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domingo, 1 de novembro de 2015

Quem sai aos seus não degenera...

Imperador Guilherme II da Alemanha

Em Maio de 1900, eclodiu na China a segunda guerra do século XX, um século que haveria de conhecer muitas mais, o que fez dele o século mais sangrento de sempre. A primeira guerra, a  Guerra Boér, na África do Sul, apanhou a dobragem do século e acabou, com a vitória das forças militares do Império Britânico, em Maio de 1900.
Na China, também em Maio, os boxers [punhos harmoniosos e justiceiros] desafiaram a autoridade do imperador e marcharam sobre Pequim, assassinando pelo caminho todos os estrangeiros e saqueando e destruindo todos os seus bens. De imediato, se formou uma coligação internacional,  envolvendo os Estados Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, Itália, França e Japão, que naquele país tinham interesses, para, através de uma acção militar punitiva, esmagar a rebelião. Não sei se, na altura, já estava na moda o argumento das armas de destruição maciça e massiva.
A Alemanha enviou para a China quatro mil soldados, que embarcaram num porto do Mar do Norte, embarque esse que teve honras da presença do imperador Guilherme II, que, no seu patriótico discurso, afirmou:

“Quando encontrardes o inimigo, derrotá-lo-eis. Não dareis tréguas, não fareis prisioneiros. Que todos quanto vos caírem nas mãos fiquem à vossa mercê. Tal como os Hunos, há mil anos, sob o comando de Átila, ganharam uma reputação de virtude, que lhes deu um lugar na tradição da história, que também o nome da Alemanha fique de tal modo conhecido na China, que nenhum chinês volte alguma vez a ousar sequer olhar um alemão de soslaio

Os chineses, ainda hoje, tremem de medo, quando alguém pronuncia a palavra Alemanha, e os chineses que vivem na Alemanha têm um cuidado muito especial, quando olham para um alemão, não vá o diabo tecê-las.
Destaquei e enquadrei as palavras de Guilherme II para assinalar que a assumpção do militarismo, do totalitarismo, do profundo desprezo pelo “outro” e pelo “inimigo”e a exibição arrogante da superioridade da raça não começaram com Hitler. Tiveram antecedentes. E também têm sucessores condignos, que, em vez dos canhões e das baionetas, utilizam as armas financeiras para dominar os povos.

2 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Sofisticam-se essas armas

Resta-nos a luta de massas.

Não passarão!

O Puma disse...

Na verdade a coisa já vem detrás
Mantém-se o pesadelo por via "pacífica"
Os abutres alimentam-se das crises que fomentam