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domingo, 28 de agosto de 2011

EUA e Israel preocupados com arsenal de armas químicas da Síria


Os Estados Unidos e Israel temem que a actual instabilidade na Síria possa facilitar o acesso de grupos terroristas a um perigoso arsenal de agentes químicos e armas não-convencionais produzidas e armazenadas pelo regime do Presidente Bashar al-Assad.
Fontes dos serviços secretos dos dois países estimaram ao The Wall Street Journal que a Síria detém pelo menos cinco unidades de produção de armas químicas, como por exemplo gás mostarda e gás sarin. Também existem suspeitas de que Damasco estará na posse de material nuclear, fornecido pela Coreia do Norte, além de sistemas de artilharia e mísseis.
PÚBLICO
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Inicio este comentário com uma declaração de intenções. Não morro de amores pelas ditaduras árabes, e, muito menos, pelo regime teocrático dos Ayatollah do Irão, que detesto. Mas este juízo de valor, assim formulado explicitamente, não me impede de condenar veementemente todas as manobras subversivas do mundo ocidental contra as ditaduras árabes que, usufruindo das riquezas proporcionadas pelo petróleo, fogem, contudo, ao seu controlo.
Conquistado e destruído o Iraque, com o argumento pueril da existência de perigosas armas de destruição massiva, seguiu-se a Líbia, invadida pela França, que,  se serviu da cumplicidade da Liga Árabe e da complacência das potências emergentes, para invadir este país com mercenários do Qatar, que, nas televisões alinhadas, se fizeram passar por rebeldes líbios, além de ter coordenado cerca de oito mil acções de bombardeamentos aéreos, que mataram milhares de civis e destruíram estruturas básicas (electricidade, serviços de saúde e património imobiliário). Agora, está dado o pontapé de saída para o ataque à rebelde Síria, também governada por uma ditadura, mas, por mais que pretendam os meios de comunicação social alinhados com o imperialismo, não é comparável, assim como o de Kadafi não foi, à sanguinária ditadura de Pinochet, no Chile, concebida, alinhada e apoiada pelos EUA. 
E é inconcebível como o jornal PÚBLICO dá guarida acriticamente a esta notícia, habilmente montada pelos serviços secretos ocidentais e com a conivência de jornalistas pouco escrupulosos, e que remete para uma incongruência gritante, que passa despercebida à maioria da opinião pública. Como é possível admitir a divulgação de uma notícia, baseada no anonimato de fontes de serviços secretos de dois países ocidentais, sem que não tivesse havido nenhum inquérito para averiguar a fuga de informações, que se presumem serem estratégicas? Dá que pensar!
Estamos, pois, na eminência de mais uma guerra de invasão a um país soberano, a Síria. E, agora, o pretexto será a eventual existência de perigosas armas químicas, que poderão destruir o planeta, e que, se o país for invadido, nunca serão encontradas, tal como aconteceu com as armas secretas de Saddam Hussein.
Já há muito tempo que se percebeu a estratégia dos EUA em relação à defesa dos seus interesses vitais no Médio Oriente. Exercendo um controlo indirecto sobre todos os países do golfo, ricos em reservas de petróleo, é fundamental conquistar o Irão, o segundo país  a deter maiores reservas do ouro negro no seu subsolo. Falhadas as tentativas de derrubar o regime dos Ayatollah, há dois anos, estimulando e apoiando os movimentos dissidentes, e, por outro lado, renunciando ao paradigma, utilizado na invasão do Iraque, de pretender disseminar o modelo democrático ocidental na região, os EUA mudaram de táctica, mantendo contudo a estratégia, que já vem dos tempos de Clinton, e que é muito parecida com aquela que é utilizada para fabricar um imaginário inimigo externo.
Prepare-se pois o leitor. Nos próximos tempos, irá ser bombardeado, não pelas bombas da NATO, mas por uma artilharia informativa, que tentará persuadi-lo que, por baixo da cada pedra da calçada daquela célebre estrada de Damasco, percorrida a pé, há mais de dois mil anos, pelo apóstolo S. Paulo, jazem, escondidas, milhares de toneladas de bombas químicas, capazes de destruir a Humanidade inteira. 

2 comentários:

Humberto Baião disse...

Já vi e vivi esse filme no Iraque.......... Abraço

Alexandre de Castro disse...

A música é a mesma. Muda o cenário.
Obrigado, Humberto.