Com óculos disfarça-se melhor |
No discurso de vitória (nas eleições para secretário-geral do PS), Seguro deixou um recado ao governo. O novo líder socialista afirmou que não vai aceitar uma revisão constitucional que ponha em causa os direitos laborais e o estado social. Assegurando a vontade de cumprir o acordo assinado com a troika, o novo secretário-geral do PS disse, porém, que o memorando “não suspende a política” e que apresentará “soluções alternativas de acordo com a declaração de princípios do partido”, criticando o novo imposto extraordinário, que classificou de injusto e de somar "austeridade à austeridade".
Jornal i
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Vira o disco e toca o mesmo. Na oposição diz-se uma coisa e quando se alcança o poder, faz-se outra. Durão Barroso e José Sócrates deixaram discípulos neste tipo de manipulação, ao sistematicamente utilizarem a mentira como arma política predilecta. Ambos juraram a pés juntos, antes das eleições, que não aumentariam os impostos. Para cúmulo do descaramento, foi a primeira medida que assumiram, logo que ocuparam o lugar de primeiro-ministro. Passos Coelho aprendeu a lição e repetiu a receita, escudado no memorando da troika, e decretando o maior esbulho aos rendimentos dos trabalhadores e dos pensionistas, ao mesmo tempo que isentava os rendimentos do capital (juros e dividendos). Se o actual governo incluísse os dividendos dos accionistas, obter-se-ia uma receita de 256 milhões de euros, mais do que os pensionistas e os trabalhadores independentes terão de pagar com a tributação do novo imposto.
Perante os constantes atropelos à ética republicana, perpetrada pela actual geração de políticos, aos quais recuso a concessão do benefício de um qualquer estado de graça inicial, considero que as palavras de António José Seguro não são para levar a sério. Na altura própria, surgirá um decisivo pretexto para dar a cambalhota.
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