Lévi-Strauss foi um dos grandes intelectuais franceses do século XX e lançou as bases da Antropologia moderna. Foi o primeiro membro centenário da Academia Francesa, para onde entrou em 1973. E foi também um crítico do etnocentrismo e de algum modo um precursor intelectual do movimento ecologista.Foi também o primeiro antropólogo na Academia Francesa, a cujas sessões se deslocava regularmente até há não muitos anos.Filho de judeus franceses, nasceu na Bélgica, em 1908, mas mudou-se para França ainda em idade de estudar no liceu. Depois, na Sorbonne, em Paris, estudou Direito e Filosofia, tendo sido professor desta última disciplina no ensino secundário.Em 1935 foi para o Brasil. Aceitou um lugar como professor de Sociologia na Universidade de São Paulo, onde começou a sua carreira de etnólogo. Naquela época, havia milhares de índios nos subúrbios da cidade, o que lhe permitiu dedicar os fins-de-semana à sua nova disciplina.Partiu mais tarde para o Mato Grosso e a Amazónia, onde contactou muitas tribos. Depois também estudaria índios norte-americanos. Em “As Estruturas Elementares do Parentesco”, sua primeira obra de grande projecção, publicada em 1949, forneceu um novo método de análise que se tornou comum a muitos antropólogos. A tese do livro é que o "parentesco" está no centro da Antropologia que estuda o homem na sua dimensão social. E aqui o parentesco é entendido como as regras de aliança, de filiação, de residência ou de perpetuação das populações.A sua obra mais marcante, “Tristes Trópicos”, chegou em 1950. Trata-se de uma autobiografia intelectual que recebeu o Prémio Goncourt e teve êxito também junto de um público muito para além da comunidade científica. E, em 1958, Antropologia Estrutural abre o caminho ao estruturalismo, a nova corrente do pensamento de que foi o principal teorizador, aplicando ao conjunto dos factos humanos de natureza simbólica um método que procura as formas invariáveis existentes em conteúdos diferentes. No ano seguinte era titular da Antropologia Social no Collège de France, de onde se reformou em 1982.Lévi-Strauss criticou também o aparecimento de uma corrente de pensamento humanista que secundarizou a natureza, tornando-se assim num precursor do movimento ecologista. Numa entrevista em 2005, Lévi-Strauss disse: "Dirigimo-nos para uma espécie de civilização à escala mundial (...) Estamos num mundo a que já não pertenço. Aquele que conheci, aquele de que gostei, tinha 1500 milhões de habitantes. O mundo actual tem seis mil milhões de humanos. Já não é o meu."
Claude Lévi-Strauss
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Claude Lévi-Strauss
Nascimento
28 de novembro de
1908Bruxelas,
Bélgica
Morte
31 de outubro de
2009 (100 anos)
Paris
Nacionalidade
Francesa
Ocupação
acadêmico, etnógrafo
Escola/tradição
Antropologia Estrutural(fundador),
estruturalismo,
sociologia francesa
Principais interesses
antropologia,
sociologia,
etnografia,
linguística,
metodologia,
estética,
epistemologia,
mitologia
Idéias notáveis
Mitografia ,
Pensamento Selvagem,
estruturas do parentesco
Influências
Rousseau,
Kant,
Karl Marx,
Sigmund Freud,
Roman Jakobson,
Saussure,
Durkheim,
Marcel Mauss,
Malinowski,
Radcliff-Brown,
Franz Boas,
Merleau-Ponty,
Sartre
Influenciados
Althusser,
Bourdieu,
Zizek,
Lacan,
Foucault,
Derrida,
Baudrillard,
Sahlins,
Jameson,
Pêcheux,
Umberto Eco,
Jameson,
Barthes
Claude Lévi-Strauss (
Bruxelas,
28 de novembro de
1908 —
Paris,
31 de outubro de
2009) foi um
antropólogo,
professor e
filósofo francês, considerado o fundador da
Antropologia Estruturalista, em meados da
década de 1950, e um dos grandes intelectuais do
século XX.
Índice[
esconder]
1 Biografia
2 Lévi-Strauss no Brasil
3 Citações
4 Premiações
4.1 Condecorações
4.2 Doutor Honorário
5 Bibliografia
6 Ligações externas
7 Referências
//
[
editar] Biografia
Claude Lévi-Strauss nasceu em
Bruxelas. Iniciou seus estudos em
Direito e
Filosofia na
Sorbonne (
Paris). Não completou os estudos em Direito, conseguindo a licenciatura em Filosofia. Durante este período, Lévi-Strauss conduziu seu primeiro trabalho etnográfico.
Seu livro As estruturas elementares do parentesco foi publicado no ano seguinte e, instantaneamente, consagrou-se como um dos mais importantes estudos de
família já publicados. O título faz uma brincadeira com o título do livro de
Émile Durkheim, As formas elementares da vida religiosa. No final da
década de 1940 e começo da década seguinte, Lévi-Strauss continuou a publicar e experimentou considerável sucesso profissional. Em seu retorno à França ele se envolveu com a administração do
CNRS e do
Musée de l'Homme, até ocupar uma cadeira na quinta seção da
École Pratique des Hautes Études, aquela de 'Ciências Religiosas' que havia pertencido previamente a
Marcel Mauss e que Lévi-Strauss renomeou para "Religião Comparada de Povos Não-Letrados".
Apesar de bem conhecido em círculos acadêmicos, foi apenas em
1955 que Lévi-Strauss se tornou um dos intelectuais franceses mais conhecidos ao publicar
Tristes Trópicos, livro autobiográfico acerca de seu exílio na década de 1930.
Morreu em 31 de outubro de 2009
[1][2]. Foi o primeiro membro da
Academia Francesa a atingir os 100 anos de idade.
Em
1959 Lévi-Strauss foi nomeado para a cadeira de
Antropologia social do
Collège de France. Por volta desse período publicou
Antropologia estrutural, uma coleção de ensaios em que oferece tanto exemplos como manifestos programáticos do estruturalismo. Começou a organizar uma série de instituições e confrontos entre as visões
existencialista e estruturalista que iria eventualmente inspirar autores como
Pierre Bourdieu. É
doutor honoris causa de diversas universidades pelo mundo. Apesar de aposentado, Lévi-Strauss continuava a publicar ocasionalmente volumes de meditações sobre artes, música e poesia, bem como reminiscências de seu passado.
[
editar] Lévi-Strauss no Brasil
Na
década de 30, mais precisamente de
1935 a
1939, Lévi-Strauss lecionou
sociologia na recém-criada
Universidade de São Paulo, juntamente com uma leva de professores franceses, entre eles: sua mulher
Dina Lévi-Strauss,
Fernand Braudel,
Jean Maugüé e
Pierre Monbeig.Junto com Dina, Strauss também excursionou por regiões centrais do
Brasil, como
Goiás,
Mato Grosso e
Paraná. Publicou o registro dessas expedições no livro
Tristes Trópicos(
1955), neste livro ele conta inclusive como sua vocação de antropólogo nasceu nessas viagens.Em uma de suas primeiras viagens, no norte do Paraná, Lévi teve seu esperado primeiro contato com os índios, no
rio Tibagi, porém ficou decepcionado, ao ver que "os índios Tibagi não eram nem 'verdadeiros índios', nem 'selvagens'" (Lévi-Strauss 1957:160-161). Porém ao final do primeiro ano escolar (1935/1936), ao visitar os
Kadiveu na fronteira com o Paraguai e os
Bororo no Mato Grosso Central, lhe rendeu sua primeira exposição em
Paris nas férias de (1936/1937), o que foi fundamental para entrada de Lévi-Strauss no meio etnológico francês. Em 1938 foi realizada uma expedição até os
Nambikwara no Mato Grosso, porém, terminada antes do tempo devido a rumores políticos entre o patrocinador da expedição e o Gorverno Brasileiro, já que o mesmo era ligado ao
Partido Socialista Francês. Essa missão também visitou os Bororo e os últimos representantes dos
Tupi-Kaguahib do
rio Machado, considerados desaparecidos, relata Lévi em Tristes Trópicos.
Após três anos no Brasil, Strauss voltou a
França com o reconhecimento de etnólogo do meio, provando assim que o seu período no Brasil, foi uma peça fundamental na sua carreira e no seu crescimento profissional. Diz ele: "Um ano depois da visita aos Bororo, todas as condições para fazer de mim um etnógrafo estavam satisfeitas;"(Lévi-Strauss 1957:261).
[
editar] Citações
“O antropólogo é o astrônomo das ciências sociais: ele está encarregado de descobrir um sentido para as configurações muito diferentes, por sua ordem de grandeza e seu afastamento, das que estão imediatamente próximas do observador.” Antropologia Estrutural,
1967.
[
editar] Premiações
[
editar] Condecorações
Grã-cruz da
Ordem Nacional da Legião de Honra da França
Ordem Nacional do Mérito da França
Palmas Académicas da França
Ordem Artes e Letras da França
Ordem da Coroa da Bélgica
Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul do Brasil
Ordem do Sol Nascente do Japão
Grã-Cruz da
Ordem Nacional do Mérito Científico do Brasil
Membro da
Academia Francesa
Membro estrangeiro da
Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos
Membro da
Academia Britânica
Memmro da
Academia Real de Artes e Ciências dos Países Baixos
Membro da
Academia Norueguesa de Ciências e Letras
[
editar] Doutor Honorário
Universidade Livre de Bruxelas - (
Bélgica)
Universidade de Chicago - (
Estados Unidos)
Universidade de Columbia - (
Estados Unidos)
Universidade de Harvard - (
Estados Unidos)
Universidade Johns Hopkins - (
Estados Unidos)
Universidade Laval - (
Canadá)
Universidade Nacional Autônoma do México - (
México)
Universidade de Montreal - (
Canadá)
Universidade de Oxford - (
Inglaterra)
Universidade de São Paulo - (
Brasil)
Universidade de Stirling - (
Escócia)
Universidade de Uppsala - (
Suécia)
Universidade Visva Bharati - (
Índia)
Universidade de Yale - (
Estados Unidos)
Universidade Nacional do Zaire - (
Zaire)
[
editar] Bibliografia
Família e vida social dos índios Nambikwara (La vie familiale et sociale des indiens Nambikwara) -
1948
As estruturas elementares do parentesco -
1949
Raça e História -
1952
Tristes Trópicos -
1955
Antropologia Estrutural -
1963 e
1973 (2 volumes)
Toteísmo hoje -
1962
Pensamento selvagem -
1962
Mitológicas de I a IV
O cru e o cozido -
1964
Do mel às cinzas -
1966
A origem das maneiras à mesa -
1968
O Homem Nu -
1971
O Caminho das Máscaras -
1972
Ver a distância -
1983
Antropologia e Mito: Palestras -
1984
Veja, ouça, leia -
1993
Estruturalismo
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O estruturalismo é uma corrente de pensamento nas
ciências humanas que se inspirou do modelo da
linguística e que apreende a realidade social como um conjunto formal de relações.
Índice[
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1 Origem
2 O Curso de Saussure
3 Estruturalismo na Linguística
4 Estruturalismo na Antropologia
5 Estruturalismo na Filosofia da Matemática
6 Estruturalismo no pós-Guerra
7 Estruturalismo na Psicologia
8 Reações ao Estruturalismo
9 Representantes
10 Ligações externas
//
[
editar] Origem
O termo estruturalismo tem origem no Cours de linguistique générale de
Ferdinand de Saussure (
1916), que se propunha a abordar qualquer língua como um sistema no qual cada um dos elementos só pode ser definido pelas relações de equivalência ou de oposição que mantém com os demais elementos. Esse conjunto de relações forma a
estrutura.
O estruturalismo é uma abordagem que veio a se tornar um dos métodos mais extensamente utilizados para analisar a língua, a
cultura, a
filosofia da matemática e a
sociedade na segunda metade do
século XX. Entretanto, "estruturalismo" não se refere a uma "escola" claramente definida de autores, embora o trabalho de
Ferdinand de Saussure seja geralmente considerado um ponto de partida. O estruturalismo é melhor visto como uma abordagem geral com muitas variações diferentes. Como em qualquer movimento cultural, as influências e os desenvolvimentos são complexos.
De um modo geral, o estruturalismo procura explorar as inter-relações (as "estruturas") através das quais o significado é produzido dentro de uma cultura. Um uso secundário do estruturalismo tem sido visto recentemente na
filosofia da matemática. De acordo com a
teoria estrutural, os significados dentro de uma cultura são produzidos e reproduzidos através de várias práticas,
fenômenos e atividades que servem como sistemas de significação. Um estruturalista estuda atividades tão diversas como rituais de preparação e do servir de alimentos, rituais religiosos, jogos, textos literários e não-literários e outras formas de entretenimento para descobrir as profundas estruturas pelas quais o significado é produzido e reproduzido em uma cultura. Por exemplo, um antigo e proeminente praticante do estruturalismo, o antropólogo e etnógrafo
Claude Lévi-Strauss analisou fenômenos culturais incluindo
mitologia, relações de
família e preparação de alimentos.
Lévi-Strauss explicou que os
antônimos estão na base da estrutura sócio-cultural. Em seus primeiros
trabalhos demonstrou que os grupos familiares tribais eram geralmente encontrados em pares, ou em grupos emparelhados nos quais ambos se opunham e se necessitavam ao mesmo tempo. Na
Bacia Amazônica, por exemplo, duas grandes famílias construíam suas casas em dois semi-círculos frente-a-frente, formando um grande
círculo. Também mostrou que os
mapas cognitivos, as maneiras que os povos categorizavam
animais, árvores, e assim por diante, eram baseados em séries de antônimos. Mais tarde em seu trabalho mais popular "O Cru e o Cozido", descreveu contos populares amplamente dispersos da
América do Sul tribal como inter-relacionados através de uma série de transformações - como um antônimo aqui transformava-se em outro antônimo ali. Por exemplo, como o título indica, Cru torna-se seu oposto, Cozido. Esses antônimos em particular (Cru/Cozido) são simbólicos da própria cultura humana que, por meio do pensamento e do trabalho, transforma matérias-primas em roupas, alimento,
armas,
arte, idéias. Cultura, explicou Lévi-Strauss, é um processo dialético: tese, antítese, síntese.
Ao fazer estudos em
literatura, um crítico estruturalista examinará a relação subjacente dos elementos ('a estrutura') em, por exemplo, uma história, ao invés de focalizar em seu conteúdo. Um exemplo básico são as similaridades entre 'Amor Sublime Amor' e '
Romeu e Julieta' . Mesmo que as duas peças ocorram em épocas e lugares diferentes, um estruturalista argumentaria que são a mesma história devido à estrutura similar - em ambos os casos, uma garota e um garoto se apaixonam (ou, como podemos dizer, são +AMOR) apesar de pertencerem a dois grupos que se odeiam (-AMOR), um conflito que é resolvido por suas
mortes. Considere agora a história de duas famílias amigas (+AMOR) que fazem um casamento arranjado entre seus filhos apesar deles se odiarem (-AMOR), e que os filhos resolvem este conflito cometendo suicídio para escapar da união. Um estruturalista argumentaria que esta segunda história é uma 'inversão' da primeira, porque o relacionamento entre os valores do amor e dos dois grupos envolvidos foi invertido. Adicionalmente, um estruturalista argumentaria que o 'significado' de uma história se encontra em descobrir esta estrutura ao invés de, por exemplo, descobrir a
intenção do autor que a escreveu.
[
editar] O Curso de Saussure
Ferdinand de Saussure é geralmente visto como o iniciador do estruturalismo, especificamente em seu livro de
1916 'Curso de Linguística Geral'. Ainda que Saussure fosse, assim como seus contemporâneos, interessado em linguísticas históricas, desenvolveu no Curso uma teoria mais geral de
semiologia (estudo dos signos). Essa abordagem se concentrava em examinar como os elementos da linguagem se relacionavam no presente ('sincronicamente' ao invés de 'diacronicamente'). Assim ele focou não no uso da
linguagem (o falar, ou a parole), mas no sistema subjacente de linguagem (
idioma, ou a langue) do qual qualquer expressão particular era manifestação. Enfim, ele argumentou que sinais linguísticos eram compostos por duas partes, um 'significante' (o padrão sonoro da palavra, seja sua projeção mental - como quando silenciosamente recitamos linhas de um
poema para nós mesmos - ou sua realização física como parte do ato de falar) e um 'significado' (o conceito ou o que aquela palavra quer dizer). Era totalmente diferente das abordagens anteriores à linguagem, que se focavam no relacionamento entre palavras e as coisas que elas denominavam no mundo. Concentrando-se na constituição interna dos sinais ao invés da sua relação com os objetos no mundo, Saussure fez da
anatomia, estrutura da linguagem, algo que pode ser analisado e estudado.
[
editar] Estruturalismo na Linguística
O Curso de Saussure influenciou muitos linguistas no período entre aa I e a II Grandes Guerras. Nos
EUA, por exemplo,
Leonard Bloomfield desenvolveu sua própria versão de linguística estrutural, assim como fez
Louis Hjelmslev na
Escandinávia. Na
França,
Antoine Meillet e
Émile Benveniste continuariam o programa de Saussure. No entanto, ainda mais importante, membros da Escola de Linguística de
Praga como
Roman Jakobson e
Nikolai Trubetzkoy conduziram pesquisas que seriam muito influentes.
O mais nítido e mais importante exemplo do estruturalismo da Escola de Praga encontra-se na fonética (estudo dos fonemas). Ao invés de simplesmente compilar uma lista dos
sons que ocorrem num idioma, a Escola de Praga procurou examinar como elas se relacionavam. Determinaram que o catálogo de sons em um idioma poderia ser analisado em termos de uma série de contrastes.
Por exemplo, em inglês as palavras 'pat' e 'bat' são diferenciadas devido ao contraste de sons do /p/ e do /b/. A diferença entre eles é que as cordas vocais vibram enquanto se diz um /b/ e não vibram quando se diz um /p/. Também no inglês existe um contraste entre consoantes pronunciadas e não-pronunciadas. Analisar sons em termos de características contrastantes também abre um espaço comparativo - deixa claro, por exemplo, que a dificuldade que falantes japoneses têm em diferenciar o /r/ do /l/ no inglês deve-se ao fato de esses dois sons não serem contrastantes em japonês. Enquanto essa abordagem é agora padrão em linguística, foi revolucionária na época. A fonologia viria a tornar-se a base paradigmática para o estruturalismo num diferente número de formas.
[
editar] Estruturalismo na Antropologia
Claude Lévi-Strauss é o expoente da corrente estruturalista na
Antropologia. Para fundá-la, Lévi-Strauss buscou elementos das ciências que, no seu entender, haviam feito avanços significativos no desenvolvimento de um pensamento propriamente objetivo. Sua maior inspiração foi a Lingüística estruturalista da qual faz constante referência, por exemplo, a
Jakobson.
Ao apropriar-se do pensamento estruturalista para aplicá-lo à Antropologia, Lévi-Strauss pretende chegar ao modus operandi do
espírito humano. Deve haver, no seu entender, elementos universais na atividade do espírito humano entendidos como partes irredutíveis e suspensas em relação ao tempo que perpassariam todo o modo de pensar dos seres humanos.
Nesta linha de pensamento, Lévi-Strauss chega ao par de oposições como elemento fundamental do espírito: todo pensamento humano opera através de pares de oposição. Para defender essa tese, Lévi-Strauss analisa milhares de
mitos nas mais variadas sociedades humanas, encontrando modos de construção análogos em todas.
[
editar] Estruturalismo na Filosofia da Matemática
Estruturalismo na matemática é o estudo de que
estruturas dizem o que um
objeto matemático é, e como a
ontologia (estudo do Ser) dessas estruturas deveria ser entendida. É uma filosofia crescente dentro da matemática que não deixa de ter sua porção de críticos. Em 1965,
Paul Benacerraf escreveu um ensaio intitulado: "O Que os
Números Não Poderiam Ser." É um artigo seminal em estruturalismo matemático, num estranho modo de dizer: ele iniciou o movimento pela resposta que gerou. Benacerraf endereçou uma noção em matemática para tratar enunciados matemáticos em valor nominal, e nesse caso estamos comprometidos a uma abstrata e eterna esfera de objetos matemáticos. O dilema de Bernacerraf é como nós viemos a saber desses objetos se não nos encontramos em relação casual com os mesmos. Esses objetos são considerados casualmente inertes ao mundo. Outro problema levantado por Bernacerraf são as múltiplas teorias de grupos que existem através da redução de teoria elementar dos números para teoria de grupos. Decidir qual das teorias é verdadeira não foi praticável. Benacerraf concluiu em
1965 que números não são objetos.
A resposta às reivindicações negativas de Benacerraf é como o estruturalismo tornou-se um programa filosoficamente viável dentro da matemática. O estruturalismo responde a essas reivindicações negativas que a
essência dos objetos matemáticos são relações em que os objetos sejam pacientes com as estruturas. Estruturas são exemplificadas em sistemas abstratos em termos de relações que contêm a verdade para aquele sistema.
[
editar] Estruturalismo no pós-Guerra
Após a
II Guerra Mundial, e particularmente nos anos 60, o estruturalismo emergiu à proeminência na França e foi a popularidade inicial do estruturalismo nesse país que o levou a se expandir pelo globo.
Durante as décadas de 40 e 50, o
existencialismo como era praticado por
Jean-Paul Sartre era o modo dominante. O estruturalismo rejeitava a noção existencialista de
liberdade humana radical e, ao invés disso, concentrava-se na maneira que o comportamento humano é determinado por estruturas culturais, sociais e psicológicas. O mais importante trabalho nesse sentido foi o volume de
1949 de 'As Estruturas Elementares do Parentesco' de Claude Lévi-Strauss. Lévi-Strauss havia conhecido Jakobson durante sua estada em Nova Iorque durante a II Guerra Mundial e foi influenciado tanto pelo estruturalismo de Jakobson quanto pela tradição antropológica americana. Em 'Estruturas Elementares' ele examinou os sistemas de relações de parentesco de um ponto de vista estrutural e demonstrou o quanto organizações sociais aparentemente diferentes eram de fato permutações de algumas poucas estruturas de parentesco. No final dos anos 50 ele publicou 'Antropologia Estrutural', uma coleção de ensaios que delineavam seu programa para o estruturalismo.
No início dos anos 60 o estruturalismo como movimento começava a andar com suas próprias pernas e alguns acreditavam que isso ofereceu uma singular abordagem unificada da
vida humana que poderia abraçar todas as disciplinas.
Roland Barthes e
Jacques Derrida se concentraram em como o estruturalismo poderia ser aplicado à literatura.
Jacques Lacan (e, de outro modo,
Jean Piaget) aplicaram o estruturalismo ao estudo da
psicologia, combinando Freud e Saussure. O livro de
Michel Foucault 'A Ordem do Discurso' examinou a história da ciência para estudar como estruturas de
epistemologia (teoria da ciência) davam forma a como as pessoas imaginavam o conhecimento e o saber (apesar de que Foucault, mais tarde, negaria explicitamente uma pretensa afiliação com o movimento estruturalista). Louis Althusser combinou Marxismo com estruturalismo para criar seu próprio tipo de análise social. Outros autores na França e no exterior têm desde então estendido a análise estrutural a praticamente toda disciplina.
A definição de 'estruturalismo' também mudou como resultado de sua popularidade. Como sua popularidade como movimento passava por altos e baixos, alguns autores se consideravam 'estruturalistas' e logo depois abandonavam o rótulo. Adicionalmente, o termo teve significados levemente diferentes em inglês e em francês. Nos EUA, por exemplo, Derrida é considerado o
paradigma do pós-estruturalismo enquanto na França é rotulado como estruturalista. Enfim, alguns autores escreveram em vários estilos diferentes. Barthes, por exemplo, escreveu livros claramente estruturalistas e outros que claramente não o eram.
[
editar] Estruturalismo na Psicologia
O estruturalismo define a psicologia como ciência da consciência ou da mente, definição herdada de
Wundt. Mostra-nos que a mente seria a soma dos processos mentais.
Edward Titchener afirmava que cada totalidade psicológica compõe-se de elementos. O objetivo da psicologia seria a tarefa de descobrir quais são os elementos mentais, o conteúdo e a maneira pela qual se estrutura. Três parâmetros estão em relação ao objeto: "o que é?" - através da análise se chega aos componentes da vida mental; "o como?" - a síntese mostra como os elementos estão associados e estruturados e que leis determinam essas associações; e "o por quê?" - investiga a causa dos fenômenos. Titchener afirma que, embora o sistema nervoso não seja a causa da mente, pode ser usado para explicá-la.
Titchener considera que os elementos ou as unidades que compõem o conteúdo da mente são as sensações, as imagens, as afeições e os sentimentos. Usa-se a
introspecção para chegar a eles, através de uma observação treinada e preparada para garantir os dois pontos essenciais de toda a observação: a atenção e o registro do fenômeno.
[
editar] Reações ao Estruturalismo
Hoje o estruturalismo tem sido substituído por abordagens como o
pós-estruturalismo e
desconstrutivismo. Há muitas razões para isso. O estruturalismo tem sido frequentemente criticado por ser não histórico e por favorecer forças estruturais determinísticas em detrimento à habilidade de pessoas individuais de atuar. Enquanto a turbulência
política dos anos 60 e 70 (e particularmente os levantes estudantis de
maio de 68) começou a afetar a academia, questões de poder e briga política tornaram-se o centro das atenções da população. Nos anos 80, o desconstrutivismo e sua ênfase na ambiguidade fundamental da língua - ao invés de sua estrutura cristalina
lógica - tornou-se popular. No final do século o estruturalismo era visto historicamente como uma importante escola de pensamento, mas eram os movimentos que ele gerou, e não o próprio estruturalismo, que detinham a atenção.