Recuperar o emprego através de investimentos regionais e locais
Insistentemente, tem sido propalado que a construção do novo aeroporto e do TGV teria um impacto muito positivo na criação de postos de trabalho, directos e indirectos, o que é uma verdade elementar. No entanto, aqueles que sustentam esta afirmação, para defender a sua opção, omitem que a maioria dos postos de trabalho directos iriam ser preenchidos por uma nova vaga de emigrantes africanos, de custo mais baixo, estreitando, assim, a margem de manobra aos trabalhadores portugueses disponíveis.
Por outro lado, a grande incidência da incorporação de tecnologia estrangeira, principalmente no que diz respeito ao TGV, iria imediatamente beneficiar os países fornecedores, a França e a Alemanha, ficando Portugal a ter de ficar a aguardar pela ocorrência do efeito benéfico propiciado a estes países, ao nível do crescimento do seu PIB, e pelo deferido e consequente aumento da procura de produtos das indústrias exportadoras tradicionais de Portugal, por parte daqueles países, o que viria a beneficiar a sua balança comercial, através do aumento das exportações. Assim se compreende o aviso das instituições internacionais, quando os seus porta-vozes afirmam que a recuperação económica de Portugal vai ser mais lenta do que a das economias europeias mais importantes.
Para recuperar rapidamente o emprego e, por esta via, dinamizar a economia pela via do aumento do consumo interno, o aconselhável seria dispersar os investimentos públicos pelas várias regiões do país, numa proporcionalidade aproximada ao respectivo nível do desemprego, e vocacionados principalmente para a construção e reparação de escolas, de estradas e de outras infra-estruras públicas, de pequena e média envergadura.
Nesta opção, o endividamento do Estado seria menor, porque menores seriam os investimentos. A contrapartida positiva seria a recuperação rápida do emprego, o que deve constituir uma prioridade para qualquer governo.
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