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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Utentes de transportes querem reunião com ministro

Daqui por uns tempos, em Portugal também será assim.
O Movimento de Utentes dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP) anunciou hoje que pretende uma reunião urgente com o ministro da Economia para contestar o aumento das tarifas.
"O Movimento de Utentes dos Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP), face aos aumentos dos preços dos transportes públicos que entraram em vigor a 01 de Agosto e face à onda de protestos que varreu o país de Norte a Sul, irá já hoje mesmo solicitar uma reunião com carácter de urgência ao Ministério da Economia Transportes Obras Públicas Comunicações e Emprego", refere o MUT em comunicado.
Alegam que "os aumentos que entraram em vigor a 01 de Agosto são um roubo no já fraco poder de compra das famílias" e que "o Governo está a contribuir para o aumento da pobreza em Portugal, em vez de combater a exclusão social e promover a igualdade social".
O MUT-AMP acredita que "estes aumentos de 15 por cento e em alguns casos na ordem dos 25 por cento, visam abrir caminho à privatização das empresa públicas de transportes" que, defende, "se devem manter no domínio público, pois só dessa forma estará garantido um direito fundamental, o Direito à Mobilidade".
O movimento adianta que "irá promover um abaixo-assinado exigindo ao Governo a revogação dos aumentos que entraram em vigor a 01 de Agosto bem como salvaguardar que não haverá mais alterações", nomeadamente em Janeiro.
Ponderam ainda "a realização de várias acções de rua já em Setembro" e apelam "à população para se manifestarem e participarem nas acções levadas a cabo pelas Comissões de Utentes".
Diário de Notícias
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Para um trabalhador com o salário mínimo nacional, que viva longe do seu local de trabalho, o trabalho deixa de compensar. Com este aumento brutal do preço dos transportes, o governo prossegue a política de promover o empobrecimento da população, antecâmara do objectivo de embaratecer o custo unitário do trabalho, ao mesmo tempo que prepara o balanço contabilístico das empresas de transportes para as privatizar. 
A mobilidade é um encargo que injustamente recai sobre trabalhador, quando, na verdade, seria o empregador, como parte interessada no trabalho prestado, que o deveria assumir. Se o problema não se colocava em épocas recuadas, porque, normalmente, as distâncias entre o local da habitação e o local de trabalho eram relativamente curtas (os bairros operários surgiram em redor das fábricas), o problema assumiu outra dimensão nos tempos actuais com o a formação de enormes conglomerados populacionais, em que, na maior parte das vezes, não é possível beneficiar do efeito de proximidade entre aqueles dois locais. A mobilidade é pois um custo do trabalho, que, como tal, não é contabilizado. Na década de sessenta do século passado, esta questão começou a ser abordada, mas os países mais desenvolvidos resolveram transferir para o Estado parte do ónus com a implementação dos passes sociais. O capital ganhou mais uma vez, negando-se a pagar os custos das deslocações dos trabalhadores entre a sua residência e o seu local de trabalho.
Os brutais aumentos impostos pelo governo, com uma frieza escandalosa, vão provocar um grande rombo nos rendimentos dos trabalhadores, já de si muito encurtados pelas medidas de austeridade. Com as medidas que se avizinham ainda este ano e no próximo, aqueles que pouco mais ganham acima do salário mínimo vão de ter abdicar de uma vida minimamente digna. Para muitos, o trabalho não compensará. Resta-lhes a caridade, que, para nossa vergonha, já começa a fazer parte do discurso político, em que se tenta equipará-la ao conteúdo das políticas sociais, que estão a ser abandonadas.

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