrevem nos jornais e aparecem a comentar nas televisões, não conseguem libertar-se das baias que lhe puseram nos olhos, debitando apenas o discurso da cartilha por onde aprenderam.
1 comentário:
Marx e tb Engels, tiveram razão desde a primeira hora em varias áreas, não foram eles que erraram, foram os homens, posteriormente, e em especial os apelidados de marxistas, parece contradição, mas tal como os capitalistas estão "a matar" o capitalismo, tb os marxistas são os primeiros culpados pelo fim do marxismo.... daí até á frase um comunista bom é um comunista morto, foi um passinho, e qualquer dia gritaremos nas ruas que capitalista bom, só mesmo se estiver morto..... a história ensina, nós fechamos os olhos.......
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