A importância do novo aeroporto e do TGV
Temos por adquirido que ninguém coloca em questão a importância estratégica para a economia portuguesa da construção de um novo aeroporto e da rede do TGV. Um novo aeroporto, moderno e com grande capacidade de tráfego, responderia a um dos grandes objectivos, traçados há quinze anos para a Região de Lisboa e Vale do Tejo, e que consistia em elevar o centro de Portugal à categoria de porta de entrada da Europa, disputando a Madrid esse estatuto e primazia .
O TGV, ao colocar-nos na rota ferroviária europeia, e tal como já acontece com as auto-estradas, diminuiria os efeitos negativos da condição periférica do país, aumentando o potencial da sua integração no espaço europeu, com visíveis benefícios no domínio económico, social e cultural. E todos sabemos que, para além da herança histórica recebida, o atraso secular de Portugal só poderá ser explicado pelo seu afastamento em relação aos centros mais dinâmicos da Europa. As ideias, as modas, as técnicas, a tecnologia, as novidades culturais, e tudo o mais, aterram em Portugal, quando na Europa desenvolvida já estão em fim de ciclo, num desfazamento temporal que lhes encurta o prazo de validade, e condicionando os seus potenciais benefícios para o progresso e para o desenvolvimento . Para caracterizar bem esta asserção, poder-se-ia dizer que Portugal anda sempre em contra-ciclo, ou, utilizando outra metáfora,compra tudo em segunda mão, embora a situação actul não possa comparar-se à estagnação e ao estiolante isolamento, vivido antes do 25 de Abril.
Mas, com a ruptura provocada pela crise económica e financeira, a que se seguirá, inevitavelmente, uma profunda crise social e política, manda a prudência que a construção dessas duas gigatescas infra-estruturas, a exigirem um grande esforço financeiro, seja reequacionada, até porque todos os estudos de viabilidade económica encontram-se ultrapassados, já que foram realizados sob a expectativa de um quadro expansionista da economia mundial. Os indicadores respeitantes ao tráfego aéreo e ferroviário já não correspondem à realidade previsível, pondo-se assim em causa a rentabilidade do capital investido e o seu retorno. AC
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