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| Ilustração de Evelina Oliveira |
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio da escola um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
- Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia.
Carlos Drummond de Andrade. Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro, Nova Aguilar, 1988.
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Parei aqui, no blogue da Sara, e comecei a ler este texto com aquela sofreguidão que a fome de palavras desencadeia. Extasiei-me! Carlos Drummond de Andrade, através de um poema genial, encontrou a melhor definição de Poesia, entre todas aquelas que eu conheço. A história contada neste poema é, na verdade, um hino à Poesia.Alexandre de Castro
Retirado do blogue Etnografia de Circunstância(s)
http://etnografiacircunstancia.blogspot.pt/2012/06/o-diagnostico-do-dr-epaminondas.html#comment-form
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