Um grito
de inconformismo
Texto escrito, no Facebook, pela minha querida amiga Maria De Fátima Duarte, em resposta a uma minha intervenção naquele
espaço. Um texto sem rodeios e sem preocupações estilísticas, que retracta a
preto e branco a realidade vivida no nosso país, ao mesmo tempo que denuncia a
indiferença e o alheamento de muitos portugueses, pela causa pública, que a
todos diz respeito. Além de ser um texto escrito com alma e com raiva, é, acima
de tudo, um grito de inconformismo, que pretende abanar as consciências
adormecidas, pelo que merece ser aqui publicado.
Tomei a liberdade de o intitular “Um grito de
inconformismo”.
AC
***«»***
Nem mais, meu querido amigo Alexandre de Castro,
diz muito bem: "tudo o que fizermos de bem ou de mal vai repercutir-se nas
próximas gerações".
E acrescento:
Temos feito mais mal que bem. E a factura para
pagarmos é-nos apresentada com juros.
A maioria de nós, "zés" e "marias" e povinho, não tem
noção da cratera em que estamos metidos. Pior, são egoístas e nem no futuro dos
filhos pensam quanto mais no dos netos.
Alguns ainda conseguem ajudar seus filhos já
adultos, mas não veem que eles não vão conseguir ajudar os deles por não terem
como o fazer.
A falta de trabalho, os vencimentos e as
reformas miseráveis, bem como o aumento do tempo para a reforma serão os
maiores entraves.
No próximo ano, o tempo para a reforma vai de
novo aumentar e, por este andar, em pouco mais de uma década a reforma vai
passar para os 70 anos. E também há quem não perceba que roubar cinco anos aos
idosos é muuuuuuuuuuuito tempo. Para muitos deles, são os últimos anos de suas
vidas, nem vão chegar a usufruir das mesmas.
É mais preocupante o futuro dos nossos
descendentes e o dos filhos deles do que propriamente o nosso.
E constato, indignada e triste, que há cidadãos
que vivem com vencimentos e reformas mínimas e conformam-se, nada fazem para
mudar o estado lastimoso do nosso Estado, senão maldizer de uns e irem em defesa
de outros, recusando admitir que são todos farinha do mesmo saco.
Entretanto, o Alexandre, eu e outros como nós,
que vemos a podridão em que estamos metidos, para além de lutarmos contra os
politiqueiros permissivos e assaltantes, denunciando-os, ainda temos de ouvir os
compatriotas "cegos e surdos", defenderem o indefensável e aceitarem
os ruinosos erros e os desmandos dos carrascos. E, para cúmulo, ainda votam
neles.
Maria De
Fátima Duarte
2017 03 13