Imperador Guilherme II da Alemanha |
Em Maio de 1900, eclodiu na China a segunda
guerra do século XX, um século que haveria de conhecer muitas mais, o que fez
dele o século mais sangrento de sempre. A primeira guerra, a Guerra Boér, na África do Sul, apanhou a
dobragem do século e acabou, com a vitória das forças militares do Império
Britânico, em Maio de 1900.
Na China, também em Maio, os boxers [punhos
harmoniosos e justiceiros] desafiaram a autoridade do imperador e marcharam
sobre Pequim, assassinando pelo caminho todos os estrangeiros e saqueando e
destruindo todos os seus bens. De imediato, se formou uma coligação
internacional, envolvendo os Estados
Unidos, Grã-Bretanha, Rússia, Itália, França e Japão, que naquele país tinham
interesses, para, através de uma acção militar punitiva, esmagar a rebelião. Não sei se, na altura, já
estava na moda o argumento das armas de destruição maciça e massiva.
A Alemanha enviou para a China quatro mil
soldados, que embarcaram num porto do Mar do Norte, embarque esse que teve
honras da presença do imperador Guilherme II, que, no seu patriótico discurso,
afirmou:
“Quando encontrardes o inimigo, derrotá-lo-eis. Não
dareis tréguas, não fareis prisioneiros. Que todos quanto vos caírem nas
mãos fiquem à vossa mercê. Tal como os Hunos, há mil anos, sob o comando de
Átila, ganharam uma reputação de virtude, que lhes deu um lugar na tradição da
história, que também o nome da Alemanha fique de tal modo conhecido na China, que
nenhum chinês volte alguma vez a ousar sequer olhar um alemão de soslaio”
Os chineses, ainda hoje, tremem de medo, quando
alguém pronuncia a palavra Alemanha, e os chineses que vivem na Alemanha têm um
cuidado muito especial, quando olham para um alemão, não vá o diabo tecê-las.
Destaquei e enquadrei as palavras de Guilherme
II para assinalar que a assumpção do militarismo, do totalitarismo, do profundo desprezo pelo “outro”
e pelo “inimigo”e a exibição arrogante da superioridade da raça não começaram com
Hitler. Tiveram antecedentes. E também têm sucessores condignos, que, em vez
dos canhões e das baionetas, utilizam as armas financeiras para dominar os
povos.
2 comentários:
Sofisticam-se essas armas
Resta-nos a luta de massas.
Não passarão!
Na verdade a coisa já vem detrás
Mantém-se o pesadelo por via "pacífica"
Os abutres alimentam-se das crises que fomentam
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