PCP: Nacionalização da banca comercial é
"imperativo nacional"
O PCP disse hoje que a nacionalização da banca
comercial é um "imperativo nacional" para o desenvolvimento e
soberania do país, falando do tema num documento enviado à imprensa com
posições sobre a situação vivida no BES.
"O PCP considera um imperativo nacional,
como forma de contribuir para o desenvolvimento e soberania nacionais, a
nacionalização da banca comercial, num quadro mais geral da nacionalização do
sector financeiro, como meio para assegurar o controlo público e a determinação
da ação deste sector pelo interesse nacional", escrevem os comunistas em
nota enviada às redações pelo seu gabinete de imprensa.
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(artigo revisto)
Sendo o crédito um instrumento financeiro de
vital importância para a base material de uma sociedade - a sua economia -
adquirindo, pois, devido a essa condição, o estatuto de um bem público, não há
razão nenhuma para que ele seja propriedade de privados, que acabam por fazer
prevalecer, na sua gestão, os seus interesses próprios e não os interesses da
comunidade. É o mesmo que entregar a propriedade e a gestão das Forças Armadas,
das Forças de Segurança e até a Justiça aos Belmiros, aos Espíritos Santos e
aos Melos.
Os bancos devem ser propriedade do Estado, que
terá de garantir-lhes uma gestão profissionalizada e eficiente e com a
independência necessária que os resguarde da influência subterrânea dos
interesses de lobies políticos e económicos. Os bancos devem ser os exércitos
da política financeira do Estado e não os agentes secretos das atividades
privadas de agiotagem especulativa.
Esta crise financeira planetária, que se iniciou
nos EUA em 2008, tendo, posteriormente, contagiado a Europa e a economia
mundial, e cujo trágico desenvolvimento futuro só ainda genericamente se poderá
prever, não teria ocorrido se os bancos estivessem sob o controlo da esfera
pública, isto, admitindo que os governos democráticos se encontram inteiramente
ao serviço do interesse do bem comum. A crise ocorreu, precisamente, porque os
bancos privados, que controlam a maior parte das atividades de crédito, atuaram
sem qualquer controlo na procura do lucro fácil, através da desenfreada
especulação bolsista, sobrepondo os interesses dos acionistas, relativamente
aos interesses dos cidadãos, que, através de uma manobra montada por
governantes a soldo do capital financeiro, tiveram de arcar com os respetivos
passivos. Nos EUA a transferência do dinheiro dos contribuintes foi feita às
claras, diretamente para os bancos, para os salvar da falência, e, na Europa,
por precaução, e a fim de evitar o risco da ocorrência de graves conflitos
sociais, com reflexos na estabilidade política do sistema, caso a mesma
operação de engenharia financeira fosse ensaiada, montou-se, para o mesmo fim,
um maquiavélico esquema de endividamento dos estados mais problemáticos,
através das instituições internacionais, para que estes estados, com segurança
- uma vez que se obrigaram, através das políticas de austeridade, a criar
excedentes - pudessem pagar as dívidas aos bancos privados dos países ricos da
Europa, e assim assumindo uma nova dívida, agora detida por aquelas instituições.
Por esta via, também se dava tempo aos bancos comerciais dos países da
periferia - onde se incluem os bancos portugueses, que se constituíram na ponta
terminal da cadeia especulativa, ligada ao setor imobiliário - para
equilibrarem os seus balanços e irem pagando as gigantescas dívidas contraídas
aos bancos comerciais dos países ricos (no caso de Portugal, os bancos mais expostos
à sua dívida privada, eram, principalmente, os bancos comerciais da Alemanha). Com
esta quadrangulação, entre os estados endividados e dos seus bancos comerciais,
as instituições da troika e os bancos credores dos países ricos, encontrou-se a
fórmula mágica para salvar da bancarrota estes últimos, que jogaram forte e
feio, durante duas décadas, na manobra especulativa do crédito fácil e induzido
(e altamente lucrativo) aos bancos comerciais e aos estados do sul da Europa.
Desta forma, ficou claro que são os portugueses
e os gregos que, através da austeridade imposta, estão a salvar os bancos
credores, principalmente os da Alemanha, que em 2009 estiveram à beira da
falência.
Por outro lado, e para evidenciar os malefícios
da banca privada, basta refletir sobre o que se passou no BPP, no BPN e, agora,
no BES, e que levam qualquer pessoa de bom senso e minimamente informada a concluir
que os banqueiros e os acionistas dos bancos não são pessoas de bem. Não são
flor que se cheire.
A nacionalização do crédito e a estatização dos
bancos são condições necessárias para o fortalecimento do Estado e para o desenvolvimento
da economia, constituindo esta exigência um verdadeiro imperativo patriótico.
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