Anders Fogh Rasmussen: a declaração piedosa de um falcão |
A NATO anunciou esta madrugada que o fim do regime de Khadafi está perto do fim. A Aliança Atlântica, que bombardeia as forças do ditador líbio há seis meses, apela aos rebeldes para manterem a unidade do país e a trabalharem a favor da reconciliação nacional.
PÚBLICO
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Nas revoluções da Tunísia e do Egipto, apenas foi usado o Facebook e o telemóvel para derrubar as duas ditaduras. Curiosamente, na Líbia, as armas apareceram nas mãos dos rebeldes por geração espontânea. Em relação à Tunísia e ao Egipto, os países ocidentais, apanhadas de surpresa, nunca declararam, enquanto as revoluções seguiam o seu curso, um apoio inequívoco às forças da mudança, e foram sempre muito ambíguas na condenação dos dois ditadores. Na Líbia, e recorrendo ao falso pretexto da ajuda humanitária, os países ocidentais, através do seu braço armado, a NATO, optaram por uma abusiva política de ingerência, iniciando uma guerra contra a Líbia, através de sucessivos bombardeamentos aéreos, que também atingiram a população civil, e lançando para o terreno um verdadeiro exército de mercenários, que as televisões não mostraram.
Ficou assim claro que, para os países ocidentais, existem duas espécies de ditadores: os ditadores bons e os ditadores maus. Kadafi é, para os países ocidentais um ditador mau. Porquê? Por duas simples razões. A primeira, é que Kadafi não é um ditador domestificável. Preferiu escolher os seus aliados entre os países que nunca se submeteram aos interesses dos EUA e da União Europeia. Já o presidente Reagan, há uns atrás, tentara assassiná-lo, através do bombardeamento aéreo de uma das suas residências, em Tripoli, acção criminosa que contou com a cumplicidade de Portugal, ao autorizar a passagem dos aviões americanos pelo seu espaço aéreo. A segunda razão, esta talvez decisiva na determinação de abater Kadafi, tem a ver com a opção tomada por este dirigente em decretar o alinhamento o valor da moeda do seu país pelo padrão ouro, libertando assim a Líbia da ditadura do dólar, opção que os EUA não toleram. Sadam Hussein também morreu, não por ser um ditador, mas porque se atreveu a desafiar os EUA, ao decidir aceitar outras moedas, além do dólar, para o pagamento da venda de petróleo do Iraque.
Não são razões de ordem ideológica que levam os países ocidentais a apoiar ou a condenar os ditadores. As verdadeiras razões prendem-se apenas com a necessidade de assegurar a sobrevivência do capitalismo internacional, através do controlo estratégico das zonas consideradas vitais pelo imperialismo americano. A ideologia vai à frente ou atrás, conforme as conveniências.
2 comentários:
Muito bem dito, apoiado, mas como não deixa de ser um ditador..... abaixo com ele......... melhores dias virão.... ou não ???????????
Obrigado, Humberto.
Antes de condenar os ditadores, que detesto e odeio, não posso deixar de condenar os governos democráticos que, indecorosamente, os promovem e apoiam. Por outro lado, não outorgo a nenhum governo, seja ele qual for, o direito de discricionaramente definir quais são os bons e maus regimes. Não podemos permitir que o senhor Barak Obama seja o procurador geral da verdade.
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