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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Krugman: Portugal dificilmente escapa a uma reestruturação da dívida

PAUL KRUGMAN E VITOR CONSTANCIO 
Paul Krugman e Vítor Constâncio

Nobel da Economia, Paul Krugman, disse hoje, em entrevista à Bloomberg a partir de Estocolmo, que os problemas europeus se dividem em dois níveis e que Grécia, Portugal e Irlanda pertencem ao grupo dos países que "provavelmente estão insolventes" e serão palco de uma reestruturação de dívida. No segundo grupo estão Espanha e Itália que têm algum risco de ter de sair do euro mas apenas se o pânico crescer, enquanto os líderes europeus tentam encontrar forma de conter a crise da dívida soberana na região, explica Krugman. 
"Há países que provavelmente podem sobreviver à crise, mesmo que vivam tempos muito difíceis, desde que não haja pânico; refiro-me a Espanha e a Itália. E depois há aqueles que estão, provavelmente, insolventes e onde terá de haver uma reestruturação da dívida - casos de Grécia, Portugal, Irlanda." 
O colunista do "The New York Times" advertiu ainda que o BCE precisa de uma política monetária "muito mais expansionista" já que o risco de uma recessão global é já "superior a um em três". 
Os líderes europeus têm-se visto e desejado para encontrar uma solução para a crise da dívida. Esta semana, a cimeira franco-alemã deitou mais uma acha para a fogueira, com Angela Merkel, e Nicolas Sarkozy a negar a Bruxelas a expansão do fundo de resgate 440 mil milhões de euros e a querer impor regras mais duras aos países do euro. Paul Krugman defende que os líderes precisam de deixar claro que haverá financiamento disponível para evitar que a crise afecte para além de qualquer remédio Itália e Espanha.
Dinheiro Vivo - Tiago Lourenço
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Há dias, avancei com uma imagem que evidencia o desnorte dos dirigentes da UE, perante a situação financeira de Portugal e da Grécia. Enquanto lançam a bóia de salvação aos dois náufragos, por outro lado, mergulham-lhes a cabeça dentro de água, para os afogarem. Impor brutais medidas de austeridade às populações destes países e pretender que as suas economias venham a crescer, depois de corrigidos os défices orçamentais, é o mesmo que fechar a torneira da água e ficar à espera que a banheira encha. Não se pode curar um doente, prescrevendo-lhe medicamentos que agravam os seus sintomas. As medidas de austeridade não estão a corrigir nada. Estão apenas a desmantelar o Estado e a destruir a economia. Na Grécia, em muitas cidades do interior, o Estado já não funciona na plenitude dos seus poderes. Tal como tenho vindo a dizer há muito tempo - o que era então considerado uma heresia - Portugal, para sair a médio prazo desta grave crise, necessita de, pacificamente, reestruturar a sua dívida externa e sair do euro. O euro é um moeda sobrevalorizada, que nunca serviu os interesses da economia portuguesa, já que ele foi desenhado para responder às necessidades da Alemanha e dos outros países da zona euro, que apresentam significativos saldos positivos nas suas balanças comerciais e de pagamentos. O resto é conversa fiada para enganar o pagode.

2 comentários:

Saul disse...

A economia internacional está afundar tal como o famoso "Titanic". Isso já todos sabemos, e tal como diz o amigo Alexandre Castro, a reestruturação da dívida e consequente saída do euro é um caminho possível, contudo há um cenário esquecido, ou escondido, passo a redundancia, que passa pela sobrevalorização da moeda única europeia, o "Euro". Tal como é referido no "jornalismo de especulação" actual e sabido por todo o cidadão, o euro é sem dúvida sobrevalorizado desde o seu início, favorecendo economias alemãs, e francesas basicamente, mas no caso do nosso Portugal, isso não acontece, perdeu-se valor no mercado, duplicou-se o preço de custo de todo o produto, nacional ou importado, Explicitando, a "bica" duplicou, o tabaco duplicou, bem como todos os outros, ora bem, assim sendo saindo da moeda única, portugal iria sofrer exactamente do mesmo que sofre agora quem sabe até pior, porque mesmo que se volta-se ao escudo, o valor seria o mesmo que em euros, ou seja, num exemplo linear, a bica que custava no ano de entrada em circulação do euro 50escudos, passou a custar 0,50€, e num cenário de retorno ao euro, e tendo em conta o preço praticado actualmente, o café iria custar cerca de 120escudos. Linear, talvez, mas é um facto. A situação do país está nas mãos daqueles que influenciam os mercados, capitalistas, que movem tudo em função do seu objectivo pessoal. Além do mais nas circunstâncias actuais tudo o que se faça tem consequências astronómicas na economia, começou mal, percebeu-se tarde, e tenta-se resolver mal outra vez, a economia precisa circular, contudo isso já é impossível, imagine-se um espelho sobre uma bola de ping-pong, faça-se o que se fizer, sempre cai, ou se um individuo constroi uma casa sobre um estrado de madeira, o que irá acontecer? Obviamente cai. O que se faz actualmente na nossa economia é o mesmo que tentar manter a casa de pé, ou seja algo impossivel.

Alexandre de Castro disse...

Obrigado Saul:
O seu comentário é pertinente. Irei pegar nele para proximamente abordar as questões que levanta, que são muito importantes.
Um abraço
Alexandre de Castro