Sair da moeda única e deixar a União Europeia (UE). Para o histórico investidor húngaro-americano George Soros, a crise da dívida em que está mergulhada a zona euro não deixa margem às economias portuguesa e grega que não seja abandonar o projecto europeu.
PÚBLICO
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Desde há muito tempo que venho advogando esta hipótese. Portugal deverá sair pacificamente da moeda única, à qual nunca deveria ter aderido. Recorde-se que foi precisamente desde a adesão ao euro que o défice orçamental e o valor da dívida começaram a subir. A crise, iniciada em 2008, apenas veio agravar a tendência que já se manifestava desde 2001. Só com a adopção de uma moeda nacional, Portugal poderá ganhar a competitividade, que não conseguiu obter através do aumento da taxa de produtividade, o verdadeiro calcanhar de Aquiles da economia portuguesa. É evidente que o recurso à desvalorização não resolvia os problemas, mas, numa primeira fase, iria promover um aumento rápido da exportações e uma diminuição das importações, aumentando assim a o saldo da balança comercial. Com menos produtos importados, novas actividades económicas surgiriam, para produzir produtos de substituição, o que iria aumentar o emprego e manter o consumo interno. Foi o que fez a Grã-Bretanha. Desvalorizou a libra no final do ano passado, e, no primeiro trimestre deste ano, a sua economia regressou ao crescimento.
É certo que, no conjunto, o país irá empobrecer. Mas o empobrecimento não seria maior do que aquele a que nos está a conduzir a actual política imposta pela UE e pelo FMI. As políticas de austeridade são meras aspirinas para curar a pneumonia. A saída do euro seria um potente antibiótico.
Mas para que esta política tivesse o sucesso desejado, também seria necessário fazer as reformas estruturais que se impõem, concebidas e conduzidas por um governo honesto, que trabalhasse para o bem comum.
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