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domingo, 31 de julho de 2011

História Essencial de Portugal - Volume I - Das Origens à Revolução de 1245-1248 - José Hermano Saraiva

História Essencial Portugal Vol.1 (1/6)

História Essencial Portugal Vol.1 (2/6)

  

História Essencial Portugal Vol.1 (3/6)



 História Essencial Portugal Vol.1 (4/6)
  
História Essencial Portugal Vol.1 (5/6)
  

 História Essencial Portugal Vol.1 (6/6)
 

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Embora não reconhecido pela comunidade académica, que lhe condena a sua visão personalista da História e um velado facciosismo ideológico em relação às personalidades mais progressistas de Portugal, ao mesmo tempo que desvaloriza os movimentos sociais no processo de emancipação das sociedades, privilegiando mais as lideranças iluminadas, José Hermano Saraiva não deixa, contudo, de ser uma figura importante no panorama intelectual do país. Como divulgador, através da RTP, onde projectou uma imagem de marca, difícil de apagar da memória dos portugueses, José Hermano Saraiva deixa também um importante espólio literário no domínio da História e do Direito.
Mas ele irá ser sempre recordado como divulgador da História de Portugal. Eu costumo dizer, em sua defesa, que foi através da sua intervenção mediática que a maioria dos portugueses aprendeu alguma coisa sobre a História de Portugal, proeza que não foi conseguida durante a fase da escolaridade, talvez devido a um erro metodológico, que não separa, individualizado-a, a aprendizagem da História de Portugal da da História Universal, com o válido argumento de valorizar as conexões dos factos históricos nacionais com os mundiais. Mas essa conexão acabaria por ser feita mais tarde, pelos próprios alunos, tal como acontecia nos meus tempos de liceu.
Conheci pessoalmente José Hermano Saraiva no Hospital de Santa Marta, onde ele foi assistido a um grave problema de saúde. As conversas mantidas com ele ultrapassaram o raio de acção daquelas que eram exigidas pelo desempenho da minha actividade profissional, a de assessor de imprensa daquele hospital. Na realidade, José Hermano Saraiva possui uma eloquência notável, e muito bem apoiada numa memória privilegiada. Não fugiu à questão da sua colaboração com o Estado Novo nem em discutir a questão melindrosa da sua acção como Ministro da Educação Nacional de Marcelo Caetano na repressão ao movimento estudantil de 1969. Embora não subscrevendo a sua posição, não deixo de respeitar a sua figurara de intelectual, e, naturalmente, omito os argumentos justificativos que o professor avançou. 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Os sete mandamentos do sistema


Quino, o cartoonista argentino autor da Mafalda, desiludido com o rumo deste século no que diz respeito a valores e educação, deixou impresso no cartoom o seu sentimento.  
A genialidade do artista faz uma das melhores críticas sobre a criação de filhos (e educação) nos tempos atuais.
Amabilidade de Pilar Vicente

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Os 25 mais ricos de Portugal aumentaram fortunas para 17,4 mil milhões

A fortuna dos 25 mais ricos de Portugal aumentou 17,8 por cento, somando 17,4 mil milhões de euros, revela a lista anual da revista Exame, liderada por Américo Amorim. Após três anos consecutivos de queda, os bilionários conseguiram aumentar os seus activos.
O mais rico é, desde há quatro anos, Américo Amorim. Os activos do accionista da Galp Energia e da corticeira Amorim cresceram 18,2 por cento face à edição do ano passado da lista da Exame e atingem, agora, os 2,6 mil milhões de euros.
Alexandre Soares dos Santos, presidente do conselho de administração da Jerónimo Martins, subiu do quarto para o segundo lugar.
PÚBLICO
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Aguarda-se um gesto patriótico desta gente. Eu presumo que eles estão escandalizados por o actual ministro das Finanças os ter ostensivamente marginalizado do grande esforço nacional para conseguir a redução do défice orçamental. Há quem diga que até chegaram a pensar em fazer uma greve de protesto e montar um acampamento no Rossio. Desistiram da ideia, quando o ministro das Finanças declarou ignorar que havia ricos em Portugal, pois na altura em que o convidaram para integrar o Governo disseram-lhe que apenas havia pobres, a viverem acima das suas possibilidades e que seria aí que ele deveria cortar.     

Estaleiros de Viana do Castelo: Três administradores recebem 362 mil euros por ano

Presidente da empresa pública é espanhol e tem direito a viagens de avião para ir a casa. Relatório de contas da empresa explica tudo.
Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo gastam anualmente 362 mil euros em vencimentos com três elementos do Conselho Executivo, sendo que ao presidente, espanhol, a empresa pública assegura ainda viagens aéreas ao país de origem. 
Os números constam do Relatório e Contas de 2010, a que a Agência Lusa teve esta terça-feira acesso, e onde se constata que o cargo de presidente executivo dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) corresponde a uma "remuneração global anual de 110.000 euros".
Este valor é acrescido dos "custos de utilização de veículo com aluguer máximo de 1.000 euros mensais, telefone móvel e despesas de alojamento em Viana do Castelo", lê-se.
O cargo de presidente executivo é ocupado actualmente pelo espanhol Francisco Gallardo, que ainda tem direito a um subsídio anual de 72.000 euros, por se encontrar "deslocado do seu país de origem", além do custo das despesas de alojamento em Viana e quatro viagens aéreas ao país de origem, "em classe económica, a utilizar em cada ano civil".
Ao administrador espanhol, que chegou à empresa há precisamente um ano, a empresa pagou em seis meses 41.157 euros de vencimentos, acrescidos, entre outros apoios, de 35.454 euros relativos ao subsídio por estar deslocado do país. Gallardo integrou inicialmente as funções de vogal executivo e passou já este ano a presidente.
Diário de Notícias
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Revoltante! Estas remunerações faraónicas e obscenas constituem um insulto à maioria do povo, que está a ser fustigado com medidas de austeridade desproporcionadas e injustas e de uma crueldade inclassificável. E são estes senhores que, todos os dias, vêm à televisão justificar a necessidade de se fazerem sacrifícios (não eles, claro). Com estes exemplos, pouco edificantes, que são a negação da democracia, o governo perde toda a autoridade de prosseguir o esbulho dos trabalhadores, dos desempregados e dos pensionistas. Basta de imoralidades e de injustiças!

Uma nova Era já começou...


Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução, uma nova Era já começou!
As pessoas andam um bocado distraídas! Não deram conta que há cerca de 3 meses começou a Revolução! Não! Não me refiro a nenhuma figura de estilo, nem escrevo em sentido figurado! Falo mesmo da Revolução "a sério" e em curso, que estamos a viver, mas da qual andamos distraídos (desprevenidos) e não demos conta do que vai implicar. Mas falo, seguramente, duma Revolução!
De facto, há cerca de 3 ou 4 meses começaram a dar-se alterações profundas, e de nível global, em 10 dos principais factores que sustentam a sociedade actual. Num processo rápido e radical, que resultará em algo novo, diferente e porventura traumático, com resultados visíveis dentro de 6 a 12 meses... E que irá mudar as nossas sociedades e a nossa forma de vida nos próximos 15 ou 25 anos... tal como ocorreu noutros períodos da história recente: no status político-industrial saído da Europa do pós-guerra, nas alterações induzidas pelo Vietname/ Woodstock/ Maio de 68 (além e aquém Atlântico), ou na crise do petróleo de 73.
Estamos a viver uma transformação radical, tanto ou mais profunda do que qualquer uma destas! Está a acontecer na nossa rua e à nossa volta, e ainda não percebemos que a Revolução já começou!
Façamos um rápido balanço da mudança, e do que está a acontecer aos "10 factores":

1º- A Crise Financeira Mundial : desde há 8 meses que o Sistema Financeiro Mundial está à beira do colapso (leia-se "bancarrota") e só se tem aguentado porque os 4 grandes Bancos Centrais mundiais - a FED, o BCE, o Banco do Japão e o Tesouro Britânico - têm injectado (eufemismo que quer dizer: "emprestado virtualmente à taxa zero") montantes astronómicos e inimagináveis no Sistema Bancário Mundial, sem o qual este já teria ruído como um castelo de cartas. Ainda ninguém sabe o que virá, ou como irá acabar esta história !...

2º- A Crise do Petróleo : Desde há 6 meses que o petróleo entrou na espiral de preços. Não há a mínima ideia/teoria de como irá terminar. Duas coisas são porém claras: primeiro, o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007 (ou seja, a alta de preço é adquirida e definitiva, devido à visão estratégica da China e da Índia que o compram e amealham!) e começarão rapidamente a fazer sentir-se os efeitos dos custos de energia, de transportes, de serviços. Por exemplo, quem utiliza frequentemente o avião, assistiu há 2 semanas a uma subida no preço dos bilhetes de... 50% (leu bem: cinquenta por cento). É escusado referir as enormes implicações sociais deste factor: basta lembrar que por exemplo toda a indústria de férias e turismo de massas para as classes médias (que, por exemplo, em Portugal ou Espanha representa 15% do PIB) irá virtualmente desaparecer em 12 meses! Acabaram as viagens de avião baratas (...e as férias  massivas!), a inflação controlada, etc...

3º- A Contracção da Mobilidade : fortemente afectados pelos preços do petróleo, os transportes de mercadorias irão sofrer contracção profunda e as trocas físicas comerciais (que sempre implicam transporte) irão sofrer fortíssima retracção, com as óbvias consequências nas indústrias a montante e na interpenetração económica mundial.

4º- A Imigração : a Europa absorveu nos últimos 4 anos cerca de 40 milhões de imigrantes, que buscam melhores condições de vida e formação, num movimento incessante e anacrónico (os imigrantes são precisos para fazer os trabalhos não rendíveis, mas mudam radicalmente a composição social de países-chave como a Alemanha, a Espanha, a Inglaterra ou a Itália). Este movimento irá previsivelmente manter-se nos próximos 5 ou 6 anos! A Europa terá em breve mais de 85 milhões de imigrantes que lutarão pelo poder e melhor estatuto sócio-económico (até agora, vivemos nós em ascensão e com direitos à custa das matérias-primas e da pobreza deles)!

5º- A Destruição da Classe Média : quem tem oportunidade de circular um pouco pela Europa apercebe-se que o movimento de destruição das classes médias (que julgávamos estar apenas a acontecer em Portugal e à custa deste governo) está de facto a "varrer" o Velho Continente! Em Espanha, na Holanda, na Inglaterra ou mesmo em França os problemas das classes médias são comuns e (descontados alguns matizes e diferente gradação) as pessoas estão endividadas, a perder rendimentos, a perder força social e capacidade de intervenção.

6º- A Europa Morreu : embora ainda estejam projectar o cerimonial do enterro, todos os Euro-Políticos perceberam que a Europa moribunda já não tem projecto, já não tem razão de ser, que já não tem liderança e que já não consegue definir quaisquer objectivos num "caldo" de 27 países com poucos ou nenhuns traços comuns!... Já nenhum Cidadão Europeu acredita na "Europa", nem dela espera coisa importante para a sua vida ou o seu futuro! O "Requiem" pela Europa e dos "seus valores" foi chão que deu uvas: deu-se há dias na Irlanda!

7º- A China ao assalto! Contou-me um profissional do sector: a construção naval ao nível mundial comunicou aos interessados a incapacidade em satisfazer entregas de barcos nos próximos 2 anos, porque TODOS os estaleiros navais do Mundo têm TODA a sua capacidade de construção ocupada por encomendas de navios... da China. O gigante asiático vai agora "atacar" o coração da Indústria europeia e americana (até aqui foi just a joke...). Foram apresentados há dias no mais importante Salão Automóvel mundial os novos carros chineses. Desenhados por notáveis gabinetes europeus e americanos, Giuggiaro e Pininfarina incluídos, os novos carros chineses são soberbos, réplicas perfeitas de BMWs e de Mercedes (eu já os vi!) e vão chegar à Europa entre os 8.000 e os 19.000 euros! E quando falamos de Indústria Automóvel ou Aeroespacial europeia...helás! Estamos a falar de centenas de milhar de postos de trabalhos e do maior motor económico,  financeiro e tecnológico da nossa sociedade. À beira desta ameaça, a crise do têxtil foi uma brincadeira de crianças! (Os chineses estão estrategicamente em todos os cantos do mundo a escoar todo o tipo de produtos da China, que está a qualificá-los cada vez mais).

8º- A Crise do Edifício Social : As sociedades ocidentais terminaram com o paradigma da sociedade baseada na célula familiar! As pessoas já não se casam, as famílias tradicionais desfazem-se a um ritmo alucinante, as novas gerações não querem laços de projecto comum, os jovens não querem compromissos, dificultando a criação de um espírito de estratégias e actuação comum e as ditas "paneleirices" em voga que pretendem a Adopção Plena...

9º- O Ressurgir da Rússia/Índia : para os menos atentos: a Rússia e a Índia estão a evoluir tecnológica, social e economicamente a uma velocidade estonteante! Com fortes lideranças e ambições estratégicas, em 5 anos ultrapassarão a Alemanha!

10º- A Revolução Tecnológica : nos últimos meses o salto dado pela revolução tecnológica (incluindo a biotecnologia, a energia, as comunicações, a nano tecnologia e a integração tecnológica) suplantou tudo o previsto e processou-se a um ritmo 9 vezes superior à média dos últimos 5 anos!

Eis pois, a Revolução!

Tal como numa conta de multiplicar, estes dez factores estão ligados por um sinal de "vezes" e, no fim, têm um sinal de "igual". Mas o resultado é ainda desconhecido e... imprevisível. Uma coisa é certa: as nossas vidas vão mudar radicalmente nos próximos 12 meses e as mudanças marcar-nos-ão (permanecerão) nos próximos 10 ou 20 anos, forçando-nos a ter carreiras profissionais instáveis, com muito menos promoções e apoios financeiros, a ter estilos de vida mais modestos, recreativos e ecológicos.
Espera-nos o Novo! Como em todas as Revoluções!
Um conselho final: é importante estar aberto e dentro do Novo, visionando e desfrutando das suas potencialidades! Da Revolução! Ir em frente! Sem medo.
Afinal, depois de cada Revolução, o Mundo sempre mudou para melhor!...

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Nota do editor:  Este texto, de autor desconhecido, foi recebido por email, e a sua data, não assinalada, deve reportar ao início do ano passado. No entanto, este óbice, se assim pode ser considerado, não lhe retira actualidade, bastando para tal ignorar as referências temporais nele contidas.
As alterações, em sequência vertiginosa, que estão a ocorrer, parecem apontar para o início de um outro ciclo longo da História, marcado por uma nova mudança geo-estratégica. Nascendo no longínquo Oriente, com as civilizações milenares da China e da India, o domínio civilizacional regressará a esse mesmo Oriente, durante o século XXI, depois de, durante alguns milénios, ter percorrido uma linha sequencial, que assentou arraiais na Mesoptâmia, no Egipto do faraós, na Finícia, nas colónias jónicas da Ásia Menor, na civilização grega, principalmente na ateniense, no Império Romano, que durou seis séculos, na civilização árabe, para depois iluminar o Ocidente, primeiro a Europa e depois os Estados Unidos, no que se designa por civilização ocidental. O declínio do Ocidente é evidente. Só não o enxerga quem não tem uma visão abrangente e dialéctica da História da Humanidade. Tal como a vida dos seres vivos, cada civilização nasceu com as suas inovações militares e técnicas, estabeleceu os seus valores e a sua cultura, e desenvolveu-se vigorosamente, exercendo um domínio absoluto sobre toda a sua área de influência, até atingir o zénite da sua maturidade, a partir do qual, iniciou a fase descendente até à sua inevitável agonia. E já muitos historiadores balizaram o início do declínio da civilização ocidental na actual crise económica e financeira, que também é uma crise política e social, e que ainda não tem fim à vista, imputando-lhe como causa o seu inevitável esgotamento, como se houvesse um mapa genético a comandar o seu destino histórico. Seleccionemos apenas uma das consequências, apontadas pelo autor do texto, a destruição da classe média. Nestes últimos três anos foi visível a depauperação das classes médias dos EUA e da Europa.

Turbulência pode voltar", diz líder do FMI


Christine Lagarde afirma que apesar da tensão nos mercados ter diminuido com o resgate à Grécia "as turbulências podem voltar facilmente" 
A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, advertiu ontem, segunda-feira, os países da zona euro que, apesar da tensão nos mercados ter diminuído com o novo resgate à Grécia, "as turbulências podem voltar facilmente".
Lagarde, que falava numa conferência em Nova Iorque, afirmou que o acordo alcançado na semana passada, em Bruxelas, "demonstra que os líderes europeus acreditam na zona euro e farão o que for necessário para assegurar o seu futuro".
O acordo, acrescentou, "foi bem-vindo para os mercados, como se pode ver no fortalecimento do euro e na descida do risco dos países periféricos".
No entanto, a ex-ministra francesa disse que os problemas orçamentais nos países europeus periféricos "revelaram riscos decorrentes de uma união económica e monetária incompleta", pelo que exortou os líderes da zona euro a "concretizarem com celeridade" os acordos alcançados na cimeira extraordinária da semana passada.
Os líderes europeus acordaram na quinta-feira, em Bruxelas, um novo pacote de ajuda financeira à Grécia, que inclui 109 mil milhões de euros da zona euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) e mais 50 mil milhões que serão suportados pelos bancos e pelas instituições financeiras detentoras de dívida pública grega.
Diário de Notícias
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O carro da UE está descomandado na descida e ameaça despenhar-se no desfiladeiro. Mais uma vez, os dirigentes da UE demoraram a encontrar uma solução (mesmo que precária) para o problema da dívida grega e, também, mais uma vez, encalharam na resolução de fundo desse problema, a necessária, avançando com meias medidas, que mais não significam do que o seu adiamento.
A Alemanha, que já está a ganhar com a situação (os bancos credores, em pouco anos, e devido à aplicação de taxas de juro especulativas, começam a recuperar grande parte dos seus créditos, ao mesmo tempo que as suas grandes empresas, algumas com participação do Estado, se posicionam em condições de preferência para abocanhar a parte mais apetecível do bolo das privatizações, que o governo grego já pôs em marcha) procura Não perder a liderança do processo a fazer prevalecer os seus pontos de vista. A manobra da senhora Merkel em exigir a participação voluntária dos bancos credores no novo pacote de assistência à Grécia, não passa disso mesmo. Uma manobra eleitoralista, a fim de passar para a opinião pública a ideia de que não são apenas os contribuintes alemães a pagar a factura. Não existem garantias que os bancos alemães embarquem na ideia, já que o seu envolvimento é voluntário e não terá de ser imediato. Se a situação na Grécia começar a deteriorar-se, o que é o mais provável, os bancos acabarão por não avançar.
O que está a acontecer na Grécia é uma antecipação do que irá ocorrer em Portugal nos próximos dois anos, se, entretanto, os dirigentes europeus não mudarem a sua obstinada estratégia em relação aos países do sul da Europa, optando por apoios para o seu desenvolvimento económico, em alternativa à imposição de prazos curtos para a correcção dos défices orçamentais, que se transformaram numa obsessão doentia, que só agrada aos credores (bancos, companhias de seguros e fundos de investimento). A proclamação patriótica de que Portugal não é a Grécia não passa de uma falácia. Cada vez mais a semelhança é mais evidente. Ao contrário do que  vem afirmando o actual ministro das Finanças, não é certo que a partir de 2013, ano em que se prevê a consolidação do défice orçamental (se não houver surpresas pelo caminho), o crescimento da economia venha a ter ganhos substanciais, que  criem os excedentes necessários para pagar a dívida. Uma vez chegados aí, ou mesmo antes, e tal como está a acontecer na Grécia, novas e brutais medidas de austeridade vão ser impostas, mas que já não irão ser recebidas pacificamente por uma população castigada por uma política suicida, que penaliza exclusivamente os rendimentos provenientes do trabalho e das pensões e poupa os rendimentos de capital, situação esta que o ministro da Finanças, com uma grande e descarada desfaçatez, classifica de universal e equitativa.

domingo, 24 de julho de 2011

Cenas eventualmente chocantes de uma crise: Os sacrifícios para todos


No passado dia 14, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, anunciou um imposto extraordinário sobre salários e pensões. Este corte, ou, melhor, este roubo no subsídio de Natal atingirá 1025 milhões de euros – 185 cobrados em 2012 e 840 já no final do ano. Destes, três quartos sairão dos bolsos dos trabalhadores e o restante dos pensionistas.
Portanto, o Governo PSD/CDS-PP pretende arrecadar, com a sobretaxa de IRS, 1025 milhões de euros. Mas, como já aqui sublinhámos, se aplicasse uma taxa de 20% nas transferências para os off-shores, a receita seria muito superior, na ordem dos 2200 milhões. Uma taxa de 0,2% sobre as transacções bolsistas representaria mais de 220 milhões. A cobrança de uma taxa efectiva de IRC  de 25% à banca aumentaria a receita fiscal em 300 milhões de euros
Taxar as mais-valias das SGPS em sede de IRS e as mais de 2600 empresas dediadas no off-shore da Madeira que, saliente-se, não pagam um euro de impostos, traria também receitas significativas. Todas estas propostas, recorde-se, foram apresentadas na última legislatura pelo grupo parlamentar do PCP. Todas elas foram chumbadas pelos três partidos (PS/PSD/CDS-PP) que se têm sucedido nos Governos do País.
“Medidas inevitáveis”, uma ova! É tudo uma questão de opção. Opção de classe.
António Vilarigues
PÚBLICO 22 de Julho de 2011
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É nas questões verdadeiramente estruturantes que se avalia a verdadeira natureza dos partidos. E, a este nível, o PS não se distingue dos dois partidos da direita.
A deriva da revolução de Abril deixou o campo livre à integração de Portugal no esquema do capitalismo financeiro internacional, o verdadeiro culpado e o grande responsável da deflagração da crise nos EUA, em 2008 (e do subsequente contágio da economia global), ao enveredar pelas gigantescas operações especulativas, das quais retirou incomensuráveis mais-valias. Para a tentar suster, os governos ocidentais, autênticas correias de transmissão dos centros financeiros internacionais, sediados principalmente em Londres e em Nova Iorque, e anunciando a toda a hora as madrugadas redentoras e os amanhãs que cantam, aplicaram aos trabalhadores, aos pensionistas e aos desempregados os respectivos custos. Nos EUA, os bancos falidos foram subsidiados pelos impostos dos cidadãos, o que lhes permitiu a reincidência no mesmo paradigma suicidário. Na Grécia e em Portugal (e brevemente em Itália e em Espanha), os governos aplicam penosas medidas de austeridade às respectivas populações, para que o sistema do capitalismo financeiro sobreviva, não se inquietando minimamente com as rupturas sociais, que estão a provocar.
Uma política equitativa de austeridade exigiria, no mínimo, que os rendimentos do capital fossem proporcionalmente integrados no actual esforço fiscal, aliviando as classes trabalhadoras, os pensionistas e os desempregados. Mas, em Portugal, é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um capitalista pagar os impostos devidos, na proporção do  valor dos seus rendimentos anuais.      

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento ao Humberto Baião, pela sua decisão de se inscrever como amigo deste blogue.

Seguro rejeita revisão constitucional para alterar leis laborais

Com óculos disfarça-se melhor
No discurso de vitória (nas eleições para secretário-geral do PS), Seguro deixou um recado ao governo. O novo líder socialista afirmou que não vai aceitar uma revisão constitucional que ponha em causa os direitos laborais e o estado social. Assegurando a vontade de cumprir o acordo assinado com a troika, o novo secretário-geral do PS disse, porém, que o memorando “não suspende a política” e que apresentará “soluções alternativas de acordo com a declaração  de princípios do partido”, criticando o novo imposto extraordinário, que classificou de injusto e de somar "austeridade à austeridade".
Jornal i
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Vira o disco e toca o mesmo. Na oposição diz-se uma coisa e quando se alcança o poder, faz-se outra. Durão Barroso e José Sócrates deixaram discípulos neste tipo de manipulação, ao sistematicamente utilizarem a mentira como arma política predilecta. Ambos juraram a pés juntos, antes das eleições, que não aumentariam os impostos. Para cúmulo do descaramento, foi a primeira medida que assumiram, logo que ocuparam o lugar de primeiro-ministro. Passos Coelho aprendeu a lição e repetiu a receita, escudado no memorando da troika, e decretando o maior esbulho aos rendimentos dos trabalhadores e dos pensionistas, ao mesmo tempo que isentava os rendimentos do capital (juros e dividendos).  Se o actual governo incluísse os dividendos dos accionistas, obter-se-ia uma receita de 256 milhões de euros, mais do que os pensionistas e os trabalhadores independentes terão de pagar com a tributação do novo imposto.
Perante os constantes atropelos à ética republicana, perpetrada pela actual geração de políticos, aos quais recuso a concessão do benefício de um qualquer estado de graça inicial, considero que as palavras de António José Seguro não são para levar a sério. Na altura própria, surgirá um decisivo pretexto para dar a cambalhota.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Agradecimento


O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Zen, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Afinal, o universo cósmico não "habita" no silêncio... Será possivelmente um silêncio ensurdecedor!...


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"Nesta fascinante charla, Janna Levin, - professora de física e de astronomia em Barnard, Universidade de Columbia, onde estuda a formação do universo, caos e buracos negros - afirma que o universo tem uma pista sonora - uma composição sonora que regista alguns dos acontecimentos mais dramáticos no espaço sideral".
Do blogmaton - Pedro de Azevado Peres
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Acima de tudo, assiste-se neste vídeo a uma grande lição de astronomia, e onde não falta o humor.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Agradecimento

 
O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Suelly, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

sábado, 16 de julho de 2011

Agradecimento

O editor do Alpendre da Lua manifesta o seu agradecimento à Sónia G. Micaelo, pela sua decisão de se inscrever como amiga deste blogue.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Funcionários sem gravata para poupar ar condicionado


A ministra da Agricultura, Mar e Ambiente vai dispensar os colaboradores de usar gravata para poder reduzir a utilização do ar condicionado e poupar na despesa da electricidade e na pegada ecológica.
"A manutenção do conforto dos colaboradores do ministério poderá ser obtida através da utilização de uma indumentária menos formal, dispensando por regra o uso da gravata", explica uma informação hoje divulgada pelo ministério de Assunção Cristas. Esta medida será adoptada no gabinete da ministra e dos secretários de Estado e em todos os edifícios do ministério para "reduzir a despesa global em eletricidade e a correspondente pegada ecológica, todos os anos, entre 1 de junho e 30 de setembro".
Diário de Notícias
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Não há nada melhor do que uma boutade, para se ser falado nos jornais. E quanto mais bizarra for a brincadeira, melhor. Esta medida não ocorreu aos representantes da troika, que, agora, devem estar roídos de inveja, com esta originalidade indígena.
No entanto, Assunção Cristas arrisca-se a ser contestada, ao lançar mais uma acha para a fogueira da luta pela igualdade de género, já que as mulheres não usam gravata. A inovadora medida poderá ser interpretada como uma tentativa de as excluir desta gloriosa jornada de contribuir para a poupança de uns míseros Km de electricidade. Já há quem diga que as funcionárias do Ministério da Justiça vão exigir que, nos meses da canícula, possam apresentar-se ao serviço, vestindo o bikini.

Avaliação de “lixo” é à dívida pública, não ao país, lembra o presidente da bolsa de Lisboa


O presidente da Euronext Lisboa, Luís Laginha de Sousa, defende uma “maior cultura financeira” quando se fala do corte de rating da dívida soberana de um país para um nível considerado junk pelas agências de notação. Por isso, insiste, transpor essa classificação para o país é “exagerado”.
PÚBLICO
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Exagerada e muito retorcida é a afirmação do presidente da Euronext, que, num exercício contorcionista para se manter no discurso politicamente correcto, procura desvalorizar a última apreciação feita pela agência de rating Moody's a Portugal. 
O principal objectivo das agências de notação financeira consiste em proceder à avaliação do potencial da economia do país que se apresenta no mercado para contrair empréstimos, e a sua real capacidade em os resolver no prazo estabelecido para a sua maturidade, calculando o risco de exposição a que submetem os credores, seus clientes, embora não sejam estes a pagar-lhes o serviço. E, para calcular este risco, servem-se de muitos indicadores económicos (dívida pública e privada, défice orçamental, perspectivas futuras de investimento privado e público, evolução do consumo e das exportações, assim como da evolução do desemprego e a criação dos novos empregos. Até o ambiente social poderá ser avaliado, no sentido de percepcionar a aceitação ou a resistência dos cidadãos às eventuais medidas de austeridade a serem tomadas pelos governos. Como aos credores apenas lhes basta saber o nível de confiança, que vem espelhado na tabela de avaliação, as agências também não publicitam o conteúdo de todas estas variáveis, para não complicar a leitura das suas conclusões. 
E toda esta análise abrangente diz respeito ao país e não apenas a um dos indicadores, como Laginha de Sousa, erradamente, diz.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Grito de uma professora revoltada!...


Professora, até ontem

O meu nome é Sónia Mano, até ontem era professora de Matemática na escola E.B. 2,3 de S. Torcato, em Guimarães (onde me encontrava a trabalhar com contrato a termo incerto). Hoje de manhã, por volta das 9h, recebi um telefonema da Secretaria da referida escola a informar-me de que o meu contrato de trabalho cessara no dia anterior.
Até aqui, poderá pensar-se... é uma coisa natural, mais uma professora dispensada do serviço após mais de seis meses de trabalho árduo com alunos oriundos de meios socioeconómicos muito desfavorecidos: Até eu estava já preparada para a eventualidade de receber a notícia nestes moldes. Mas e o que é feito do prazo legal de três dias para avisar um empregado de que o seu contrato vai terminar? Eu sou apenas mais uma das vítimas do Estado e da actual conjuntura que o país atravessa.
Mas o porquê do meu e-mail vai muito para além das queixas para com o sistema. É mais um grito, uma tentativa de que dêem algum tipo de atenção a certas situações que estão a acontecer neste país. Como eu, fo- mos várias as pessoas dispensadas hoje de manhã, ou melhor, informadas hoje de manhã de que o nosso contrato terminara no dia anterior. Não será isto mais uma vergonha do nosso país? Não há qualquer respeito pelos profissionais, nem pelo seu trabalho e esforço.
Mais acrescento, neste meu desabafo, que iniciei, a meio da semana passada, a correcção de EXAMES NACIONAIS do 9.º Ano! Este trabalho, não está concluído! Termina apenas amanhã, dia 8 de Julho. Entretanto, já amanhã, tenho uma reunião para aferição de critérios de avaliação, reu- nião essa de carácter obrigatório. E agora eu pergunto: O MEU CONTRATO DE TRABALHO E A MINHA LIGAÇÃO AO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO TERMINOU ONTEM. Como vão os alunos ter avaliação no referido exame? Quem vai suportar as despesas de deslocação de Vila Verde (minha residência oficial) até Guimarães?!
Hoje a minha vontade é não entregar os Exames, mas mais forte do que essa vontade é a necessidade de nunca prejudicar os alunos por causa de mais um erro do nosso sistema de ensino. Amanhã, eu irei suportar despesas de deslocação e voltarei a fazê-lo na sexta para entrega dos Exames. Durante esses dois dias, vou fazer uma aplicação criteriosa dos critérios de classificação. Mas precisava de fazer este desabafo: parem de chamar incompetentes aos professores portugueses, aqueles que lutam todos os dias por melhores condições numa escola cada vez mais pobre em valores, tais como a entre-ajuda e a solidariedade. Ajudem-nos a ajudar os vossos/nossos filhos a crescerem como cidadãos e, por favor, na luta pelos meus direitos enquanto trabalhadora/professora/EDUCADORA. Ajudem- -me a divulgar este caso que é apenas mais uma das vergonhas em que o nosso Estado está envolvido!
Tenho provas e documentos oficiais que comprovam cada uma das afirmações que estou a divulgar. Não sei mais onde me dirigir: é preciso que os portugueses saibam o que se está a passar numa escola pública de Portugal.
Sónia Mano
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Diário do Minho
QUINTA-FEIRA | 7 de Julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Notas do meu rodapé: A cabala contra as agências de rating esconde a natureza do sistema e as suas contradições


A vozearia levantada contra a agência de rating Moody's, a propósito da sua notação negativa dada a Portugal, roça o ridículo e ultrapassa o inimaginável. Assistiu-se nos últimos dias a um delirante coro de protestos, grotescos na forma e irracionais no conteúdo, que só tem paralelo, na história recente, com aquelas campanhas orquestradas contra o comunismo e a antiga União Soviética. A última "bacorada", publicada na imprensa de hoje, vem da comissária europeia para a Justiça, Viviane Reding, que propõe o desmantelamento das três principais agências de rating norte-americanas, a Standard and Poor’s, a Moody’s e a Fitch, como se fosse possível, à luz do Direito, extinguir desta forma bizarra uma empresa privada, sendo que, neste caso, tinha como agravante o facto de se tratar de três empresas sediadas num país estrangeiro, por sinal a maior potência do mundo. Mas, já antes, várias personalidades políticas e os comentadores encartados do sistema, alimentando por má fé esta campanha de intoxicação da sempre desprevenida opinião pública, caíram no ridículo bacoco, ao falarem de terrorismo e de uma guerra aberta entre o dólar e o euro, possivelmente desencadeada pelo governo do velho aliado da Europa, os Estados Unidos. Outros, perseguindo o mesmo objectivo de esconderem o sol com a peneira, avançaram com a ideia de que os dirigentes da União Europeia e os dos países periféricos deveriam assobiar para o lado e desvalorizar as notações financeiras daquelas agências.
Nestes últimos dias viveu-se um verdadeiro espírito de cruzada medieval, em que não faltou o apelo ao patriotismo primário dos tempos de Salazar. Procurou-se histericamente encontrar um inimigo externo que escondesse as fragilidades internas, as de Portugal e as da própria União Europeia. Estes patriotas de pacotilha são os mesmos que aplaudiram a aceitação passiva e humilhante, por parte de José Sócrates, Passos Coelho e Paulo Portas, do execrável memorando da troika, formada pela União Europeia, o Fundo Monetário Internacional e o Banco Central Europeu, e que ameaça o futuro de Portugal. De traidores declarados, pretendem agora alcançar o estatuto de impolutos patriotas. Até o inquilino de Belém entrou na festa e não sei se ele foi ao baú das recordações desenterrar a farda e os galões de alferes miliciano contabilista, do tempo da Guerra Colonial. O novo primeiro-ministro, Passos Coelho, que na demagogia parece não ficar atrás do seu predecessor, declarou que iria governar, ignorando por completo a opinião das agências de rating, como se esta afirmação as fosse beliscar no seu estatuto, levando os mercados financeiros a prescindirem do seu trabalho. É uma afirmação gratuita, uma mera bravata, já que os mercados financeiros é que impõem as regras aos políticos, baseados nas informações daquelas três agências. O próprio BCE não prescinde do seu parecer, também agregando agora o contributo da agência canadiana DBRS, para dar luz verde à compra de títulos de dívida pública dos estados membros, no mercado secundário. E, no entanto, existem no mundo muitas centenas de agências de rating (uma das quais é portuguesa, a Companhia Portuguesa de Rating, da empresa Saer) e que no seu conjunto apenas detêm 5% do negócio. E esta assimetria é fácil de explicar, pois a Standard and Poor's, a Moody's e a Fitch foram escolhidas  como referência, nos EUA, em 1975, pelo órgão regulador do sector, a Securities and Exchange Commission (SEC). Recorde-se que a União Europeia, há cerca de um ano, criou um regulador de agências de rating, a European Securities and Markets Authority (ESMA), cuja actividade parece ser, como os factos parecem demonstrar, totalmente irrelevante, tal como seria irrelevante criar uma agência de rating europeia, na qual os mercados financeiros não acreditariam, por serem demasiado evidentes os conflitos de interesses. Isto seria a mesma coisa de ver as associações empresariais portuguesas, desgostosas com as opiniões desfavoráveis da DECO, em relação a alguns produtos e serviços, a tomar a iniciativa de criarem uma associação independente(?) de consumidores. No mínimo, seria caricato.
Os furibundos ataques dirigidos contra as agências de rating deveriam ter sido canalizados contra o iníquo sistema financeiro internacional, cujos centros nevrálgicos estão sediados em Nova Iorque e em Londres e onde se organizou a gigantesca operação das actividades especulativas, as mais rentáveis fontes de rendimentos, atraindo capitais de todo o mundo, que teriam sido úteis para o desenvolvimento dos países da sua origem. Se os biliões de euros, provenientes dos lucros das grandes empresas, dos dividendos dos grandes accionistas e das mais valias bolsistas, não fossem anualmente exportados, através dos off-shores, para esses centros financeiros, Portugal não teria entrado em crise. Jogando à defesa, para esconder a fragilidade do euro, o tal gigante de pés de barro, que os países ricos da União Europeia pretendem salvar à custa dos países da periferia, os dirigentes políticos e os comentadores afectos ao sistema elegeram as agências de rating como bode expiatório, salvaguardando na sua denúncia as responsabilidades do grande capital financeiro e ocultando-lhe as suas contradições.
As agências de rating são as guardas avançadas do sistema e, naturalmente, estão imbuídas dos mesmos vícios dos clientes a quem prestam os seus serviços (desde a década de setenta, são os países devedores a pagar a factura do seu trabalho), empolando marginalmente as situações a seu favor.  E a sua função principal na vigilância da dívida soberana dos estados consiste em proceder à avaliação da capacidade da economia de cada país em assegurar, no futuro, o seu respectivo pagamento. Quem olhar para a economia portuguesa e para a sua evolução nos próximos anos, então completamente arruinada pelo rolo compressor das medidas de austeridade, perceberá facilmente que a situação de recessão irá prolongar-se por mais de uma década. Tal como os generais franceses e alemães pensavam em 1914, que o conflito iria ser resolvido numa questão de semanas (a I Grande Guerra Mundial durou quatro anos), também os actuais dirigentes europeus e os políticos e economistas neoliberais acreditam (ou simulam acreditar?) que a economia portuguesa, depois do empobrecimento da população, que provocará uma acentuada baixa do nível salarial dos trabalhadores, irá criar excedentes, através do incremento das exportações, gerando riqueza suficiente para pagar as dívidas contraídas e os seus juros exorbitantes. E é neste quadro normativo que as agências de rating elaboram as suas análises. Já em Abril deste ano a Standard and Poor's afirmava, e sem ter sido contestada, tal como foi a Moody nos últimos dias, que a economia terá de recorrer em 1913 ao empréstimos da UE (mais sacrifícios para os portugueses), através do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira, já que a economia irá contrair 3,2 por cento, até 2012. É uma quebra acentuada, que não se recupera de um ano para o outro.  E esta análise pessimista é corroborada por muitos economistas não alinhados, incluindo dois nobilizados, já aqui citados várias vezes.
Perante este quadro, impõe-se questionar quem são os verdadeiros terroristas.